A viagem do prelado em 2019, após rompimento da barragem | Vatican News |
No
final do seu mandato, o secretário do Dicastério para o Serviço do
Desenvolvimento Humano Integral, dom Bruno-Marie Duffé, volta a percorrer os
pontos marcantes dos seus 4 anos de trabalho, entre eles, como enviado ao
Brasil após o rompimento da barragem que matou mais de 270 pessoas. Em
entrevista ao Vatican News, o convite a novas formas de se relacionar num mundo
frenético e angustiado para dar espaço à esperança.
Hélène Destombes, Gabriella Ceraso e Andressa
Collet – Vatican News
A viagem feita por dom Bruno-Marie Duffé em 2019 a
Brumadinho/MG, como enviado ao Brasil do Dicastério para o Serviço do
Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano, após o rompimento da barragem que
causou a morte de mais de 270 pessoas, foi um dos marcos importantes na missão
de 4 anos como secretário. Desde julho, dom Duffé, da diocese de Lyon, terminou
o seu mandato no dicastério, liderado pelo cardeal Peter Turkson, um cargo
ocupado em junho de 2017 com a nomeação do Papa Francisco.
Proximidade e reciprocidade, assim, são
consideradas as palavras-chave da avaliação que dom Duffé faz destes anos, em
entrevista concedida à redação francesa do Vatican News. Ele falou
principalmente dos tempos modernos em que define como marcados pelo "grande
desafio da convivência, do reconhecimento e do acolhimento recíproco" que
nos coloca no cume, posicionados entre "violência e ruptura" ou
"diálogo e encorajamento mútuo".
Convivência e acolhimento: desafios
dos tempos modernos
Grande parte do trabalho do secretário do
dicastério nos últimos anos foi relativo ao problema da "saúde",
essencialmente por causa da pandemia e da decisão do Papa de criar uma Comissão
Covid-19. Dom Duffé ressalta que essa experiência tem demostrado cada vez mais
claramente como as questões de saúde, de ecologia e do social estejam
profundamente ligadas e conduzam ao que Francisco pediu, ou seja, a uma
"redescoberta da criação". E todos os atores, todas as esferas, todas
as religiões, são importantes nesse sentido: todos podem contribuir para
"construir, reconstruir e implantar um novo modo de relações entre nós e
um novo modo de diálogo entre todos" em harmonia com a criação.
Memória dos valores, uma bússola para
todos
Mas como implementá-la e por onde começar? Dom
Duffé, também citando a experiência vivida na América Latina, enfatiza o
conceito de "memória", de "revisitar a nossa memória". Ele
afirma que, na nossa memória coletiva e pessoal, "temos um certo número de
elementos que podem nos ajudar a pensar sobre esse novo modelo. Não se trata de
voltar ao passado", explica ele, "mas de revisitar os valores e as
referências que temos", começando por recuperar um sentido do ‘limite’ e
do ‘ritmo’ em uma época que dom Duffé vê como ‘frenética’. Um dos desafios de
hoje é justamente este. "Memória, esperança e solidariedade
concreta", diz ele, "são como uma bússola que poderíamos oferecer a
todos”.
Reforma do Vaticano: não só normas,
mas identidade da Igreja
Finalmente,
uma reflexão sobre a reforma iniciada pelo Papa, que, longe de ser puramente
estrutural ou administrativa ou mesmo normativa, deve ser entendida em termos
de "dinâmica da missão e da presença da Igreja no mundo
contemporâneo". A imagem que o prelado adota é a do Pontífice abrindo
"caminhos e perspectivas" para que todos os batizados possam ser
atores na missão. "Somos uma Igreja”, diz ele, “em meio a um mundo
ansioso, às vezes até angustiado. Somos uma Igreja que é chamada a oferecer
presença, atenção, misericórdia e cuidado com as pessoas. E esse é o
significado dessa reforma".
Fonte: Vatican News
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