Papa Francisco no Regina Coeli (Vatican Media) |
Francisco
recordou que o Evangelho deste domingo é caracterizado por três verbos muito
concretos, que em certo sentido refletem nossa vida pessoal e comunitária:
olhar, tocar e comer. O Santo Padre voltou à janela do Palácio Apostólico com
vista para a Praça São Pedro de onde rezou com fiéis a oração do Regina Coeli.
Silvonei José - Vatican News
Jesus não é um "fantasma", mas uma Pessoa
viva. Ser cristãos não é antes de tudo uma doutrina ou um ideal moral, é uma
relação viva com Ele, com o Senhor Ressuscitado: foi o que disse o Papa
Francisco na alocução que precedeu o Regina Coeli, a oração do tempo pascal.
Neste 18 de abril, Francisco voltou à janela do Palácio Apostólico com vista
para a Praça São Pedro de onde rezou com fiéis a oração mariana.
No terceiro domingo da Páscoa, o Santo Padre
recordou que voltamos a Jerusalém, ao Cenáculo, como se guiados pelos dois
discípulos de Emaús, que haviam escutado com grande emoção as palavras de Jesus
no caminho e depois o reconheceram "no partir do pão". Agora, no Cenáculo,
o Cristo ressuscitado aparece no meio do grupo de discípulos e os saúda,
dizendo: "A paz esteja convosco"! Mas eles estão assustados –
disse o Papa - e acreditam "que veem um fantasma". Então Jesus lhes
mostra as feridas em seu corpo e diz: "Olhem para minhas mãos e meus pés:
sou eu mesmo! Toquem em mim! E para convencê-los, ele pede comida e a come sob
o olhar atônito deles.
Há um detalhe aqui nesta descrição, disse o Papa. O
Evangelho diz que os apóstolos, pela grande alegria, ainda não acreditavam.
"Tal era a alegria que eles tinham que não
podiam acreditar que era verdade. E um segundo detalhe: eles ficaram atônitos,
espantados, espantados porque o encontro com Deus sempre os leva ao estupor.
Vai além do entusiasmo, além da alegria, é outra experiência. E eles estavam
alegres, mas uma alegria que os fazia pensar: mas não, isto não pode ser
verdade, não, não pode...(?) assim... É o estupor da presença de Deus. Não se
esqueça deste estado de espírito, que é tão bonito".
Esta página do Evangelho – continuou Francisco - é
caracterizada por três verbos muito concretos, que em certo sentido refletem
nossa vida pessoal e comunitária: olhar, tocar e comer. Três ações que podem
dar a alegria de um verdadeiro encontro com Jesus vivo.:
"Olhem para minhas mãos e meus pés" - diz
Jesus. Olhar não é apenas ver, é mais, envolve também intenção, vontade. É por
isso que é um dos verbos do amor. Mães e pais olham para seus filhos; os
apaixonados se olham um para o outro; um bom médico olha atentamente para seu
paciente... Olhar é um primeiro passo contra a indiferença, contra a tentação
de virar nosso rosto diante das dificuldades e sofrimentos dos outros. Olhar.
Eu vejo ou olho Jesus?".
Em seguida o Santo Padre falou do segundo verbo,
tocar:
“Ao convidar os discípulos a tocá-lo, para
constatar que ele não é um fantasma, toque-me, Jesus indica a eles e a nós que
a relação com Ele e com os nossos irmãos não pode permanecer "à
distância", não existe um cristianismo à distância, não existe somente um cristianismo
no nível do olhar. O amor pede para olhar e também a proximidade, pede contato,
a partilha da vida. O bom samaritano não se limitou a olhar para o homem que
encontrou meio morto ao longo da estrada: inclinou-se, curou suas feridas, e o
carregou em seu cavalo e o levou para a pousada. E assim com o próprio Jesus:
amá-lo significa entrar numa comunhão de vida, uma comunhão com Ele”.
Falando depois do terceiro verbo, comer, disse que
o mesmo expressa bem a nossa humanidade na sua mais natural indigência, ou
seja, nossa necessidade de nos alimentarmos para poder viver:
“Mas comer, quando o fazemos juntos, em família ou
entre amigos, torna-se também uma expressão de amor, de comunhão, de festa...
Quantas vezes os Evangelhos nos mostram Jesus que vive esta dimensão de
convivência! Também ressuscitado, com seus discípulos. Ao ponto de o Banquete
eucarístico se tornar o sinal emblemático da comunidade cristã. Alimentar-se
juntos com o corpo de Cristo. Este é o centro da vida cristã”.
O Papa Francisco recordou que esta página do
Evangelho nos diz que Jesus não é um "fantasma", mas uma Pessoa viva,
que Jesus quando se aproxima de nós nos enche de alegria até ao ponto de não
acreditarmos e nos deixa atônitos com aquele estupor que somente a presença de
Deus nos dá, porque Jesus é uma pessoa viva.
Ser cristãos - continuou o Santo Padre - não é
antes de tudo uma doutrina ou um ideal moral, é uma relação viva com Ele, com o
Senhor Ressuscitado: “olhamos para Ele, tocamos n’Ele, nos alimentamos d’Ele e,
transformados por Seu Amor, olhamos, tocamos e alimentamos os outros como
irmãos e irmãs. Que a Virgem Maria – concluiu - nos ajude a viver esta
experiência de graça”.
O Papa na janela do Palácio
Apostólico
Nas últimas semanas, a janela do Palácio Apostólico
permaneceu fechada em 21 de março e 5 de abril, enquanto a recitação do Angelus em
28 de março, Domingo de Ramos na Basílica de São Pedro, e o Regina
Coeli do domingo passado - com o Papa na Igreja do Santo Espírito, in
Sássia, para a Festa da Divina Misericórdia - foram conduzidos pelo Santo Padre
ao término das duas celebrações.
O
primeiro lockdown do ano passado tinha mantido os fiéis
distantes da Praça São Pedro de 8 de março a 24 de maio, com o Papa conduzindo
as orações dominicais transmitidas ao vivo diretamente da Biblioteca do Palácio
Apostólico. Depois disso, o Pontífice havia retornado por alguns meses, até 20
de dezembro, a recitar a oração dominical da janela de seu escritório que dá
para a Praça São Pedro. Depois, foi suspensa novamente a recitação com os fiéis
na Praça até 7 de fevereiro, sendo novamente retomada até 14 de março e, por
fim, como mencionado, o último fechamento em 21 de março passado.
Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário