Alberto PIZZOLI / AFP |
"O importante é que cada um de nós descubra aquela que serve para si neste momento".
Uma conversão para cada estágio da vida foi o enfoque geral da primeira pregação desta Quaresma 2021 aos membros da Cúria Romana. As meditações são dirigidas pelo cardeal Raniero Cantalamessa, que é o pregador da Casa Pontifícia.
“Convertei-vos e crede no Evangelho!” foi o tema da pregação desta sexta, 26 de fevereiro, durante a qual o cardeal destacou três momentos distintos da conversão, com base no Novo Testamento:
“Juntas, as três passagens nos dão uma ideia completa do que é a metanoia evangélica. Há uma conversão para cada estágio da vida. O importante é que cada um de nós descubra aquela que serve para si neste momento”.
1ª conversão: “Convertei-vos e crede no Evangelho”
A primeira conversão está no chamado de Nosso Senhor já no início da Sua pregação:
“Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).
O cardeal comentou que, antes de Jesus, converter-se era sempre um “voltar atrás”: era um dar-se conta de que se estava “fora do rumo” e uma reconsideração de voltar à aliança com Deus. Essa conversão tem um matiz de sacrifício, renúncia: mudar costumes, deixar algo de lado… Com Jesus, porém, converter-se não significa mais voltar à antiga aliança e à observância da lei, mas “dar um salto adiante e entrar no Reino, agarrar a salvação que veio aos homens gratuitamente, por livre e soberana iniciativa de Deus”.
2ª conversão: “Se não vos tornares como crianças, não entrareis no Reino dos Céus”
Quando os discípulos perguntam a Jesus quem seria o maior no Reino dos Céus, Ele responde:
“Em verdade vos digo: se não vos converterdes e não vos tornares como crianças, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 18,1-3).
Trata-se, segundo o cardeal, da conversão de quem já entrou no Reino, já acreditou no Evangelho e já está a serviço de Cristo. A discussão sobre quem é o maior revela, no entanto, que a preocupação maior não é o reino, e sim ambições relativas ao próprio lugar dentro do reino. Isto causa “rivalidades, suspeitas, confrontos, frustração”. Mas Jesus muda completamente esta perspectiva: é preciso sair do centro de si mesmo e recolocar Cristo no centro.
Fazer-se criança é voltar à descoberta de que somos chamados:
“Tornar-se criança, para os apóstolos, significava voltar a ser como eram no momento do chamado às margens do lago ou no posto de arrecadação: sem pretensões, sem títulos, sem confrontos entre si, sem invejas, sem rivalidades. Ricos apenas de uma promessa (“Eu vos farei pescadores de homens”) e de uma presença, a de Jesus; voltar para quando ainda eram companheiros de aventura, não concorrentes pelo primeiro lugar”.
3ª conversão: superar a mediocridade e a tibieza
Mencionando uma das sete cartas às Igrejas do Apocalipse, o cardeal refletiu:
“Das sete cartas do Apocalipse, a que deve nos fazer refletir mais do que as outras é a carta à Igreja de Laodiceia. Sabemos do seu tom severo: ‘Conheço as tuas obras. Não és frio, nem quente… Porque és morno, nem frio nem quente, eu te vomitarei da minha boca. Sê zeloso, pois, e arrepende-te” (Ap 3,15ss). Trata-se, aqui, da conversão da mediocridade e da tibieza”.
O cardeal Cantalamessa finalizou recorrendo ao auxílio de Nossa Senhora
“Pela sua oração, a água se converteu em vinho. Peçamos que, pela sua intercessão, a água da nossa tibieza se converta no vinho de um renovado fervor. O vinho que, em Pentecostes, provocou nos apóstolos a embriaguez do Espírito e os tornou ‘fervorosos no Espírito'”.
Aleteia
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