Peregrinação do Papa Francisco ao Santuário de Fátima |
A
maratona mariana convocada pelo Papa Francisco para invocar o fim da pandemia
traz à tona a força da oração em tempos de perigo e, em particular, da
intercessão da Virgem, a quem os cristãos recorrem desde o alvorecer do
Evangelho.
Alessandro De Carolis – Vatican News
Derrotar o monstro invisível que lentamente
extingue seu fôlego em um quarto de hospital - ou quem sabe na rua, porque
simplesmente não há um hospital para ir - e procura fazê-lo ficando de joelhos.
Poderia parecer uma solução adequada mais em tempos
em que antigas superstições coletivas competiam pelo campo contra as palavras
jovens do Evangelho, do que em uma era como a nossa em que um individualismo
exacerbado e reivindicado em quase todos os lugares tende a rebaixar o sentido
de uma ação de comunidade, especialmente se intangível como a espiritual.
A promessa
Na realidade, Mateus 18, versículo 19, bastaria
para dissipar dúvidas e hesitações sobre a eficácia da oração compartilhada,
que relata uma garantia de Jesus: “Se dois de vós se unirem sobre a terra para
pedir, seja o que for, o conseguirão de meu Pai que está nos céus”. Uma
promessa concreta, capaz de suscitar uma grande esperança se aqueles dois se
tornam um grande povo unido por uma única intenção. É uma expectativa ainda
mais forte se o pedido chega a Deus por intercessão da "Advogada
nossa", a Mãe daquele que fez aquela promessa.
O ritmo da devoção
Os primeiros cristãos, talvez por serem filhos de
um Evangelho ainda sine glossa, compreenderam isso imediatamente.
As catacumbas estão cheias de inscrições que confiavam alguém ou alguma coisa a
Maria. Antes ainda que o Concílio de Éfeso a reconhecesse como Mãe de Deus,
certas orações, às vezes pouco mais do que sussurros grafitados na rocha,
subiam aos lábios daqueles que se sentiam em perigo e consideravam Nossa
Senhora a fortaleza contra qualquer mal.
Sub tuum praesidium, “Sob a tua proteção buscamos refúgio, Santa Mãe
de Deus ...” é uma invocação que a Igreja recita há pelo menos 1.800 anos e a
história cristã é também a história desta devoção a Maria, ilimitada e
convicta. É a história de incontáveis graças de “curas” e quem sabe quantos milagres particulares. E é a devoção que então encontrou no Rosário um ritmo universal, o espaço da esperança de uma ou mais almas juntas, o
tempo de um conforto talvez granulado na solidão sob um tubo de oxigênio, com a energia de um penúltimo suspiro.
O ponto de luz
Esta história chega aos dias atuais por meio de
gestos e palavras de santas e santos, de nome ou de fato, quando o nome é
desconhecido. De Papas “marianos” que não hesitaram em confiar à Mãe de Deus a
humanidade que estava à beira ou no abismo das guerras e catástrofes. Vem com
as palavras de Francisco, o pároco do mundo quando o mundo e estava sem
paróquias, com suas intenções cotidianas na Santa Marta, uma a cada dia a
violar com a consolação de uma oração “dedicada” as solidões do lockdown. E
antes ainda chega de seus gestos e da oração solitária daquele 27 de março, o
Papa, um simbólico ponto de luz na escuridão, que, em pé diante de um antigo
ícone, implora a salus não somente para o povo romano, mas
para o mundo inteiro.
Uma oração uníssona
Nada
mais é do que uma história de fé. Que agora é enriquecida pelo coro dos
Santuários Marianos, imaginados como as contas de um terço recitado
alternadamente. Recitado como os anciãos recordados pelo Papa na última
quarta-feira na Audiência Geral, com o canto constante e nada constrangido de
um filho que sabe que terá mais chances de obter do pai o que espera se sua mãe
o pedir.
Vatican News
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