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Buenos Aires, 13 abr. 21 / 09:41 am (ACI).- María del Valle González López tinha 23 anos estudava serviço social na Universidade Nacional de Cuyo, e era presidente da Juventude Radical de La Paz, na província de Mendoza (Argentina). No domingo, 11 de abril, ela morreu após se submeter a um aborto legal em um hospital local. Foi a primeira morte registrada no país depois da aprovação da lei do aborto em 30 de dezembro passado.
Segundo o jornal argentino Clarín, a jovem dirigiu-se
nesta quarta-feira, 7 de abril, ao hospital Arturo Illia, na cidade de La Paz,
"para solicitar um procedimento de interrupção legal" da gravidez,
termo usado para se referir ao aborto.
“Lá,
prescreveram um medicamento - presume-se que seja misoprostol - e na
sexta-feira ela começou a se sentir mal. Ela foi encaminhada ao principal
centro de saúde da zona leste de Mendoza, o hospital Perrupato, onde
diagnosticaram uma infecção geral que causou a sua morte”, relata o Clarín.
O
misoprostol é uma prostaglandina que faz com que o útero expulse o que há em
seu interior. No caso de gravidez, faz com que a mãe perca o feto, o que pode
causar sangramento na mulher.
Em
alguns casos, o sangramento pode fazer com que a mãe entre em choque
hipovolêmico e morra.
Geralmente,
a mulher que toma misoprostol vai a um centro de saúde para fazer uma curetagem
para remover qualquer resto do bebê do útero.
Se essa curetagem ou raspagem for feita com material não esterilizado
adequadamente ou que esteja contaminado, pode provocar uma infecção que poderia
levar à septicemia ou infecção generalizada, o que pode causar a morte.
O
Dr. Luis Durand, médico cirurgião argentino, explicou à ACI Prensa,
agência em espanhol do grupo ACI, que embora alguns afirmem que a morte da
jovem poderia ter ocorrido por “negligência”, na realidade “o aborto não é uma
prática médica. Até poucos meses atrás, para a lei argentina, era um ato
criminoso”.
"Agora
é um ‘instrumento legalizado’ para supostamente beneficiar uns e punir outros,
e isso não é um ato médico, independentemente de ser legal ou não."
“O
ato médico deve sempre buscar melhorar a situação de todos sobre quem intervém,
embora circunstancialmente possa falhar e não o conseguir, mas nunca pode ser
considerado um ato médico, 'interromper a vida'
de qualquer ser humano de forma intencional ou premeditada", destacou.
“No
aborto, a morte para o bebê é sempre violenta. Ou injetam substâncias que o
queimam no útero, ou o extraem por desmembramento, ou é arrancado por
contrações uterinas extremas morrendo por asfixia”, indicou o Dr. Durand.
O
médico afirmou que “a infecção geral ou septicemia em uma mulher que toma
misoprostol para abortar pode ocorrer quando a expulsão é incompleta e os
restos do bebê permanecem no útero. Por isso, é uma falácia dizer que qualquer
instrumentação em um organismo possa ser 'segura'”.
A
líder pró-vida Guadalupe Batallán escreveu em seu Twitter nesta
segunda-feira que “María del Valle tinha 23 anos e tinha uma
vida inteira pela frente. Era estudante e se tornou presidente da juventude
radical de Mendoza. Ela abortou legalmente na quarta-feira e morreu no fim de
semana. Eu vou contar para vocês porque as feministas ficam quietas.
#MorreuPorAbortoLegal”.
“Se
María tivesse morrido na clandestinidade, as feministas estariam destruindo a
cidade inteira, mas como María #MorreuPorAbortoLegal e isso não lhes convém,
ignoraram”, escreveu Belén Lombardi, uma jovem mãe e ativista pró-vida.
Assim
que se soube de sua morte, vários ativistas e grupos pró-vida na Argentina
inundaram as redes com as hashtags #MurióPorAbortoLegal
(#MorreuPorAbortoLegal, em português) e #AbortoLegalMataIgual.
O
Clarín afirma que a investigação sobre a morte de María del Valle começou na
Promotoria de Santa Rosa, mas por sua complexidade seguiu para a Promotoria de
San Martín na segunda-feira.
Ainda
não há data para a divulgação dos resultados da autópsia.
Martín
Zeballos Ayerza, da organização Advogados pela Vida na Argentina, disse à ACI
Prensa que a jovem "era uma garota muito conhecida porque era membro da
União Cívica Radical, partido histórico na Argentina".
O
partido, "embora tenha em sua carta de princípios o direito à vida, foi
capturado pelo progressismo, especialmente na Universidade de Buenos
Aires", onde há muitos "radicais verdes abortistas”.
“De
Rosário ao sul”, disse Zeballos, “a maioria dos radicais é abortista. De
Córdoba ao Norte, os radicais são pró-vida. Pode-se dizer, em geral, que os
radicais nas grandes cidades são progressistas e os radicais nas cidades do
interior são pró-vida”.
A
senadora Silvia Elías de Pérez, de Tucumán, da União Cìvica Radical, votou em
agosto de 2018 “a favor das duas vidas” e contra a lei do aborto.
“O
comitê radical tem em Buenos Aires um lugar onde estão os quadros de grandes
dirigentes mulheres do partido. Após a votação de Pérez, retiraram o quadro de
Silvia por ter votado a favor da vida. Deixou de ser dirigente notável por
defender a vida a partir da concepção”.
“Isso
mostra a luta e as contradições internas. O radicalismo faz parte de Juntos
pela Mudança que fazia parte do governo do ex-presidente Mauricio Macri. Hoje
dizem que são oposição, mas na realidade são a primeira minoria progressista”,
concluiu Zeballos.
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