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Redação (09/02/2021 10:30, Gaudium Press) Oito milhões de peregrinos chegam -em tempos normais sem pandemia- à Gruta de Massabielle, às margens do rio Gave, em Lourdes, região dos Pirineus da França. Levam suas enfermidades viajando dos lugares mais recônditos, sobem onde, a “Senhora vestida de branco”, apareceu em 18 oportunidades à rústica camponesa de 14 anos, Bernadette Soubirous. Tudo começou em 11 de fevereiro de 1858.
Maravilhosa força de atração testemunhada por milagres incríveis. A fim de eliminar dúvidas e demonstrar a insondável compaixão de Maria Santíssima, a Igreja instituiu um comitê médico que analisa os enfermos antes de serem banhados na água da fonte curativa. Já houve mais de seis mil curas inexplicáveis para a medicina; embora se considerem 64 os milagres reais indiscutíveis.
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“O milagre estava me esmagando”
Naquela época, um ímpio famoso escritor francês ficava incógnito, com a intenção de coletar informações para um livro contra os prodígios de Lourdes. Vendo a Fé fortalecida e a esperança que não se quebrava, ao voltar à Paris disse aos seus íntimos: “Fugi porque o milagre estava me esmagando”.
Elevado comentário fazia o Dr. Plinio Corrêa de Oliveira na década de 1960: “Lourdes concede ao enfermo tal conformidade com o sofrimento que não há notícia de alguém que, estando ali e não sendo curado, tomou uma atitude de rebeldia. Pelo contrário, as pessoas voltam aos seus lares imensamente resignadas, satisfeitas por terem podido fazer sua visita à célebre gruta dos milagres e contemplar a bondade de Maria para com os outros infortunados que não estão com elas”.
Aparições de Nossa Senhora em Lourdes e Fátima
Lourdes ocupa uma posição de grandeza entre as aparições dos últimos dois séculos junto a Fátima. Ambas têm uma profunda ligação, nos fazem pressentir o prometido Reino do Imaculado Coração de Maria. Em Fátima, a Virgem adverte ao mundo sobre a alarmante decadência moral pela qual estava entrando. Em Lourdes, vemos a expressão de graças marianas, através de conversões e curas portentosas, a ponto de ser considerada sinônimo de milagres.
Não deixam de ter uma pitada de mistério sobre “segredos” comunicados. Em Fátima três segredos são conhecidos até o momento. Em Lourdes, a vidente recebeu “três segredos”, além do pedido de sofrer por “um grande pecador”, que ela não identifica.
Transcorria o século XIX, um novo mundo de tecnologia, dinheiro e invenções, influenciava a vida dos homens, quimeras que colocavam os ensinamentos evangélicos de lado.
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Uma das maiores vitórias de Nossa Senhora contra o demônio
Bem afirmava o Dr. Plinio que: “Lourdes é uma das manifestações mais extraordinárias da luta de Nossa Senhora contra o demônio, visto que esta aparição se deu no auge das perseguições e desprezos movidos pelo anticlericalismo do século XIX para enfraquecer a Igreja”.
Era o pontificado do Beato Pio IX que, para combater esta onda de soberbo ateísmo que avançava sobre os corações, proclamou o Dogma da Imaculada Conceição em 1854. Inspiração especial confirmada do Céu pelas aparições de Lourdes, quando Bernadette vislumbrou uma Senhora: “vestida de branco, um véu também branco, um cinto azul e uma rosa amarela em cada pé”.
Uma Senhora de poucas palavras
Se nos voltarmos àqueles momentos, e percorrermos as aparições na singular Gruta, encontraremos poucas palavras -ao menos as conhecidas- que a Santíssima Virgem transmite, e os difíceis momentos pelos quais passa esta simples camponesa. Uma forte oposição tentou acabar com essa singular “aventura”.
