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quarta-feira, 28 de abril de 2021

ESPERANÇA EM CRISTO RESSUSCITADO

Crédito: Tumgir
Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta (RS)

Em tempos de crise de esperança, por causa da pandemia, temos, sim, a esperar: em Jesus Cristo Ressuscitado. Com certeza, somos portadores da esperança, que brota do Crucificado-Ressuscitado. Olhamos para ele e nos sentimos no caminho. Mais do que nunca, pois n´Ele todos nós, seus discípulos, somos novamente alimentados em nossa esperança. Ele carrega consigo as marcas de sua história, as chagas, como faz questão de mostrá-las aos ainda incrédulos apóstolos: “Vede minhas mãos e meus pés: sou eu!” (Lc 24,39). A experiência narrada no Evangelho de Lucas dos dois discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35) pode se repetir com cada batizado.

A lógica de cada uma das aparições do Ressuscitado é sempre a mesma: Jesus toma a iniciativa; Ele vai ao encontro dos apóstolos; Ele se dá a conhecer; os apóstolos o conhecem e se enchem de alegria, eles vão em missão e Jesus desaparece. Então, os apóstolos, são os portadores da esperança que brota do Crucificado-Ressuscitado. Este é o motivo de nossa confiança e fonte de segurança nos caminhos da vida: Ele caminha conosco sempre, inclusive agora, nos tempos mais difíceis. Como a estes discípulos, às vezes desanimados e carregando o fardo de suas preocupações, o Ressuscitado se aproxima, caminha junto, ouve atentamente e, com sua Palavra reanima, aquecendo o coração e partindo o pão.  Este tempo é oportuno para que cada cristão o descubra novamente vivo em sua vida, em sua família e em sua comunidade de fé. É como se o Cristo Ressuscitado aparecesse conosco, em nossa vida, e, nós com o coração partido de dor (cf. Lc 24, 17-19) vamos dialogando, vamos conversando sobre as mortes deste tempo de pandemia, as dores que tivemos, os sofrimentos e as dificuldades na vida e, sobretudo, o sentido do nosso viver. Enfim, dizemos: “Não estava ardendo o nosso coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos abria as Escrituras” (Lc 24,32).

Vale dizer que nosso olhar nunca é somente sociológico. O olhar do cristão é o olhar de Cristo, com sua inteligência, com seu coração, com tudo o que ele tem de bom dentro de si. Portanto, o nosso olhar é cristológico. A partir dele, fazemos nossas opções, nossos caminhos. De fato, só faz uma opção por Cristo quem, verdadeiramente, já conseguiu entrar, ou melhor deixar-se encontrar, em Cristo.

A Sagrada Escritura toda foi escrita sob três categorias fundamentais: memória, presença e esperança. Sempre fazemos memória. Cada celebração que realizamos, fazemos uma memória dos acontecimentos, dos fatos, das pessoas que foram agraciadas por Deus. Mais ainda, na eucaristia, onde fazemos a memória da vida de Cristo, que se dá a nós, no altar. A memória é o acontecimento fundante de toda a nossa vida cristã, sem este não seria possível a nossa fé. Depois, a presença. Sempre a vida de Cristo, na ação do Espírito Santo, que se faz presente no hoje da história. Cada história é sempre o hoje da salvação. Agora é tempo de dizer “sim” a Deus. E, enfim, a esperança. É bom caminhar no mundo, andando contra toda esperança, e confiar que Deus é o princípio e o fim de todas as coisas. Para lá caminhamos, para lá voltamos. Ele nos espera confiante.

“Até agora, toda a criação geme e sofre dores de parto” (Rm 8,22). No Cristo Crucificado-Ressucitado, está nossa esperança, hoje e sempre. Afinal, não foi nele que fomos um dia batizados?

CNBB

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF