Papa Francisco viaja para o Iraque | Vatican News |
"E
vou até vocês como peregrino de paz, para repetir: "Sois todos
irmãos" (Mt 23,8). Sim, vou como peregrino da paz em busca de
fraternidade, animado pelo desejo de rezar juntos e caminhar juntos, também com
irmãos e irmãs de outras tradições religiosas, unidos pelo pai Abraão, que
reúne em uma só família muçulmanos, judeus e cristãos”, disse o Papa Francisco
aos iraquianos um dia antes de sua viagem.
Vatican News
"Irmãos e irmãs de todas as tradições
religiosas. Desta terra, há milênios, Abraão começou a sua viagem. Hoje cabe a
nós continuá-la, com o mesmo espírito, caminhando juntos pelos caminhos da
paz!
“Sois todos irmãos” é o lema da 33ª Viagem
Apostólica do Papa Francisco, que o leva desta vez como mensageiro de paz ao
Iraque. Antes de deixar a Casa Santa Marta, pouco antes das 7 horas, o Santo
Padre teve um encontro com 12 refugiados iraquianos, atendidos pela Comunidade
de Santo Egídio e pela Cooperativa Auxilium. Presente no encontro o Esmoler
Pontifício, cardeal Konrad Krajewski.
Após, o Papa dirigiu-se ao Aeroporto de Fiumicino,
em Roma, onde o aguardava para as despedidas Dom Gino Reali, bispo da Diocese
de Porto-Santa Rufina, sob cuja jurisdição está o Aeroporto Internacional.
Depois de subir as escadas do avião com máscara protetora, e carregando sua
valise preta com livros e objetos pessoais, Francisco saudou parte da
tripulação e acenou para os presentes no Aeroporto.
O avião decolou às 7h45. A bordo do voo, acompanha
a viagem uma imagem de Nossa Senhora de Loreto. O séquito papal é formado,
entre outros, pelo cardeal secretário de Estado Pietro Parolin, pelo prefeito
da Congregação para as Igrejas Orientais, cardeal Leonardo Sandri e pelo
grão-mestre da Ordem Equestre do Santo Sepulcro, ex-núncio no Iraque e
especialista em assuntos de Oriente Médio, cardeal Fernando Filoni.
Os 74 jornalistas que acompanham o Pontífice no
avião da Alitália serão saudados brevemente durante viagem de ida e, na volta,
como de costume, dirigirão perguntas ao Pontífice, na já habitual entrevista ao
término de cada Viagem Apostólica.
O voo AZ 4000 do A330 da Alitália deverá aterrissar
no Aeroporto Internacional de Bagdá ao meio-dia, hora local (+2 horas em
relação à Itália), após percorrer 2.947 km em 4h30 e sobrevoar Grécia, Chipre,
Israel, Jordânia, além de, naturalmente, Itália e Iraque. O Papa será recebido
pelo primeiro-ministro, com quem manterá um breve encontro e a quem presenteará
um Trítico, uma medalha de prata e uma edição especial da "Fratelli
tutti".
O telegrama ao Presidente Mattarella
No momento de deixar o território italiano, o Santo Padre enviou o habitual telegrama ao Presidente da República Sergio Mattarella com o desejo de prosperidade e serenidade estendido a toda a população. Em resposta o agradecimento do Chefe de Estado e a ênfase de que a presença do Papa no Iraque "representa para as martirizadas comunidades cristãs daquele país e de toda a região, um testemunho concreto de proximidade e de paterna solicitude". Mattarella também destacou que a visita iraquiana é "um sinal de continuidade após a Viagem Apostólica aos Emirados Árabes Unidos" e "mais um passo no caminho traçado pela declaração sobre a fraternidade humana".
A imagem de Nossa Senhora de Loreto a bordo do voo papal Vatican News |
Bagdá, primeira etapa da visita
A capital da República do Iraque, foi fundada em
762 pelo califa abásside al-Mansur, no local onde o curso do rio Tigre se
aproxima ao Eufrates, em uma das áreas culturais mais antigas da humanidade, a
Mesopotâmia.