Até a terceira aparição, a imagem será muda; momentos de oração -a única coisa que Bernadette conhecia era o rosário- e de contemplação silenciosa. Ela começará a se comunicar com Bernadette, não em francês, mas no dialeto local, o patois. Ela pede orações e sacrifícios pelos pecadores, manda cavar a fonte com as mãos, “pede aos padres que construam uma capela. Quero que todos venham em procissão”. Nas diversas aparições foi a Santíssima Virgem dizendo: “Quero que venha aqui muita gente”, “peça a Deus pelos pecadores! Penitência, penitência, penitência!”.
Os assistentes não viam a “Senhora”, mas sentiam a Sua presença e se comoviam com os êxtases da vidente. A afluência do público aumentou, o comissário proibiu ir à Gruta. Eram tempos de pressão do ateísmo sobre a religiosidade popular.
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Um manancial de milagres
As pessoas pedem provas, como sempre. A Senhora lhe indica onde cavar com sua mão, fazer um buraco, do qual sairia uma fonte. Bernadette bebeu, molhando o rosto também, ficando enlameada. Todos eles zombaram dizendo que ela tinha enlouquecido. Oh, misteriosos desígnios de Deus! O entusiasmo sensível diminui, os espectadores ficam desencantados. Era 25 de fevereiro.
Ali surgiu a fonte dos milagres mais conhecida pela humanidade, símbolo das inesgotáveis graças concedidas a todos os que ali vão em peregrinação. A água, analisada por destacados químicos, é: virgem, muito pura, natural, sem propriedades térmicas, nenhuma bactéria sobrevive a ela. Está comprovado: um após o outro, pacientes de todos os tipos, tomam banho nas piscinas de Lourdes e não se contaminam com nada.
Três semanas depois, no dia 4 de março, a mensageira “anônima”, por insistência de Bernadete e a pedido do pároco, revelou quem ela era: “Eu sou a Imaculada Conceição”, título raro para os homens e mulheres do momento.
Os segredos de Lourdes
Mas o “mistério” de Lourdes está centrado nas aparições de 23, 24 e 25 de fevereiro, nas quais “a Senhora de branco” lhe comunica três segredos. Dia 23, um que só diz respeito a ela e que ela não podia revelar a ninguém, e uma oração que lhe fez repetir, mas que ela não queria que fizesse conhecer. No dia 24 lhe revelou um segredo pessoal e depois desapareceu. No dia 25, lhe disse: “minha filha, quero confiar-te apenas a ti o último segredo; como os outros dois, você não os revelará a ninguém neste mundo”.
A última aparição, em 16 de julho, ocorreu discretamente. Foi à distância, separada pelas águas do Rio Gave e o povo que não permitia o comissário se aproximar da gruta.
Em certos momentos, de sua dolorosa agonia, se ouviu dizer que o oferecia em reparação pelo “grande pecador”. A irmã assistente lhe perguntou e ela respondeu colocando o dedo na boca em sinal de silêncio.
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Bernadette cumpriu sua missão
Com o passar dos anos sua pessoa foi diminuindo, a gruta, com sua fonte e seus milagres, passaram ao primeiro plano. Bernadette em 1866 deixa Lourdes. Ela havia cumprido sua missão. Cumpriu, com grande dedicação, todos os sofrimentos e obstáculos colocados pelo demônio durante esta etapa. Entra na vida religiosa, “nunca imaginei que sofreria assim”, dizia ela nas terríveis provações que padeceu; nada a fez sofrer mais do que algumas freiras de sua comunidade. Exumado seu corpo, em 1933, ele permaneceu incorrupto. Se convenceram de que era “uma vítima expiatória de seus três segredos” e do “Grande Pecador”, que nunca revelou a ninguém, segundo as palavras do historiador Pierre Claudel em seu livro” O Mistério de Lourdes”.
Por Padre Fernando Gioia, EP
Traduzido por Emílio Portugal Coutinho
(Publicado originalmente em La Prensa Gráfica de El Salvador, 7-2-2021).
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