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"Comentando o Evangelho da viúva
de Naim, o Papa Francisco também disse que a Igreja é, de fato, a “esposa” de
Jesus, mas «o seu Senhor foi embora e o seu único tesouro é o seu Senhor ». A
Igreja, portanto, é a «viúva que reza, intercede por seus filhos. Mas o coração
da Igreja está sempre com seu Esposo, com Jesus».
Jackson Erpen – Cidade do
Vaticano
A Constituição dogmática Lumen Gentium sobre
a Igreja tem guiado as reflexões do padre Gerson Schmidt* neste
nosso espaço. O sacerdote gaúcho vem aprofundando as imagens da Igreja
apresentadas neste importante documento do Concílio Vaticano II. No último
programa, padre Gerson falou sobre os fundamentos onde “a esponsalidade de
Cristo com a Igreja” se ancoram nas Sagradas Escrituras. No programa de hoje,
ele aprofunda este tema, falando sobre “A esponsalidade da Igreja nos
sinóticos¹”:
"Estamos aprofundando o tema
da esponsalidade de Cristo com a Igreja, tendo como pano de fundo a imagem
da Lumen Gentium da Igreja como “esposa de Cristo”. No Novo
Testamento, distintos testemunhos nos dão a compreensão da Nova Aliança com
característica nupcial, na qual Cristo é o Esposo da Igreja. Importa apresentar
esse percurso do Novo Testamento, com o estudo dos principais textos para uma
fundamentação da união esponsal entre Deus e a Igreja. Por isso, queremos ver
nos evangelhos sinóticos (=que significa semelhantes - Mt, Mc
e Lc) alguns textos sobre esse aspecto esponsal, buscando descobrir essa
realidade do mistério nupcial de Cristo com sua Igreja-esposa.
Em Mateus 9, 15, Jesus responde
aos discípulos de João, quando ao questionamento sobre o jejum de seus
discípulos: “Por acaso podem os amigos do noivo estar de luto enquanto o noivo
está com eles? Dias virão, quando o noivo lhes será tirado; então, sim,
jejuarão”. O termo noivo ou esposo não é apenas uma comparação, senão uma
autodesignação de Jesus² Jesus se dá a conhecer como o noivo, o Messias
esperado para realizar a aliança esponsal de Deus com seu povo. Portanto, não é
mera analogia, mas autorrevelação de sua identidade.
Também em Mc 2, 19-20, o próprio
Jesus designa-se como o Esposo (cf. Lc 12, 35-36; Mt 25, 1-13; Jo 3, 29),
cumprindo assim o que os profetas tinham dito anteriormente às relações de Deus
com o seu povo (cf. Os 2, 18-22; Is 54, 5ss.). Os Apóstolos são os companheiros
do Esposo nas núpcias e convidados a participar com Ele do banquete nupcial, na
alegria do Reino dos Céus (cf. Mt 22, 1-14). Já no v. 20 de Marcos (2,20) Jesus
Cristo anuncia que o Esposo será arrebatado do meio deles: “Dias virão em que o
noivo lhes será tirado e então jejuarão naquele dia”. É a primeira alusão
que Ele faz de sua Paixão e Morte (cf. Mc 8, 31; Jo 2, 19; 3, 14). Noutras
passagens, Jesus compara o Reino dos céus a um banquete organizado por um rei
para o casamento do filho (cf. Mt 22, 2), ou então das virgens saindo ao
encontro do esposo que chega (cf. Mt 25, 1-13), ou a servos que esperam seu
senhor voltar das núpcias (cf. Lc 12, 36). Em todos esses textos, é
interessante perceber a ausência da esposa. Diversamente do Antigo Testamento,
que se fixava no comportamento da esposa, o olhar dado no Novo Testamento
concentra-se em Jesus.
A parábola de Mt 22,2s, que fala
do banquete nupcial, deixa compreender que Jesus fala de Si mesmo, pondo em
relevo a verdade acerca do Reino de Deus, que Ele mesmo traz ao mundo.
Conforme comentário do Papa João Paulo II sobre essa parábola³, apresenta-se
aqui, para todos os convidados do seu tempo e de todos os tempos, a necessidade
de uma atitude digna da vocação recebida, simbolizada pela veste nupcial que
devem vestir aqueles que entendem participar no banquete, a tal ponto que quem
não a veste é afastado do rei, ou seja, de Deus Pai que chama para a festa de
seu Filho na Igreja.
Comentando o Evangelho da viúva
de Naim, o Papa Francisco também disse que a Igreja é, de fato, a “esposa” de
Jesus, mas “o seu Senhor foi embora e o seu único tesouro é o seu
Senhor”. A Igreja, portanto, é a “viúva que reza, intercede por seus
filhos. Mas o coração da Igreja está sempre com seu Esposo, com Jesus”"⁴.
*Padre Gerson Schmidt foi
ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e
Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela
FAMECOS/PUCRS.
_____________________________________
¹ Cf. M. MAGNOLFI et alii, “A
revelação do mistério da Igreja Esposa”, in: A Igreja no seu Ministério/I. São
Paulo: Editora Cidade Nova, 1984, p. 136
² Cf. JOÃO PAULO II, “A Igreja
delineada como Esposa pelos Evangelhos”, in: L’Osservatore Romano, ed.
Portuguesa, n. 50, 15 dez. 1991, p. 20.
³ Papa Francisco, homilia em 23
de novembro de 2015.
⁴ Papa Francisco, homilia em 23 de novembro de
2015.
Fonte: Vatican News
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