Núcleo de Reflexões Pluriétnicas em Manaus | Vatican News |
Núcleo de Reflexões Pluriétnicas do
Seminário São José de Manaus: “construir a nossa integralidade formativa tendo
em conta a nossa cultura”.
Padre Modino - CELAM
O Sínodo para a Amazônia abriu
novos caminhos na Igreja da Amazônia, também no campo da formação sacerdotal. O
Documento Final faz um chamado a fazer realidade uma formação inculturada,
“para oferecer aos futuros presbíteros das Igrejas da Amazônia uma formação de
rosto amazônico, inserida e adaptada à realidade, contextualizada e capaz de
responder aos numerosos desafios pastorais e missionários”.
Aos poucos, estão sendo dados
passos nesse sentido, com iniciativas de formação “que responda aos desafios
das Igrejas locais e a realidade amazônica”. No Seminário São José de Manaus,
que acolhe os seminaristas das 9 dioceses e prelazias do Regional Norte 1 da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) uma quarta parte dos
seminaristas são indígenas, de 9 povos diferentes.
Os seminaristas indígenas, junto
com outros seminaristas não indígenas, têm formado o Núcleo de Reflexões
Pluriétnicas, nascido no dia 19 de abril de 2021, dia em que é comemorado o Dia
dos Povos Indígenas. Segundo os seminaristas, o objetivo é “valorizar as
culturas indígenas dentro da cultura da Igreja e do Seminário”, tendo como
fundamento a Querida Amazônia, no propósito de “sonhar junto com o Papa
Francisco”.
Processo formativo do Seminário São José | Vatican News |
Dentro do processo formativo do
Seminário São José, como mergulhar no Evangelho sem deixar de lado as culturas
milenares? A partir dessa pergunta surgem três eixos: memória, identidade e
projeto. A memória é a origem da vida, algo que está presente na cultura
bíblica e nas culturas indígenas. Isso deve levar a transformar a Teologia a
partir do conhecimento memorial, sendo necessário uma ligação entre o mundo
indígena e não indígena.
Para os indígenas é o passado que
sustenta o presente, sem passado o individuo não tem presente. Isso se traduz
numa visão da vida e numa educação circular, não linear. Durante muito tempo,
na Igreja ninguém entendeu o comportamento do indígena, o que mostra a
importância desta iniciativa. Não podemos esquecer que no universo indígena
tudo tem a ver com a espiritualidade cósmica e religiosa.
O encontro foi momento para
partilhar elementos que fazem parte da cultura e da vida de diferentes povos:
macuxi, tikuna, maraguá, kokama, tukano. Foi explicitado o significado da terra
e da água, como elementos que governam a vida e dão continuidade, que fazem
presentes os antepassados, que dialogam com seu povo através da natureza. Na
cultura macuxi, a terra representa a vida do povo e está ligada ao céu, o que
os leva a descobrir Deus como força.
Processo formativo do Seminário São José | Vatican News |
Dom Leonardo animou os
seminaristas indígenas a recolher as riquezas identitárias, como modo de fazer
memória. Segundo o arcebispo de Manaus, é importante “perceber que existem
elementos de fundo, pensamentos originários que se juntam”. Nesse sentido, ele
destacou que entre os povos originários se desenvolve uma visão desde a
totalidade, e não desde o sujeito-objeto, próprio da cultura ocidental.
De um lado nos deparamos com um pensamento
circular, relacional, enquanto do outro temos um pensamento informativo,
segundo o arcebispo. Isso nos mostra a necessidade das culturas ancestrais,
afirmou dom Leonardo Steiner, que agradeceu aos seminaristas pelo momento de
encontro e reflexão, que ele considerou muito rico.
Fonte: Vatican News
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