Omar Montenegro/Panama 2019/Flickr |
A palavra "proselitismo" refere-se ao zelo que alguém despende para converter os outros às suas ideias e especialmente à sua crença religiosa. Os cristãos que se engajam na evangelização se esforçam para desenvolver uma estratégia real para "alcançar" o maior número possível de pessoas. Proselitismo e evangelização, então, são a mesma coisa?
Foi em 1599 que foi fundada em Roma a Congregação pro Propaganda Fide, com o objetivo de “propagar” a fé cristã no mundo, especialmente na América que acabava de ser descoberta. Essa palavra está na origem da palavra “propaganda”, que passou a designar todos os meios implementados para divulgar desde as ideias de um partido político aos benefícios de um tratamento de spa.
Anteriormente, a palavra “prosélito” designava na Grécia um estrangeiro que viera se estabelecer no país e, entre os judeus, um pagão que, após se interessar pela religião de Israel, acabou adotando todas as suas observâncias – incluindo a circuncisão. Posteriormente, a palavra “proselitismo” designou o zelo que alguém desdobra para converter os outros às suas ideias e, em particular, à sua crença religiosa. Hoje, a palavra é frequentemente usada em um sentido depreciativo para estigmatizar a atitude daqueles que traçam estratégias para converter tantas pessoas quanto possível – voluntariamente ou pela força – às suas crenças.
Mas não é isso que os cristãos estão fazendo hoje ao se engajarem na nova evangelização? Eles também se empenham em desenvolver uma estratégia real para “alcançar” o maior número possível de pessoas: eles não hesitam em ir de porta em porta, pregar o Evangelho na rua, distribuir folhetos na saída das entradas do metrô para convidar os transeuntes para um evento religioso. Eles usam todas as técnicas de comunicação modernas para alcançar os que estão próximos e os que estão longe. Qual é a diferença então entre proselitismo e evangelização?
O objetivo da evangelização não é persuadir alguém sobre a excelência de uma doutrina
A diferença essencial vem do fato de que a evangelização não visa antes de tudo persuadir alguém sobre a excelência de uma doutrina, mas fazê-lo encontrar o Cristo vivo, presente no seio de sua Igreja. Também gostamos de fazê-lo descobrir alguns aspectos da Boa Nova que Deus veio nos revelar e porque acreditamos que ele é verdadeiramente nosso Salvador e Senhor!
A segunda diferença é que os cristãos estão convencidos de que somente Deus pode converter corações e que sua conduta não deve contradizer o evangelho que proclamam. A atitude prosélita, em sua aceitação negativa, acredita apenas em seus esforços, busca apenas convencer, sem ceder a Deus, até mesmo o servindo de contraponto. Como alguém pode acreditar na palavra de um cristão, por exemplo, se ele mostra uma irritação ao ver o pequeno número de pessoas que conseguiu alcançar?
Numa noite de inverno, São Francisco de Sales foi pregar em uma paróquia de Chablais (Suíça). Na plateia havia apenas uma pessoa de certa idade. São Francisco faz seu sermão como se uma multidão estivesse ali: gostava de dizer que uma alma era um campo grande o suficiente para semear a palavra de Deus! E foi assim que um pastor protestante foi convertido ao ouvir o sermão dado com entusiasmo na frente de uma única pessoa em uma igreja vazia e fria! A fecundidade de um apóstolo não se mede pelo número de evangelizados!
Aleteia
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