S. João Clímaco, Escola de Novgorod |
Na montanha divina
Os monges do Monte Sinai pediram-lhe
para assumir o cargo de hegúmeno (guia) do seu mosteiro. Assim, João voltou a
viver como cenobita. Neste cargo, demonstrou uma grande sabedoria, em matéria
de fé, a ponto de a sua fama se espalhar para fora dos muros do mosteiro, até
chegar a Roma. Em uma Carta, o Papa Gregório Magno recomendou suas orações para
si e aumentou os auxílios para os religiosos.
Ao receber o cargo de Vigário do Papa em Constantinopla, durante os anos
579-585/6, manteve contatos amigáveis com muitos padres do Sinai, com os quais
se correspondia.
Poucos anos depois, João deixou o mosteiro e, saudoso da vida eremítica,
decidiu retirar-se em solidão, vindo a falecer no ano 650.
A Escada do Paraíso
A sua obra - em grego - que o levou a
ser famoso entre a cristandade, intitulada Κλίμαξ του Παραδείσου (Escada do
Paraíso ou Escada da Ascensão Divina), o tornou conhecido, entre as gerações
futuras, como João Clímaco.
Sua obra pode ser definida um verdadeiro Tratado de vida espiritual, porque
indica como atingir o amor perfeito. Com efeito, João desenvolve um caminho de
trinta degraus - correspondente aos anos da vida particular de Cristo – que se
articula em três etapas.
A primeira é a ruptura com o mundo e o retorno à infância evangélica, ou seja,
tornar-se crianças, em sentido espiritual, mediante a inocência, o jejum e a
castidade.
A segunda é a luta espiritual contra as paixões: cada degrau corresponde a uma
paixão, indica a terapia e propõe uma sua virtude. Porém, o autor afirma que as
paixões não são negativas em si, mas se tornam assim por causa do mau uso que a
liberdade humana faz delas. De fato, indica: “As paixões, se forem purificadas,
revelam ao homem o caminho para Deus, com energias unificadas por meio da
ascese e da graça”.
A terceira etapa do caminho para o “paraíso” é a perfeição cristã, que se
desenvolve nos últimos sete degraus da Escada, os estados mais altos da vida
espiritual, que podem ser experimentados por quem atinge a quietude e a paz
interior.
Dos últimos sete degraus, os primeiros três são representados pela
simplicidade, a humildade e o discernimento. Sobre este último, João Clímaco
esclarece: “Como guia e norma de todas as coisas, depois de Deus, devemos
seguir a nossa consciência”.
O último degrau da Escada consiste na sobriedade do espírito, alimentada pelas
virtudes da fé, da esperança e da caridade. Esta última é representada também
como Eros - amor humano – e, portanto, como união matrimonial da alma com Deus:
a força do amor humano pode ser reconduzida a Deus e uma sua intensa
experiência pode levar a alma ao amor perfeito, mais do que a dura luta contra
as paixões.
Nas últimas páginas da Escada do Paraíso, João Clímaco escreve: “A primeira
virtude é parecida com um raio; a segunda, com a luz; e a terceira com um
círculo”. Ele conclui sua obra exaltando a caridade como “mãe da paz, fonte de
sabedoria e raiz da imortalidade e da glória... estado dos anjos e vantagem do
século”.
Link:
https://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/it/audiences/2009/documents/hf_ben-xvi_aud_20090211.html
Vatican News
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