Dom Paulo Cezar Costa | Arcebispo de Brasília |
A PALAVRA DO PASTOR
+ Dom Paulo Cezar Costa
Queremos Ver Jesus
Alguns gregos vão adorar em Jerusalém, aproximam-se de Filipe e lhe pedem: “Senhor, queremos ver Jesus” (Jo 12, 21). Como esses gregos, também o coração de todo ser humano traz em si este desejo profundo de ver Jesus. Com o verbo “ver”, está expresso todo o desejo, a abertura que há no ser humano para a face de Deus, toda inquietação que o coração humano traz na busca de sentido. Em cada ser humano há uma busca de sentido, há um projeto de sentido da vida (W. Kasper, Fede e Storia, 128). Uma pessoa que não encontra esse sentido torna-se vazia, solitária. Somente onde encontra o sentido, o ser humano pode aceitar a si mesmo, aos outros e reconciliar-se com a realidade. Somente na experiência de sentido, e por meio desta, o homem chega ao “ser-total” e à salvação da própria existência. O sentido experimentado e realizado seria, então a salvação do ser humano (W. Kasper, Fede e Storia, 129). Somente em Jesus Cristo, morto e ressuscitado o ser humano pode encontrar o verdadeiro sentido da vida. Ele é o enviado do Pai, o grão de trigo que, morrendo, produziu vida, e vida eterna. Ele é a resposta aos anseios mais profundos do coração humano.
É preciso nos encontrarmos com a beleza de Cristo, com a sua densa humanidade, com a sua mensagem sobre o Reino de Deus, com a sua surpreendente liberdade, com o seu anúncio da misericórdia aos pecadores, aos excluídos da sociedade de então, com a sua intimidade sem igual com o Pai, manifestada em tantos textos do NT e principalmente pela expressão Abbá. Jesus nos revela os mistérios mais profundos do Reino com a linguagem simples das parábolas. Ele é o grão de trigo que caiu na terra e morreu pela nossa salvação (Jo 12, 24), com a sua morte e ressurreição Ele nos salvou.
A fé nasce do encontro pessoal com Cristo. É a experiência do encontro com Cristo que muda a vida do ser humano. O quarto Evangelho enfatiza esta realidade dos encontros pessoais com Cristo, encontros que mudam a vida das pessoas (a Samaritana, Nicodemos, os discípulos e outros). A fé não é uma filosofia, uma ideia: é encontrar-se com uma Pessoa viva, Jesus Cristo. Jesus Cristo que nos coloca em comunhão com o Pai e nos dá o dom do Espírito Santo. O encontro com Jesus Cristo coloca o discípulo num processo de seguimento. “Se alguém quer me servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo” (Jo 12, 26). Seguir Jesus implica um caminho de configuração a Ele, onde o discípulo vai buscando tomar a fisionomia de Jesus e vai fazendo da vida um dom de amor e de serviço, como Jesus. O discípulo tem a certeza de que onde o Filho está ele também estará e será honrado pelo Pai (Jo 12, 26).
A fé é um caminho bonito de encontro e segmento de Jesus Cristo. O caminho da fé realiza a existência humana nesta vida e abre a nossa existência para uma dimensão de eternidade, de vida feliz e realizada junto com a Trindade Santa, Maria, os anjos e santos. Somente no mistério de Cristo o ser humano pode encontrar resposta para os anseios mais profundos do seu coração.
Arquidiocese de Brasília
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