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O Reino de Deus: caminho de gratuidade
Neste domingo, temos diante de nós duas parábolas explicando o Reino de Deus. Jesus está se dirigindo à multidão e usa a linguagem das parábolas. A parábola tem a capacidade de velar e desvelar. Ela, ao mesmo tempo que tem uma linguagem de fácil compreensão, tornando mais compreensível o ensinamento de Jesus, revelando-o, tem também a capacidade de velar o ensinamento. Tanto que quando fica sozinho, com os discípulos, Jesus lhes explica tudo.
Na primeira parábola, aquela da semente que germina por si só (Mc 4,26-29), Jesus compara o Reino de Deus a um homem que lançou a semente por terra: ele dorme e acorda, de noite e de dia, mas a semente cresce e germina, sem que ele saiba como. O semeador lançou a semente, mas depois não lhe é exigido qualquer trabalho até a colheita. Jesus lançou a semente, o domínio régio divino começou, e seguirá o seu percurso (G. BARBAGLIO, Jesus, Hebreu da Galiléia, 286). Esta parábola mostra que a Basiléia vem e já se pode experimentar sua penetração redentora, perceptível unicamente por quem a contempla numa atitude de fé. Isso teve o seu início com Jesus e tem o seu futuro Nele (J. Gnilka, El Evangelio segun San Marcos, 215).
Na segunda parábola, a do grão de mostarda (Mc 4,30-32), Jesus compara o Reino com o grão de mostarda, que quando é semeado na terra – sendo a menor de todas as sementes da terra quando é semeada -, cresce e torna-se maior que todas as hortaliças, e deita grandes ramos, a tal ponto que as aves do céu se abrigam à sua sombra. O Reino aqui é apresentado como algo minúsculo destinado a crescer no tempo até tornar-se uma grande realidade. O relato da parábola rege-se pelo contraste “a menor” x “a maior”, que significa a situação de partida e de chegada. O centro da parábola está nestes dois pontos. Porém, entre a menor e a maior há uma ligação necessária: sem semente, não há nenhum arbusto; e o arbusto está, potencialmente, já presente na semente. Quem vê a semente semeada no campo está seguro de que verá o seu crescimento (G. BARBAGLIO, Jesus, Hebreu de Galiléia, 285). Nos gestos e nas palavras de Jesus, o Reino realmente está presente sob o signo da pequenez, de pequenos inícios, do nada aos olhos humanos. Mas o grande sucesso do Reino de Deus nascerá e abarcará os povos do mundo.
O Evangelista enfatiza que “Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender” (Mc 4, 33). Poder compreender mostra a bondade de Jesus, pois era uma maneira de tornar acessível ao povo simples os mistérios mais profundos do Reino de Deus. Entretanto, há o antagonismo, pois o Evangelho termina dizendo que quando estava sozinho explicava tudo para os discípulos. O povo compreendia o que podia, mas aos discípulos, Jesus os faz irem entrando, com profundidade, nos mistérios profundos do Reino de Deus.
Que o encontro com estas parábolas nos ajude a perceber e a viver da grandeza do Reino de Deus, em Jesus de Nazaré. E nos faça recuperar a gratuidade do dom divino, percebendo que o Reino não são esquemas ideológicos e políticos, mas é o caminho de gratuidade de Deus se envolvendo com os homens e dos homens se envolvendo no projeto de Deus, numa resposta de amor.
Fonte: Arquidiocese de Brasília
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