Fundo Monetário Internacional - FMI (Johannes P. Christo) |
O
Papa confia ao Cardeal Peter Turkson, Prefeito do Dicastério para o
Desenvolvimento Humano Integral, uma mensagem dirigida aos participantes nas
reuniões de primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. O
mundo pós-pandêmico, recomenda, deve ser solidário e inclusivo e o acesso aos
bens garantido a todos os países e povos.
Adriana Masotti - Vatican News
"Um futuro em que as finanças estejam ao
serviço do bem comum, onde os vulneráveis e marginalizados sejam colocados no
centro e onde a terra, nossa casa comum, seja bem cuidada": esta é a
perspectiva que o Papa Francisco espera para toda a família humana e descreve
na mensagem enviada ao Grupo do Banco Mundial e ao Fundo Monetário
Internacional por ocasião das Reuniões de Primavera de 2021. Para atingir este
objetivo, escreve, é preciso pensar em formas novas, criativas e inclusivas
"de participação social, política e econômica". Começando pela
realização, neste tempo de pandemia, de "uma vacina solidária com
financiamento justo, para que a lei do mercado não prevaleça "sobre a lei
do amor e da saúde de todos".
A retomada não é uma volta à
normalidade
O Papa Francisco diz ser grato por poder participar
com uma sua mensagem no trabalho em andamento que não pode deixar de levar em
conta a série de "crises socioeconômicas, ecológicas e políticas e
interligadas" causadas pela Covid-19, e expressa a esperança de que tal
trabalho seja direcionado para "um modelo de retomada" capaz de
colocar em prática soluções mais sustentáveis para o bem de todos. O Papa
escreve:
“A
noção de retomada não pode se contentar com a volta a um modelo desigual e
insustentável de vida econômica e social, onde uma pequena minoria da população
mundial possui metade de sua riqueza”.
Que a "cultura do encontro"
prevaleça mesmo nas finanças
Francisco recorda aos participantes como hoje
muitos homens e mulheres vivem à margem da sociedade e são de fato
"excluídos do mundo financeiro" e, portanto, aponta que para que o
mundo pós-pandêmico seja melhor, "novas e criativas formas de participação
social, política e econômica devem ser concebidas, sensíveis à voz dos pobres e
comprometidas em incluí-los na construção de nosso futuro comum".
(cf. Fratelli tutti, 169). Trata-se de desenvolver, mesmo na esfera
econômico-financeira, argumenta o Papa, uma "cultura de encontro"
onde todos podem ser ouvidos e onde o crescimento da confiança e das relações
permite a prosperidade de todos.
Neste sentido, para o Papa Francisco hoje é
necessário e urgente superar uma visão individual de recuperação de cada país,
a fim de dar vida a "um plano que preveja novas instituições ou a
regeneração das existentes, em particular as de governança global", um
plano que ajude a construir uma nova rede de relações internacionais para o
desenvolvimento de todos os povos. Mesmo as nações mais pobres devem, portanto,
ter a participação garantida nos processos de tomada de decisão e acesso ao
mercado, reduzindo significativamente a dívida internacional que a pandemia
tornou ainda mais pesada.
“Aliviar
o peso da dívida de tantos países e comunidades hoje é um gesto profundamente
humano que pode ajudar as pessoas a se desenvolverem, a terem acesso a vacinas,
saúde, educação e trabalho”.
A dívida ecológica para com o sul do
mundo
O Papa convida também a não esquecer "outro tipo
de dívida: a 'dívida ecológica' que existe especialmente entre o norte e o sul
do mundo" e devido à "degradação ecológica induzida pelo homem e
perda de biodiversidade". O Papa expressa confiança em possíveis soluções
para pagar tal dívida e escreve:
Acredito que a indústria financeira, que se
distingue por sua grande criatividade, será capaz de desenvolver mecanismos
ágeis para calcular esta dívida ecológica, de modo que os países desenvolvidos
possam pagá-la, não apenas limitando significativamente seu consumo de energia
não renovável ou ajudando os países mais pobres a implementar políticas e
programas de desenvolvimento sustentável, mas também cobrindo os custos da
inovação necessária para fazê-lo. (cf. Laudato
si', 51-52).
A prioridade é o bem comum universal
Em sua Mensagem, o Papa Francisco chama a atenção
para o que deve ser o objetivo de toda vida econômica e que é "o bem comum
universal". Se este princípio for compartilhado, a consequência para a
comunidade internacional é, escreve, uma solidariedade que vai muito além de
"atos esporádicos de generosidade".
Significa pensar e agir em termos de comunidade.
Isso significa que as vidas de todos são priorizadas sobre a apropriação de
bens por parte de poucos. Significa também combater as causas estruturais da
pobreza, desigualdade, falta de trabalho, terra e habitação, negação dos
direitos sociais e de trabalho.... A solidariedade, entendida em seu sentido
mais profundo, é uma forma de fazer história. (Fratelli tutti, 116).
Apelo para garantir a vacina
anti-Covid para todos
Os mercados, especialmente os financeiros, observa
novamente o Papa Francisco, não se governam sozinhos, são necessários
regulamentos e leis para garantir que as finanças "trabalhem pelos
objetivos sociais tão necessários durante a atual emergência sanitária
global", porque, "não podemos permitir que a lei do mercado prevaleça
sobre a lei do amor e da saúde de todos". O apelo de Francisco aos chefes
de governo, empresas e organizações internacionais é, portanto, "trabalhar
em conjunto para fornecer vacinas para todos, especialmente para os mais
vulneráveis e necessitados". (cf. Mensagem Urbi et Orbi, Natal
2020).
Os mais vulneráveis e nossa Casa
Comum estão no centro
O
Papa conclui sua Mensagem desejando que as Reuniões de Primavera de 2021 do
Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional trabalhem frutuosamente para
um futuro "onde as finanças estejam a serviço do bem comum, onde os
vulneráveis e os marginalizados sejam colocados no centro, e onde a terra,
nossa casa comum, seja bem cuidada". E invoca os dons de Deus sobre todos
os participantes: "sabedoria, compreensão, bom conselho, força e
paz".
Nenhum comentário:
Postar um comentário