Dom Paulo Cezar Costa Arcebispo de Brasília |
A santidade na vivência do mandamento do amor
Este sexto domingo da Páscoa nos apresenta Jesus que dá o mandamento do amor: “Amai uns aos outros assim como eu vos amei” (Jo 15, 12). Quero lhe apresentar a história de uma jovem que se santificou vivendo o mandamento do amor: Chiara Badano nasceu em 29 de outubro de 1971, em Sassello, Itália, única filha de Ruggero Badano e Maria Teresa Caviglia. Estavam casados havia 10 anos e não conseguiam ter filhos, até que Ruggero foi visitar o Santuário de Nossa Senhora das Rocas pela enésima vez e sua oração pedindo a graça de um filho foi atendida, pois, um mês depois, Maria Teresa estava grávida. Quando a menina nasceu, entenderam logo que “aquela menina era, antes de tudo, filha de Deus, e não nossa”. A sua infância se desenvolveu com tranquilidade. A menina cresceu e é educada num ambiente de diálogo e afeto, onde havia também os “nãos”.
Não tinha completado ainda 9 anos, quando conheceu a experiência do movimento dos Focolares. Foi um encontro com um grupo de colegas da sua idade. Ali percebeu, com força, o amor de Deus. No seu diário, encontram-se fatos como este: “Uma amiga está com catapora e todos têm medo de visitá-la. Com o consentimento dos pais, eu levo todo dia os deveres de casa para que ela não se sinta sozinha”. Chiara cresce, é uma jovem que está sempre rodeada pelas amigas e que ama os esportes: tênis, natação, escaladas nas montanhas etc. Surgem alguns desentendimentos com os pais, pois ela gosta de sair à noite nos fins de semana, mas o diálogo e o afeto familiar vencem e se colocam em acordo. Ela gostava de vestir-se bem, de pentear-se com cuidado, às vezes, de se maquiar, mas sempre de forma discreta. Os rapazes, como é normal, se interessam por ela, mas ela é uma jovem sonhadora. Revela, às vezes, as amigas: “aquele me agrada”, como jovem normal que era, mas nada além disso.
Verão de 1988. Depois de saber que tinha sido reprovada em matemática, sente o coração apertado, mas não dá sinais de tristeza. Escreve assim aos pais:”Chegou um momento importante: o encontro com Jesus Abandonado. Abraça-lo não foi fácil”. Mas, naquela manhã, Chiara Lubic (fundadora do movimento dos Focolares) explicou às Gen 4 que Ele deve ser o esposo delas. Quando pede a Chiara Lubic um novo nome, ela lhe dá Chiara Luce, dizendo que a sua vida deveria ser a manifestação da luz de Deus.
Um fato inesperado acontece: jogando tênis, ela sente uma forte dor no ombro. As dores continuam e os exames revelam um tipo grave e doloroso de tumor. Ela acolhe a notícia com coragem e diz: “sou jovem, vou suportar”. Inicia-se uma grande transformação, vive a doença numa atitude de fé, enfrentando duas dolorosas operações. A quimioterapia causa a queda dos cabelos e, a cada cacho que perde, repete: “Por ti, Jesus”. Os pais, sempre presentes, relembram que sob aquele sofrimento existe um misterioso desígnio de Deus. No hospital de Pietra Ligure, apesar das dores e febres, não conseguia ficar parada: começou a cuidar de uma jovem com depressão que ocupava o quarto ao lado, indo com ela para todos os lugares, em longas caminhadas pelos corredores. Diante dos pedidos para que tivesse prudência, retrucava: “mais tarde vou ter tempo para dormir”. A mãe conta que quando entendeu a gravidade da sua doença, ela sentiu que ia morrer. Ela se jogou de bruços na cama, com os olhos fechados, ficou assim uns vinte e cinco minutos, depois falou: “Disse novamente o meu sim”. E não voltou mais atrás. Apenas uma vez pergunta para Jesus: Por que, Jesus? Poucos minutos depois responde sozinha: “Se Tu queres, Jesus, eu também quero”. Ela escreve às amigas: “Um outro mundo me esperava e eu não podia fazer outra coisa senão abandonar-me. Agora me sinto envolvida por um esplendido desígnio que pouco a pouco me é revelado”. Num dos seus últimos dias, ela diz: “Não peço mais a Jesus que Ele venha me buscar para me levar ao paraíso; não quero Lhe dar a impressão de que não quero mais sofrer”. O momento do seu encontro com o Supremo Esposo foi um domingo, dia 7 de outubro de 1990. Na homilia da sua missa de corpo presente, o bispo diz: “ Eis o fruto da família cristã, de uma comunidade cristã, o resultado de um movimento que vive o amor recíproco e tem Jesus em meio”. Que o exemplo de Chiara Luce desperte todos nós, e principalmente a nossa juventude, para a medida alta da vida, a santidade.
Arquidiocese de Brasília
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