S. João Batista de la Salle, Pierre Leger |
Os professores de todos os tempos e
lugares não poderiam ter um Padroeiro melhor que São João Batista de la Salle.
O Papa Pio XII concedeu-lhe este título após 50 anos da sua Canonização. Pode
ser que este Santo tenha obtido esta inspiração na própria família: o
primogênito de 10 filhos, órfão de ambos os pais aos 21 anos, teve que cuidar
dos irmãos, não obstante seus estudos no seminário. Isto, porém, não o impediu
de emitir os votos religiosos e conseguir, brilhantemente, o doutorado em
Teologia.
Vocação de ensinar
João Batista foi encarregado, pelo
Arcebispo de Reims, de cuidar da educação dos jovens. Assim, conheceu Adriano
Nyel, um leigo que dedicou a sua vida à escola popular. No entanto, percebeu,
logo, que algo não estava certo: os professores eram mal preparados e pouco
estimulados. Então, entendeu que devia agir: o ensino devia ser uma missão e os
alunos mereciam professores instruídos.
Daí, olhou em torno de si, estudou o ambiente e descobriu os melhores métodos
adotados nas escolas: alugou uma casa e foi morar com seus professores, que
instruiu pessoalmente; ensinou-lhes que as lições não deviam ser mais
individuais, mas coletivas. Assim, dividiu as lições em classes, dando
prioridade à língua materna - o francês – ao invés do latim, para a leitura;
prestou também atenção especial às necessidades morais, e não apenas culturais,
dos professores.
Missão dos "irmãos" mais
velhos
Os professores, que se aglomeravam em
volta de João Batista, não eram apenas sacerdotes, embora a sua ideia fosse a
de dedicar suas vidas totalmente aos alunos. Assim, ao renunciar ao matrimônio
e à família, revestiu-os com uma batina preta, com uma espécie de babete
branco, manto camponês e tamancos, oferecendo-lhes uma primeira Regra de Vida,
que começou a escrever em 1685.
Após quase dez anos, foi eleito superior dos Irmãos das Escolas Cristãs, a
Congregação que, mais tarde, fundou depois do primeiro experimento. O Instituto
era completamente composto por professores masculinos, que permaneceram leigos,
para que fossem capazes de instruir, não apenas na fé, mas no conhecimento e na
profissão.
Com estes professores, João conseguir atingir algumas metas pedagógicas
importantes: deu prioridade ao método simultâneo no ensino fundamental,
gratuito nas suas escolas; organizou cursos noturnos e dominicais, para jovens
trabalhadores, e inventou o ensino ancestral do moderno curso técnico,
comercial e profissional.
Derrota da ignorância... e dos
ignorantes
À medida que a Congregação crescia,
se deparava também com muitas críticas: o fundador foi atacado pelo alto Clero
de Paris, por alguns párocos, por autoridades civis, a ponto de ser obrigado a
transferir tudo para a cidadezinha de Saint-Yon, perto de Rouen. João Batista
reagiu aos ataques retirando-se em oração, isolamento penitencial, meditação e
estudo. Ele foi acusado, pelos chamados "professores de rua", de
receber dinheiro dos seus alunos, gozar de privilégios, reservados às
associações profissionais, e manter um grupo de professores, sem a devida
autorização. Infâmias livres e gratuitas.
Em 1702, após uma visita canônica, João Batista foi deposto do cargo de
superior. A tudo isso, ele reagiu, dizendo: “Se o nosso Instituto for obra
humana, vai desaparecer; mas, se for obra de Deus, todo esforço para destruí-lo
será inútil”.
Quando João Batista de la Salle faleceu, em 1719, sua Congregação contava 23
Casas e 10 mil alunos. Cerca de trinta mil pessoas participaram do seu enterro
naquela cidadezinha, que lhe deu refúgio. Seus restos mortais foram
transladados, em 1937, para a Casa geral do Instituto, em Roma.
Vatican News
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