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Ano B
6º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Tema do 6º Domingo do Tempo Comum
A liturgia do 6º Domingo do Tempo Comum apresenta-nos um Deus cheio de amor, de bondade e de ternura, que convida todos os homens e todas as mulheres a integrar a comunidade dos filhos amados de Deus. Ele não exclui ninguém nem aceita que, em seu nome, se inventem sistemas de discriminação ou de marginalização dos irmãos.
A primeira leitura apresenta-nos a legislação que definia a forma de tratar com os leprosos. Impressiona como, a partir de uma imagem deturpada de Deus, os homens são capazes de inventar mecanismos de discriminação e de rejeição em nome de Deus.
O Evangelho diz-nos que, em Jesus, Deus desce ao encontro dos seus filhos vítimas da rejeição e da exclusão, compadece-Se da sua miséria, estende-lhes a mão com amor, liberta-os dos seus sofrimentos, convida-os a integrar a comunidade do “Reino”. Deus não pactua com a discriminação e denuncia como contrários aos seus projectos todos os mecanismos de opressão dos irmãos.
A segunda leitura convida os cristãos a terem como prioridade a glória de Deus e o serviço dos irmãos. O exemplo supremo deve ser o de Cristo, que viveu na obediência incondicional aos projectos do Pai e fez da sua vida um dom de amor, ao serviço da libertação dos homens.
LEITURA I – Lev 13, 1-2.44-46
ATUALIZAÇÃO
• A primeira leitura do 6º Domingo do Tempo Comum não contém propriamente um ensinamento claro e direto acerca de Deus ou acerca do comportamento do homem face a Deus. No entanto, ela tem o seu valor e a sua importância: prepara-nos para entender a novidade de Jesus, essa novidade que o Evangelho de hoje nos apresenta. Jesus virá demonstrar que Deus não marginaliza nem exclui ninguém e que todos os homens são chamados a integrar a família dos filhos de Deus.
• Indiretamente, o nosso texto denuncia a atitude daqueles que, instalados nas suas certezas e seguranças, constroem um Deus à medida do homem e que atua segundo uma lógica humana, injusta, prepotente, criadora de exclusão e de marginalização. Não temos que criar um Deus que atue de acordo com os nossos esquemas mentais, com as nossas lógicas e preconceitos; o que temos é de tentar perceber e acolher a lógica de Deus.
• Indiretamente, o nosso texto convida-nos a repensar as nossas atitudes e comportamentos face aos nossos irmãos. Não será possível que os nossos preconceitos, a nossa preocupação com o legalismo, a nossa obsessão pelo politicamente correcto estejam a criar marginalização e exclusão para os nossos irmãos? Não pode acontecer que, em nome de Deus, dos “são princípios”, da “verdadeira doutrina”, das exigências de radicalidade, estejamos a afastar as pessoas, a condená-las, a catalogá-las, a impedi-las de fazer uma verdadeira experiência de Deus e de comunidade?
LEITURA II – 1 Cor 10, 31-11,1
ATUALIZAÇÃO
• A liberdade é um valor absoluto? Devemos defender e afirmar intransigentemente os nossos direitos em todas as circunstâncias? A realização dos nossos projetos pessoais deve ser a nossa principal prioridade? Paulo deixa claro que, para o cristão, o valor absoluto e ao qual tudo o resto se deve subordinar é o amor. O cristão sabe que, em certas circunstâncias, pode ser convidado a renunciar aos próprios direitos, à própria liberdade, aos próprios projetos porque a caridade ou o bem dos irmãos assim o exigem. Mesmo que um determinado comportamento seja legítimo, o cristão deve evitá-lo se esse comportamento faz mal a alguém.
• A propósito, Paulo refere o exemplo de Cristo, a quem todo o cristão – a começar pelo próprio Paulo – deve imitar. Na verdade, Cristo colocou sempre como prioridade absoluta os planos de Deus (“Abbá, Pai, tudo Te é possível; afasta de Mim este cálice! Mas não se faça o que Eu quero, e sim o que Tu queres” – Mc 14,36); e, apesar de ser “mestre” e “Senhor”, multiplicou os gestos de serviço e fez da sua vida uma entrega total aos homens, até à morte. É este mesmo caminho que nos é proposto… Cada cristão deve ser capaz de prescindir dos seus interesses e esquemas pessoais, a fim de dar prioridade aos projetos de Deus; cada cristão deve ser capaz de ultrapassar o egoísmo e o comodismo, a fim de fazer da sua própria vida um serviço e um dom de amor aos irmãos.
EVANGELHO – Mc 1 ,40-45
ATUALIZAÇÃO
• O nosso texto fala-nos de um Deus cheio de amor, de bondade e de ternura, que Se faz pessoa e que desce ao encontro dos seus filhos, que lhes apresenta propostas de vida nova e que os convida a viver em comunhão com Ele e a integrar a sua família. É um Deus que não exclui ninguém e que não aceita que, em seu nome, se inventem sistemas de discriminação ou de marginalização dos irmãos. Às vezes há pessoas (quase sempre bem intencionadas) que inventam mecanismos de exclusão, de segregação, de sofrimento, em nome de um Deus severo, intolerante, distante, incapaz de compreender os limites e as fragilidades do homem. Trata-se de um atentado contra Deus. O Deus que somos convidados a descobrir, a amar, a testemunhar no mundo, é o Deus de Jesus Cristo – isto é, esse Deus que vem ao encontro de cada homem, que Se compadece do seu sofrimento, que lhe estende a mão com ternura, que o purifica, que lhe oferece uma nova vida e que o integra na comunidade do “Reino” (nessa família onde todos têm lugar e onde todos são filhos amados de Deus).
• A atitude de Jesus em relação ao leproso (bem como aos outros excluídos da sociedade do seu tempo) é uma atitude de proximidade, de solidariedade, de aceitação. Jesus não está preocupado com o que é política ou religiosamente correto, ou com a indignidade da pessoa, ou com o perigo que ela representa para uma certa ordem social… Ele apenas vê em cada pessoa um irmão que Deus ama e a quem é preciso estender a mão e amar, também. Como é que lidamos com os excluídos da sociedade ou da Igreja? Procuramos integrar e acolher (os estrangeiros, os marginais, os pecadores, os “diferentes”) ou ajudamos a perpetuar os mecanismos de exclusão e de discriminação?
• O gesto de Jesus de estender a mão e tocar o leproso é um gesto provocador, que denuncia uma Lei iníqua, geradora de discriminação, de exclusão e de sofrimento. Com a autoridade de Deus, Ele retira qualquer valor a essa Lei e sugere que, do ponto de vista de Deus, essa Lei não tem qualquer significado. Hoje temos leis (umas escritas nos nossos códigos legais civis ou religiosos, outras que não estão escritas mas que são consagradas pela moda e pelo politicamente correcto) que são geradoras de marginalização e de sofrimento. Como Jesus, não podemos conformarmo-nos com essas leis e muito menos pautar por elas os nossos comportamentos para com os nossos irmãos.
• Mais uma vez, o Evangelho deste domingo propõe à nossa consideração a atitude dos líderes judaicos. Comodamente instalados no alto das suas certezas e preconceitos, eles perpetuam, em nome de Deus, um sistema religioso que gera sofrimento e miséria e não se deixam questionar nem desafiar pela novidade de Deus. Estão tão seguros e convictos das suas verdades particulares que fecham totalmente o coração a Jesus e não se revêem nas suas propostas. O sem sentido desta atitude deve alertar-nos para a necessidade de nos desinstalarmos e de abrirmos o coração aos desafios de Deus.
• O leproso, apesar da proibição de Jesus, “começou a apregoar e a divulgar o que acontecera”. Marcos sugere, desta forma, que o encontro com Jesus transforma de tal forma a vida do homem que ele não pode calar a alegria pela novidade que Cristo introduziu na sua vida e tem de dar testemunho. Somos capazes de testemunhar, no meio dos nossos irmãos, a libertação que Cristo nos trouxe?
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