Ed. Cléofas |
O discipulado é um dado cristológico, bíblico, em referência ao seguimento do Senhor Jesus Cristo e a fazer discípulos e discípulas para o Reino de Deus, para a Igreja. Como hoje a Igreja fala do discipulado, vejamos em alguns padres da Igreja como era conhecido, o discipulado
Santo Inácio de Antioquia, bispo do século I, afirmou que o discipulado era a unidade com o Senhor pela entrega de sua própria vida. Ele solicitou à comunidade dos romanos para que nada o impedisse para assim ser pasto das feras, por meio das quais lhes era concedido alcançar a Deus. Ele queria ser trigo de Deus, e seria moído pelos dentes das feras, para que se apresentasse como trigo puro de Cristo. Dessa forma, afirmou Santo Inácio que seria discípulo verdadeiro de Jesus Cristo, quando o mundo não visse o seu corpo. Ele pedia que os romanos suplicassem a Cristo por ele para ele fosse vitima oferecida a Deus[1]. O Bispo de Antioquia pedia à comunidade dos romanos que rezassem por ele, para que pudesse alcançar a meta, de ser unido com o Senhor pelo martírio[2].
O autor da Carta a Diogneto, século II afirmou que os cristãos não se distinguiam das outras pessoas, nem por terra, nem por língua ou por costumes. Eles não moravam em cidades próprias, nem falavam língua estranha, nem tinham algum modo especial de vida. Os cristãos viviam em cidades gregas e bárbaras, adaptavam-se aos costumes do lugar quanto à roupa, ao alimento e ao resto testemunhavam um modo de vida social admirável. Eles viviam em sua pátria, mas como forasteiros: participavam de tudo como cristãos e suportavam tudo como estrangeiros. Toda pátria estrangeira era pátria deles, e cada pátria era estrangeira[3].
Ainda nesta Carta há o aspecto dos cristãos que seguiam a nova religião, ressaltando-se o dom de que as pessoas foram formadas à imagem de Deus, e assim o Senhor enviou seu Filho Unigênito na qual anunciou o reino do céu, e o dará a todos que o tiverem amado[4]. O autor ainda aprofundou o ponto de que muitos foram instruídos pelos apóstolos, que por sua vez foram discípulos dignos na Verdade, Jesus Cristo. De fato, quem foi instruído e gerado pelo Verbo amável, procura com clareza o que o mesmo Verbo mostrou aos seus discípulos[5].
A linhagem humana
Santo Agostinho, bispo de Hipona, Norte da África, séculos IV e V afirmou que a geração humana foi iluminada pela obra de Cristo, pela sua missão no mundo. É impossível não perceber que as coisas mudaram a partir do Senhor e de sua Igreja. A estirpe humana recebeu uma iluminação pela presença do Verbo encarnado e o anúncio do evangelho pelo mundo. A geração humana abandonou os falsos deuses, reduzidos a pedaços, as suas imagens, derrubados os templos, erradicados tantos ritos vãos, e agora é invocado o único e verdadeiro Deus. Tudo isso veio através do homem e Deus, Jesus Cristo que foi desprezado, preso, crucificado pelos homens, mas que ressuscitou dos mortos e caminha com o seu povo.
Santo Agostinho continuou a sua reflexão no sentido que os discípulos de Jesus, por Ele eleitos foram ao mundo, na difusão de sua doutrina entre os simples, os ignorantes, entre os pecadores, pecadoras, publicanos, também tiveram presentes o anúncio de sua ressurreição e a sua ascensão sustentando que eles viram essas realidades e que cheios do Espírito Santo, anunciaram a boa nova em todas as línguas. O ponto que ficou claro é que foi através deles que ouviram, muitos acreditaram enquanto outros não acreditaram e perseguiram os discípulos do Senhor pelas suas pregações.
Atitudes dos discípulos
Muitos fiéis morreram pela causa do discipulado no Senhor. Santo Agostinho afirmou que era admirável os fiéis que combateram até a morte pela sua verdade, não se vingando pelo mal, mas suportando-o; não matando, mas morrendo venceram o mal, em tal modo que se converteram a nova religião homens e mulheres, os pequenos e os grandes, os estudiosos e os que não tinham conhecimentos das coisas, os sabedores e os simples, os poderosos e os fracos, os do alto e os humildes.
A difusão da Igreja
Segundo Santo Agostinho a Igreja se difundiu entre as gentes os povos pela verdade a ser anunciada que é o Senhor Jesus Cristo de modo a gloriar-se do nome de Cristo de modo que a defender a sua doutrina anunciada pela comunidade eclesial, a Igreja[6].
[1] Cfr. Inácio aos Romanos, 4,1-2. In: Padres Apostólicos, Paulus, São Paulo, 1995, pg. 105.
[2] Cfr. Idem, 8,3, pg. 107.
[3] Cfr. Carta a Diogneto, 5, 1-5. In: Padres Apologistas, Paulus, São Paulo, 1995, pgs. 22-23.
[4] Cfr. Idem, 10,1-2, pg. 27.
[5] Cfr. Idem, 11, 1-2, pg. 28.
[6] Cfr. Agostino di Ipona, La fede in ciò che non si vede, 7,10. In: La teologia dei padri, v. 2. Città Nuova Editrice, Roma, 1982, pg. 58.
CNBB
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