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segunda-feira, 17 de maio de 2021

A IGREJA CONTRA O REINADO DO ANTICRISTO

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A IGREJA CONTRA O REINADO DO ANTICRISTO

Por várias vezes e em diversas épocas, a humanidade passou por momentos de utopias terrestres. O pensamento mais novo é o de que não precisamos morrer para chegar ao paraíso. Muito líderes políticos, como Marx, valiam-se dessa ideologia do paraíso terreno em suas teorias. Para eles, uma vida após a morte num paraíso mítico é coisa de fanático religioso. Os liberais também assumem a possibilidade de uma vida mais abundante e “gloriosa” em tempo real na história. Eles tratam isso como o próximo estágio de nossa evolução social.

Nosso Magistério, como alguns Papas já nos alertaram, ressalta o cuidado necessário contra tais tentativas de construir um paraíso na terra com nossas próprias mãos.

Até mesmo o Rabino Arthur Hertzberg, vice-presidente emérito do Congresso Judaico Mundial, alertou contra a ideologia utópica: “Alerto-os quanto à ilusão de que podemos criar na terra um paraíso perfeito. Isso poderá acontecer somente no fim dos dias, quando for a vontade de Deus” (Herzberg, “Sins of Religion”. O discurso também foi publicado nas pp. 6-8 da edição do verão de 1997 do Journal of the United Religions Initiative).

O Catecismo da Igreja Católica alerta contra o globalismo:
“Depois que a unidade da raça humana foi estilhaçada pelo pecado, Deus imediatamente buscou salvar a humanidade parte por parte. A aliança com Noé após o diluvio dá expressão ao princípio da economia divina para com as nações”, em outras palavras, para com os homens agrupados “em suas terras, cada uma com a sua própria língua, divididos por suas famílias, em suas nações”. Esse estado de divisão em muitas nações é ao mesmo tempo cósmico, social e religioso. A intenção por trás dele é limitar o orgulho da humanidade caída, unida apenas pela ambição perversa de forjar sua própria unidade, como em Babel (VIC, P.20-21).

A única ocasião em que o mundo realmente deve ser unificado é quando Cristo retornar para reinar em glória. Nenhuma organização e nenhuma outra pessoa que não o Filho do Homem pode receber o título ou o poder de um governante mundial.

O Catecismo da Igreja Católica também se pronuncia contra todo o milenarismo terreno, incluindo a ideologia utópica das ideias marxistas ou de cunho religioso: “A ignorância do fato de que o homem tem uma natureza ferida, propensa ao mal, gera erros graves nas áreas de educação, política, ação social e moralidade”(CIC, P.103). E também:

Antes da segunda vinda de Cristo, a Igreja terá de passar por um teste final, que abalará a fé de muitos crentes. A perseguição que vem acompanhando a sua peregrinação na terra revelará “o mistério da iniquidade” na forma de um logro religioso que oferecerá aos homens uma aparente solução para os seus problemas ao preço da apostasia da verdade. O logro religioso supremo é o do Anticristo, um pseudo-messianismo por meio do qual o homem glorifica a si mesmo em vez de Deus e do seu Messias encarnado. O logro do Anticristo começa a tomar forma no mundo toda vez que se reivindica poder para realizar dentro da história aquela esperança messiânica que pode ser realizada apenas além da história, por meio do julgamento escatológico. A Igreja rejeitou até mesmo formas modificadas dessa falsificação do reino que está por vir, chamando-as de milenarismo (é o quiliasmo, crença de um milênio terrestre nos últimos dias, que foi condenada no segundo Concílio ecumênico), em especial a forma política “intrinsecamente perversa” de um messianismo secular (CIC, p.176-177).

Os ortodoxos orientais repetem as mesmas advertências. O Bispo Kallistos Ware escreve:
“As Escrituras e a Tradição Sagrada nos falam repetidas vezes sobre a Segunda Vinda. Elas não permitem supor que, por meio de um avanço constante da ‘civilização’, o mundo passará a ser gradualmente melhor, até que a humanidade consiga criar o reino de Deus sobre a terra. A visão cristã da história mundial opõe inteiramente a esse tipo de otimismo evolucionário. O que nos ensinam a esperar são os desastres no mundo da natureza, guerras cada vez mais destrutivas entre os homens, perplexidade e apostasia entre os que se chamam de cristãos (especialmente Mt 24, 3-27). Esse período de tribulação culminará no aparecimento do “homem do pecado” (2Ts 2, 3-4), ou Anticristo, que, segundo a interpretação tradicional na Igreja Ortodoxa, não será o próprio Satā, mas um ser humano, um homem de verdade, em que todas as forças do mal estarão concentradas, que por algum tempo terá o mundo inteiro em seu domínio. O breve reinado do Anticristo será abruptamente exterminado pela Segunda Vinda do Senhor, dessa vez não às ocultas, como em seu nascimento em Belém, mas sentado à direita do poder de Deus [e)… sobre as nuvens do céu”. (Mt 26, 64). Assim, o curso da história será levado a um final repentino e dramático, por meio de uma intervenção direta do reino divino. ( Bishop Kallistos Ware, The Orthodox Way, St. Vladimir’s Seminary Press, 1979, p. 179-180.

Outro comentador ortodoxo oriental clássico posiciona-se de forma semelhante: “No Apocalipse Sinótico, não há promessa de melhores tempos por vir. Não haverá utopias terrestres. Haverá um recuo da fé; o amor esfriará” (Pe. Columba Graham Flegg, An Introduction to Reading the Apocalypse, St. Vladimir’s Seminary Press, 1999, p. 39.)

Todos devem atentar para tais advertências, mesmo que a Parusia só venha a ocorrer daqui a 10 mil anos. Esses sensatos ensinamentos são aplicáveis a todas as épocas e todos os lugares até a Segunda Vinda de Cristo. O evangelista católico Frank Sheed explica:

Mas se o Anticristo será uma pessoa real e a apostasia uma apostasia real a ocorrer no fim do mundo, tanto o Anticristo quanto a Apostasia têm seus precursores em cada época do mundo. Pois a verdade é que, assim como cada morte é o fim do mundo em miniatura, também cada época é miniatura da última época. Nesse sentido, todos estamos na última época. O Anticristo está por vir; mas já ouvimos São Paulo dizer que “a conspiração da revolta já está ocorrendo”. (Frank J. Sheed, Theology and Sanity, Ignatius Press, 1993, p. 353).

Apologistas da Fé Católica

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF