Dom Paulo Cezar Costa Arcebispo de Brasília |
Jesus age pela força do Espírito de Deus
O texto do Evangelho deste domingo (Mc 3, 20-35) mostra a reação dos contemporâneos de Jesus à sua missão, principalmente à sua ação de exorcista. O texto vai mostrando progressivamente as reações e, ao mesmo tempo, a clareza de Jesus diante da sua missão de colocar em movimento o Reino de Deus por obra do Espírito Santo que age Nele.
Num primeiro momento, tem-se a atitude da multidão que se apinhou, de modo que Ele não podia nem se alimentar (Mc 3, 20). A multidão é capaz de intuir o novo de Deus que está acontecendo, ao contrário dos seus familiares que “quando tomaram conhecimento disso, saíram para detê-lo, por que diziam: ele está fora de si” (Mc 3, 21). Possivelmente a intervenção dos Seus familiares se devesse às noticias que recebiam sobre a Sua doutrina e a Sua atividade: a grande liberdade de Jesus diante das antigas tradições rabínicas e sua rejeição da casuística desumana dos fariseus. Não queriam ver o nome da família desonrado. Foram atrás de Jesus para agarrá-Lo e levá-Lo de volta para o clã.
Agora entram em cena os escribas que haviam descido de Jerusalém; parece uma delegação oficial que veio de Jerusalém, a capital religiosa do país, para julgar os fatos que estão acontecendo na Galileia. Mas já dão logo a sentença: Ele tem Beelzebul, é pelo chefe dos demônios que Ele expulsa os demônios. Jesus os chama para junto de Si e lhes fala em parábolas. Jesus mostra que se o reino de satanás está dividido caminhará para a ruína. Aí está o absurdo da argumentação dos escribas vindo de Jerusalém. E Jesus continua falando por meio de imagens, agora mostrando que a casa de um homem forte só poderá ser saqueada se aparecer um mais forte do que ele para amarrá-lo e saqueá-lo. Jesus liberta os possessos pelo demônio por que é mais forte do que satanás. Está no meio dos homens alguém que domina satanás, porque é mais forte do que ele. O pecado contra o Espírito Santo consiste no fechamento à percepção de que aquilo que está acontecendo em Jesus de Nazaré é obra do Espírito Santo, enquanto os escribas atribuem a satanás. O pecado contra o Espírito Santo reside no não querer perceber a obra de Deus, atribuindo-a a satanás.
No momento seguinte, temos a família de Jesus que chega e manda chamá-Lo. Jesus vai mostrar quais são seus verdadeiros familiares: “quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe” (Mc 3, 35). Sua família tem agora uma dimensão maior do que a mera consanguinidade, pois o critério para fazer parte é a busca da vontade de Deus. É este o grande critério para entender a mensagem de Jesus. A multidão que está sentada ao Seu redor (Mc 3, 34) é apresentada como gente que busca realizar a vontade de Deus: “e perpassando com o olhar os que estavam sentados ao seu redor disse…” (Mc 3, 34).
Peçamos a graça, neste domingo, de sermos homens e mulheres que buscam viver da vontade de Deus, pois este é o grande critério para sermos membro do povo de Deus, para a verdadeira oração (Mt 6, 10), uma vez que é justamente isto o que pedimos no Pai Nosso, todos os dias, quando rezamos.
Por Dom Paulo Cezar Costa - Arcebispo de Brasília
Fonte: Arquidiocese de Brasília
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