Audiência Geral, Papa Francisco | Vatican News |
“O
que nasce da oração e não da presunção do nosso ego, o que é purificado pela
humildade, mesmo que seja um ato de amor isolado e silencioso, é o maior
milagre que um cristão pode realizar", disse o Papa Francisco ao falar da
"oração de contemplação", tema de sua catequese.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Contemplar e rezar: este foi o tema da catequese do
Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, realizada ainda sem a
presença de fiéis, portanto na Biblioteca do Palácio Apostólico.
Se na semana passada o Pontífice falou sobre a
meditação, prosseguindo seu ciclo sobre a oração, hoje falou sobre a
contemplação.
A dimensão contemplativa do ser humano, afirmou, é
um pouco como o “sal” da vida: dá sabor, dá gosto aos nossos dias. Podemos
contemplar o nascer do sol, a primavera que desabrocha ou uma obra de arte.
Antes de mais, contemplar não é um modo de fazer, mas um modo de ser.
Ser contemplativo, prosseguiu o Papa, não depende
dos olhos, mas do coração. “E nisto entra em jogo a oração, como um ato de fé e
amor, como 'respiro' da nossa relação com Deus.”
“Eu olho para Ele e Ele olha para
mim”
Francisco citou o Santo Cura d'Ars, que afirmava
que a contemplação é o olhar da fé, fixado em Jesus. “Eu olho para
Ele e Ele olha para mim” – dizia. “Tudo nasce disto: de um coração que se sente
visto com amor. Então a realidade é contemplada com olhos diferentes.”
Jesus era um mestre deste olhar e o seu segredo era
a relação com o Pai. Como exemplo, o Santo Padre propôs o evento da
Transfiguração. “Precisamente no momento em que Jesus é mal compreendido, então
resplandece uma luz divina. É a luz do amor do Pai, que enche o coração do
Filho e transfigura toda a sua Pessoa.”
Audiência Geral de 05 de maio de 2021 |
Contemplação, explica ainda o Papa, não é o oposto
da ação e não é correto fazer esta contraposição. “Este é certamente um
dualismo que não pertence à mensagem cristã. No Evangelho, há apenas uma grande
chamada, que é seguir Jesus no caminho do amor.
“Este é o ápice e o centro de tudo. Neste sentido,
caridade e contemplação são sinônimos, dizem a mesma coisa.”
A última menção do Papa foi a São João da Cruz, que
afirmava que um pequeno ato de amor puro é mais útil para a Igreja do que todas
as outras obras juntas.
“O
que nasce da oração e não da presunção do nosso ego, o que é purificado pela
humildade, mesmo que seja um ato de amor isolado e silencioso, é o maior
milagre que um cristão pode realizar. Este é o caminho da oração de
contemplação: eu olho para Ele e Ele olha para mim. E ali está o ato de amor no
diálogo silencioso com Jesus que faz tanto bem à Igreja.”
Vatican News
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