Uma mulher chora durante um protesto em Mandalay, em 1º de abril de 2021 | EPA/STR |
O
arcebispo de Yangon e presidente da Conferência Episcopal do país asiático,
dirige-se em particular aos militares, pedindo para que o exército volte aos
quarteis, respeite o veredicto das urnas e pare de atacar e matar cidadãos. O
purpurado também pede que o ódio entre grupos étnicos e religiões seja
sepultado de uma vez por todas, para reviver um novo Mianmar de paz e inclusão.
Vatican News
“Uma nação ferida pode encontrar consolo em Cristo,
que suportou tudo o que estamos passando: foi torturado, abusado e morto na
Cruz por poderes arrogantes. O mesmo sentimento de abandono por parte de Deus,
é sentido por tantos de nossos jovens “.
Em sua mensagem de Páscoa, o arcebispo de Yangon e
presidente da Conferência Episcopal de Mianmar, cardeal Charles Bo, faz um
premente apelo à esperança pela ressurreição do país asiático, naqueles que são
os “dias mais tristes de sua história”. Uma Páscoa, de fato, marcada pela
sangrenta repressão militar aos protestos contra o golpe de 1º de fevereiro,
que até agora custaram a vida a mais de 500 pessoas e a prisão de pelo menos
outras 2.500.
Onde está Deus em tudo isso?
No texto - relata o jornal on-line Matters
of India - o purpurado fala de uma verdadeira Via Sacra, um calvário
que continua: “Centenas de pessoas foram mortas. Um banho de sangue se derramou
sobre nossa terra - escreve ele -. Jovens e velhos, e até mesmo crianças foram
mortas sem misericórdia. Milhares de pessoas foram presas e jogadas na prisão.
Outras milhares estão fugindo para escapar das prisões. Milhões estão morrendo
de fome”, denuncia a mensagem divulgada na quarta-feira, dia 31 de março.
Essa tragédia naturalmente faz surgir a pergunta de
Jó na Bíblia: "Onde está Deus em tudo isso?" Para responder, o
cardeal Bo se refere ao episódio do Evangelho do sepulcro vazio de Jesus,
encontrado pelas três mulheres, que recorda o que está acontecendo em Mianmar:
jovens, mulheres e precisamente, túmulos vazios. “Sua mensagem - diz o cardeal
- é a da ressurreição e de um novo mundo”.
Quatro tipos de ressurreição
O convite, portanto, é o de acreditar que Mianmar
também poderá se reerguer novamente. Dirigindo-se em particular aos militares,
o arcebispo de Yangon pede quatro tipos de ressurreição. O dos "sonhos de
democracia sepultados nos túmulos da opressão nos últimos dois meses". Em
segundo lugar, o cardeal Bo pede a devolução do poder ao governo civil,
"enterrado pelo golpe de Estado", e que o exército volte aos
quartéis, respeitando o veredicto das urnas e deixe de atacar e matar os
cidadãos de Mianmar. A mensagem pede então, que seja sepultado de uma vez por
todas o ódio entre grupos étnicos e as religiões no país, e que do túmulo desse
ódio histórico possa emergir "um novo Mianmar de paz, inclusão e atenção
aos vulneráveis". Por fim, o cardeal Bo pede para que sejam “sepultadas
nos túmulos vazios as sete décadas de totalitarismo. Que seja escrito o último
epitáfio do golpe de Estado”.
Apelo aos jovens pela não-violência
O presidente dos bispos birmaneses dirige-se também
aos manifestantes, e em particular aos jovens, com um apelo renovado para não
recorrer à violência: “Usem métodos não violentos. Não morram inutilmente. Se
vocês viverem muito, a democracia se fortalece, o mal se enfraquece”, aconselha
o purpurado. Recordando que o inimigo “só conhece uma linguagem: a violência
implacável”. “Ele quer arrastar vocês para o terreno dele, onde ele é mais
forte. Não deem essa vantagem a ele”, conclui a mensagem.
Vatican News Service - LZ
Nenhum comentário:
Postar um comentário