Luxartclub |
PARA A DOUTRINA CRISTÃ A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA (a questão da alma imortal).
“Aquilo que o corpo principal da filosofia apenas supôs, os discípulos de Cristo aprenderam e proclamaram “(Clem. Prot. 11.112.2).
A importância da filosofia para a doutrina de
Clemente não deve ser procurada principalmente em suas declarações
complementares sobre as pessoas ou até mesmo acerca das ideias dos filósofos,
em especial Sócrates e Platão, mas, antes, na influência do médio platonismo em
seu pensamento acerca de doutrinas cristãs cruciais, como a natureza do homem e
da pessoa de Cristo (Clem. Str. 4.22, 144.2). Ele retratou o homem como um ser
dual, como o centauro da mitologia clássica, composto de corpo e alma (Clem.
Str. 4.3.9.4). Esta era a tarefa da vida inteira do “filósofo” cristão
“gnóstico”: cultivar a libertação da alma das cadeias do corpo, em preparação
para a libertação da alma das cadeias do corpo, em preparação para a libertação
suprema, a morte (Clem. Str. 4.3.12.5). Esta concepção apareceu até mesmo nas
declarações mais profundas de Clemente da doutrina cristã do homem como criatura
e pecador e se refletiram em suas acomodações à doutrina platônica da pré-existência da alma.
Uma ambivalência semelhante estava evidente em sua cristologia. Ele afirmou
reiteradamente a historicidade da encarnação e a realidade da carne de Jesus
(Clem. Prot.2.3.2); mas, por sua definição do que se constituída a verdadeira
humanidade ter sido desenvolvida sob os obstáculos que foi descrito, suas
declarações cristológicas, soam como docéticas. Parece evidente que Clemente
não era de fato um docetista, mas ele obscureceu a distinção entre o Logos e a
alma de uma maneira que podia levar nessa direção. Não a história da vida,
morte e da ressurreição de Jesus Cristo, mas o Logos divino que apareceu nessa
história era o tema da cristologia de Clemente. Ele parece falar com mais
facilidade sobre o modo de existência peculiar ao senhor ressurreto que acerca
do modo manifesto em seus sofrimentos. Um motivo para isso está no conceito de
Clemente da própria ressurreição, quer de Cristo quer dos cristãos. A percepção
médio platônica da alma imortal, às vezes, parecia a Clemente se igualar à
mesa, a despeito de outras indicações de que ele não considerava que a alma
fosse naturalmente imortal. Isso não era uma simples helenização do evangelho,
conforme deixam claro suas polêmicas contra o gnosticismo por essa helenização;
mas foi menos uma vitória da doutrina cristã sobre o pensamento grego do que
pareceu ser.
O QUE ATENAS TEM QUE VER COM JERUSALÉM?
(Tertuliano. Presc.7.9).
O fechamento da academia ateniense foi mais o
ato de um médico legista que de um algoz. O estabelecimento da universidade
imperial de Constantinopla, por Teodósio II ou talvez pelo próprio Constantino,
já tinha transferido o centro de aprendizado grego de Atenas para a nova
capital do mundo helênico e, assim, a escola pagã de Atenas “já tinha
sobrevivido aos seus propósitos” e “não era mais de grande importância no
império cristão” (Vasiliev 1958, 1:187). Os professores pagãos emigraram de
Atenas para a pérsia, mas, no fim, voltaram para o império tendo conseguido a
promessa de Justiniano de salvo conduto. A seguir os professores de filosofia
passaram a ser considerados tanto indesejáveis quanto inofensivos. A partir daí
concluíram que a teologia tinha eliminado a filosofia da atenção dos homens
ponderados: A filosofia é uma área de estudo que brotou da teologia. Ela se
torna sua subordinada e sua rival. Ela postulava doutrinas, em vez de
investigá-las. Tinha de encontrar a racionalidade ou encontrar motivos para
essas doutrinas. E durante eras mais tarde a filosofia esteve morta”.
É verdade que o estudo formal da filosofia
grega diminuiu com o surgimento da autoridade da teologia cristã
ortodoxa(católica). Dos escritos de Aristóteles poucos foram traduzidos para o
Latin. Boécio, o tradutor dessas obras, pretendia traduzir todas as obras de
Aristóteles e Platão para o Latin, sua intenção era “demonstrar que eles não
discordam em tudo conforme muitos sustentam, mas estão na maior harmonia
possível em muitas coisas que pertencem à filosofia” (Boec. Herm. Sec. Pr). Mas
os dois tratados lógicos foi tudo o que ele completou, ou preservado,
aparentemente, foi tudo que os cristãos ocidentais conheciam sobre Aristóteles.
Foi como teólogos que eles estudaram Aristóteles.
Boécio, cuja tradução de Aristóteles limita o
fim do pensamento clássico tanto quanto o fechamento quase contemporâneo da
escola de Atenas, também foi o autor de um livro que qualifica seriamente
qualquer interpretação do triunfo da teologia. Seu livro consolation of
philosophy [consolo da filosofia], “a mais nobre obra literária do final
do período da antiguidade” (Norden, 1898, 2:585) desempenhou um papel único na
história da literatura e devoção medievais. Os manuscritos da obra estão
amplamente distribuídos nas bibliotecas da Europa; ele foi traduzido pelo rei
Alfred, por Chaucer e talvez a rainha Elizabeth I; e forneceu conforto
para Dante Alighieri em seu luto pela morte de Beatrice. Boécio, vegetando na
prisão por traição e presumivelmente por sua fidelidade ao trinitarismo ortodoxo(católico),
desacatando um imperador Ariano, voltou-se para um antigo gênero de
literatura clássica, o discurso consolador ou consolatio (compaixão),
adaptado por Ciro a partir do modelo grego. Boécio parece ter sido o primeiro
teólogo cristão a usar o consolatio, mas o resultado foi uma forma de
consolação que retrata a operação do divino nos assuntos dos homens sem
qualquer referência inequívoca à doutrina cristã de Deus, quer ariana quer
nicena. O tema básico do livro era uma defesa do livre arbítrio e da bondade da
providência divina, sob cuja soberania o destino tem permissão de funcionar.
Boécio, em um diálogo com a filosofia personificada, expõe sua doutrina de Deus
como “o constante supervisor com conhecimento prévio, cuja percepção se move em
harmonia com a futura natureza de nossos atos enquanto distribui recompensa
para o bom e punição para o mau” (Boec.cons.5.6.45)
Apologistas da Fé Católica
Nenhum comentário:
Postar um comentário