Visita do Papa Francisco ao Iraque | ALETEIA |
"Não esqueçamos jamais que Cristo é anunciado sobretudo com o testemunho de vidas transformadas pela alegria do Evangelho".
O Papa Francisco afirmou hoje que a religião deve servir a causa da paz e da unidade entre todos os filhos de Deus.
Em seu encontro com o clero, na Catedral de Bagdá, o Papa recordou o atentado terrorista que, em 2010, matou 58 pessoas nessa catedral.
A sua morte lembra-nos fortemente que o incitamento à guerra, os comportamentos de ódio, a violência e o derramamento de sangue são incompatíveis com os ensinamentos religiosos. E quero recordar todas as vítimas de violências e perseguições, pertencentes a qualquer comunidade religiosa.
O Papa fez um agradecimento ao clero e aos católicos “pelo vosso empenho de serdes operadores de paz dentro das vossas comunidades e com os crentes doutras tradições religiosas, espalhando sementes de reconciliação e convivência fraterna que possam levar a um esperançoso renascimento para todos”.
O remédio contra o desânimo
Em meio a tantas dificuldades que vivem os católicos no Iraque, o Papa pediu que o povo não se deixe contagiar pelo “vírus do desânimo”.
O Senhor deu-nos uma vacina eficaz contra este vírus mau: é a esperança; a esperança, que nasce da oração perseverante e da fidelidade diária ao nosso apostolado. Com esta vacina, podemos prosseguir com energia sempre nova, para partilhar a alegria do Evangelho como discípulos missionários e sinais vivos da presença do Reino de Deus, Reino de santidade, justiça e paz.
Quanta necessidade tem o mundo ao nosso redor de ouvir esta mensagem! Não esqueçamos jamais que Cristo é anunciado sobretudo com o testemunho de vidas transformadas pela alegria do Evangelho. Como vemos pela antiga história da Igreja nestas terras, uma fé viva em Jesus é «contagiosa», pode mudar o mundo. O exemplo dos Santos mostra-nos que seguir Jesus Cristo «não é algo apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de cumular a vida dum novo esplendor e duma alegria profunda, mesmo no meio das provações».
Guerras e perseguições
O Papa Francisco reconheceu que as dificuldades fazem parte da experiência diária dos fiéis iraquianos.
Nas últimas décadas, vós e os vossos concidadãos tivestes de enfrentar os efeitos da guerra e das perseguições, a fragilidade das infraestruturas básicas e uma luta contínua pela segurança económica e pessoal, que muitas vezes levou a deslocamentos internos e à migração de muitos, inclusive cristãos, para outras partes do mundo. Agradeço-vos, irmãos bispos e sacerdotes, por terdes permanecido junto do vosso povo – junto do vosso povo –, apoiando-o, esforçando-vos por satisfazer as carências das pessoas e ajudando cada um a fazer a sua parte ao serviço do bem comum. O apostolado educativo e o sociocaritativo das vossas Igrejas Particulares constituem um recurso precioso para a vida quer da comunidade eclesial quer da sociedade inteira. Animo-vos a perseverar neste compromisso, a fim de garantir que a Comunidade Católica no Iraque, apesar de pequena como um grão de mostarda (cf. Mt 13, 31-32), continue a enriquecer o caminho do país no seu conjunto.
Comunidade de irmãos e irmãs
O Papa afirmou que o amor de Cristo “pede-nos para colocar de lado qualquer tipo de egocentrismo e competição; impele-nos à comunhão universal e chama-nos a formar uma comunidade de irmãos e irmãs que se acolhem e cuidam mutuamente”.
Vem-me ao pensamento a imagem familiar dum tapete. As diversas Igrejas presentes no Iraque, cada qual com o seu secular património histórico, litúrgico e espiritual, são como tantos fios de variegadas cores que, entrelaçados conjuntamente, compõem um único belíssimo tapete, que não só atesta a nossa fraternidade, mas remete também para a sua fonte, pois o próprio Deus é o artista que idealizou este tapete, que o tece com paciência e prende cuidadosamente querendo-nos sempre bem entrelaçados entre nós, como seus filhos e filhas.
Esteja sempre no nosso coração esta exortação de Santo Inácio de Antioquia: «Nada haja entre vós que possa dividir-vos (…), mas fazei tudo em comum: uma só oração, uma só prece, uma só alma, uma só esperança na caridade e na santa alegria» (Ad Magnesios, 6-7: PL 5, 667). Como é importante este testemunho de união fraterna num mundo que se vê frequentemente fragmentado e dilacerado pelas divisões! Todo o esforço feito para construir pontes entre comunidades e instituições eclesiais, paroquiais e diocesanas aparecerá como gesto profético da Igreja no Iraque e como resposta fecunda à oração de Jesus para que todos sejam um só (cf. Jo 17, 21; Ecclesia in Medio Oriente, 37).
O Papa disse ainda que pastores e fiéis, sacerdotes, religiosos e catequistas partilham – embora de maneira diferente – a responsabilidade de continuar a missão da Igreja.
Às vezes é possível que surjam incompreensões e podem-se experimentar tensões: são os nós que dificultam a tecedura da fraternidade. E trazemo-los dentro de nós mesmos; aliás somos todos pecadores. Mas estes nós podem ser desenlaçados pela graça, por um amor maior; podem ser desenvencilhados pelo perdão e o diálogo fraterno, carregando pacientemente os fardos uns dos outros (cf. Gal 6, 2) e animando-se mutuamente nos momentos de provação e dificuldade.
Aleteia
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