A posição favorável para o comércio e a administração
do território permitiu que a cidade crescesse e prosperasse até se tornar um
dos centros culturais mais importante do mundo. Do esplendor alcançado pelos
abássidas, ainda temos ecos nas histórias de "As Mil e Uma Noites",
em grande parte ambientadas na cidade, que pelos maravilhosos palácios e
jardins era conhecida como a "cidade da paz".
Foi ali que ele nasceu, como biblioteca privada do
califa abássida Harun al Rashid (Harune Arraxide), a Bayt al-Haikma, a
"Casa da Sabedoria", ampliada mais tarde por seu filho e sucessor al
Ma'mun, um dos lugares de estudo mais conhecidos da história. Partindo de uma
biblioteca privada, este lugar expandiu-se cada vez mais, tornando-se público e
dando a oportunidade aos estudiosos de consultar mais de meio milhão de livros.
A Bayt al Hikmah representou no mundo o mais importante
centro de conhecimento por vários séculos. No entanto, não sobreviveu às
devastações sofridas pela capital abássida: incêndios, guerras civis e, por
fim, a invasão devastadora dos mongóis liderados pelo sobrinho de Genghis Khan,
Hülegü. Com o fim do Califado, no século XIII, teve início a decadência de
Bagdá.
Saqueada pelos mongóis em 1258, destruída por Timer
em 1400, passou a fazer parte do Império Otomano em 1638, até o século XX,
sendo ocupada posteriormente pelos britânicos, durante a Primeira Guerra
Mundial.
Em 1932, com a independência, voltou a ser um
importante centro cultural no mundo árabe, e na década de 1970, graças ao
petróleo, conheceu um período de prosperidade, que terminou definitivamente
após o conflito com o Irã, as Guerras do Golfo, a queda do ditador Saddam
Hussein e ocupação militar em 2003.
Bagdá, cujo nome parece derivar do antigo persa
"Bagh" e "Dad", ou "presente de Deus", pela forma
perfeitamente circular do seu núcleo original, sempre foi definida como
"Cidade Redonda". Ali, dentro de três círculos de muros concêntricos,
Al-Mansur construiu seu palácio, o opulento Golden Gate Palace, com
uma cúpula verde mais de 40 m de altura, e a adjacente Grande Mesquita.
Na cidade atual, abundam os monumentos construídos
por ordem de Saddam Hussein, para celebrar sua figura e suas vitórias. Entre os
principais, o Arco de Mãos da Vitória, o Monumento ao Soldado Desconhecido, e o
monumento Al-Shaheed, que comemoram a Guerra Irã-Iraque.
Hussein também mandou construir algumas mesquitas,
entre as quais a mesquita Umm al-Mahare, ou "Mãe de todas as
batalhas", na periferia, cujos minaretes têm a forma de fuzis Kalashkinov
e mísseis Scud; a mesquita kazimayn, localizada a noroeste de Bagdá, típico
exemplo de arte islâmica, onde são conservados os túmulos dos Imames venerados
por muçulmanos xiitas. E no bairro de Bab al-Sheik, a mesquita al-Qadiriya, que
já foi uma escola Alcorão.
Marcos
de referência da capital, separados pelo rio Tigre, são o Santuário Khadhimiya
e a Mesquita Abu Hanifa, em Adhamiya, uma das mais importantes mesquitas
sunitas na capital; o Palácio de Saddam Hussein, construído por sua vontade em
1988 em uma colina no alto da cidade; o Museu Nacional iraquiano - fundado em
1926 pela arqueóloga e viajante britânica Gertrude Bell, conhecida como a
"Rainha de Bagdá" - o qual, em 2003, após a invasão estadunidense,
foi saqueado de suas preciosas antiguidades, que datam de mais de 5.000 anos; o
zoológico construído em 1971, que em 2003 foi completamente devastado, mas
agora acessível novamente; os bairros característicos de Karrada e Al Mansour;
e o mercado histórico de Shorja, o maior souk ao ar livre da cidade, que
remonta à era abássida.
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