Vale do Juruá (AC) | VaticanNews |
O
Acre está sofrendo “as pragas do Egito”, disse o Pe. Massimo Lombardi que atua
no bairro pobre de Rio Branco, chamado Cidade do Povo. Além das consequências
da pandemia de Covid-19, dengue, malária, desemprego e fome, as enchentes estão
desabrigando milhares de famílias na região do Vale do Juruá: “estamos vivendo
a maior enchente da história. Na última quinta-feira (18), o rio ultrapassou os
14 metros”, nos contou o bispo italiano em Cruzeiro do Sul, dom Flavio
Giovenale.
Andressa Collet - Vatican News
O bispo de Cruzeiro do Sul, no Acre, em plena
Amazônia brasileira, dom Flavio Giovenale comenta a situação vivida na região
do Vale do Juruá há uma semana: “estamos vivendo desde sábado, 13 de fevereiro,
a maior enchente da história. Na última quinta-feira (18), o rio Juruá
ultrapassou os 14 metros”. A água invadiu as casas e deixou mais de 30 mil
pessoas desabrigadas, desabafou o prelado.
O próprio Instituto Nacional de Meteorologia
(Inmet) havia emitido um alerta laranja nesta sexta-feira (19), sobretudo às
cidades do Vale do Acre e do Juruá, de perigo relacionado ao acumulado de
chuvas no Acre. A previsão de mais chuvas gera risco de alagamentos,
deslizamentos de encostas e transbordamentos de rios. Ainda na terça-feira
(16), o governador do Acre, Gladson Cameli, tinha decretado situação de
emergência devido à cheia dos rios citando cidades como a de Cruzeiro do Sul.
A diocese local está colaborando com a Defesa
Civil, os Bombeiros e as prefeituras da região, “organizando campanhas de
doação de alimentos, roupas, kits de limpeza e participando da acolhida de
famílias que foram obrigadas a deixar as suas casas e não têm parentes que
possam ajudar”, revelou ainda dom Flavio.
O bispo italiano afirmou ainda que, graças às
cestas adquiridas com a ajuda da REPAM/MISEREOR, estão conseguindo enfrentar as
consequências geradas pela primeira fase de uma situação de enchente como essa.
Dessa forma, dom Flavio comentou que estão “orientando a vivência da Quaresma
na dimensão da caridade no sentido de ajudar as famílias atingidas pela
enchente. Com a oração, pedimos a ajuda de Deus para frear o avanço das águas e
o fim da emergência”.
As pragas do Egito
Além da enchente e da pandemia, no último mês a
malária e a dengue também voltaram com força no Acre. “Nós estamos sofrendo
atualmente as pragas do Egito”, disse Pe. Massimo Lombardi, que atua no Bairro
Cidade do Povo, em Rio Branco, capital que também já teve a situação de
emergência reconhecida por causa das consequências das chuvas: uma enxurrada no
dia 9 de fevereiro deixou 40 bairros atingidos pelas águas de igarapés que
transbordaram. Ele também é italiano e está há mais de 45 anos no Brasil:
“Temos
as enchentes do rio e dos igarapés com cerca de 38 bairros que já estão debaixo
das águas e a prefeitura e a Defesa Civil estão preparando as áreas para alojar
as famílias desabrigadas. Na Área Missionária onde eu moro e trabalho, temos um
centro comunitário que diariamente recebe pessoas que chegam aqui, apresentando
as necessidades mais urgentes, como a alimentação.”
O
Pe. Massimo disse que já cadastraram 720 famílias que estão recebendo ajuda
pelos motivos mais diversos e que, através da ajuda de empresários, conseguem
distribuir de segunda a sexta-feira, sempre às 17h, “240 sopas em quatro
lugares diferentes da Cidade do Povo”, além de doar cestas básicas quando
recebem em caridade. Só nos último 3 meses, contou satisfeito o padre italiano,
foram distribuídas 15.660 sopas. “Que a solidariedade, a partilha e a
oração possam nos dar a garantia de uma vitória”, finalizou o Pe. Massimo
Lombardi.
A disbruição diária de sopas às famílias Bairro Cidade do Povo, em Rio Branco VaticanNews |
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