Gregory Asner mostra ao Papa Francisco um mapa da biodiversidade (@VaticanMedia) |
Após
o encontro do Papa Francisco com os membros do Movimento Laudato si', o
cientista Gregory Asner explicou ao Vatican News que a ciência pode oferecer
ferramentas no esforço de pesquisar e combater as mudanças climáticas.
Devin Watkins - Cidade do Vaticano
https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2021/08/26/14/136159559_F136159559.mp3
“Laudato si’ fala
para as pessoas de uma forma que um cientista não consegue. O Papa Francisco
realmente nos dá um presente para comunicar onde a ciência atua na ecologia
integral, como parte de uma responsabilidade maior”.
Essa observação resume para um cientista a
contribuição do Papa para a promoção da ecologia integral entre pessoas de
todas as religiões.
De acordo com Gregory Asner, cientista do clima e
da biodiversidade nascido nos Estados Unidos, fé e ciência podem trabalhar
juntas na questão das mudanças climáticas e não se opor, como se pode observar
na Encíclica do Papa de 2015.
Asner, que é diretor da School of
Geographical Sciences & Urban Planning (Tempe, Arizona) e
entre 1995 e 2005 mapeou o desmatamento ilegal na Amazônia - falou com nosso
colega Jean-Charles Putzolu após uma delegação do Movimento Laudato Si (novo
nome Movimento Global Católico pelo Clima desde julho) ser recebida pelo Papa
Francisco na quinta-feira, 26. Encontro do qual participaram duas lideranças
indígenas da terra indígena Maró, oeste do Pará.
Fé e ciência trabalham juntas
“Ouvindo o Papa Francisco, a Igreja e Laudato
si’, vejo um entendimento de que [a questão da mudança climática e da
biodiversidade] é crítica”, disse Asner. “Temos que desempenhar um papel na
melhoria das nossas condições em todo o planeta para as pessoas e para a
natureza.”
A ciência e a fé, acrescentou ele, podem
“absolutamente” trabalhar juntas para atingir esse objetivo.
Em suas viagens por muitas nações do mundo, o
cientista se depara muitas vezes com a ideia de que ciência e fé se opõem uma à
outra.
Ele observa, no entanto, que sua formação mostrou
que as duas são importantes, mas por razões diferentes.
“A fé nos dá bússola, compreensão e muito mais do
que a ciência nos dará”, disse Asner. “Mas a ciência nos dá algo único:
ferramentas.”
As ferramentas oferecidas pela ciência,
acrescentou, podem nos ajudar a passar dos pontos A para B e melhorar nosso
mundo.
A ciência oferece ferramentas
Referindo-se a seu próprio país, os Estados Unidos,
Asner disse que muitas vezes ouve pessoas quase elevando a questão mudança
climática ao nível de crença, dizendo "Eu não acredito nas mudanças
climáticas".
Sua resposta é que as mudanças climáticas não são
uma crença, mas uma medição científica que usa ferramentas.
“É difícil para as pessoas perceberem que a ciência
não está em combate com a crença; é um instrumento, uma ferramenta, uma forma
de navegar para a frente”, disse ele, oferecendo o exemplo de ligar os faróis
de um carro durante a condução à noite. “Eles apenas me mostram para onde ir.”
Laudato si' preenche uma lacuna
A Encíclica Laudato si’, de acordo com
Asner, preenche a lacuna entre a fé e a ciência, chamando-a de "uma
perspectiva única".
A mentalidade do Papa, disse ele, é que as duas
trabalhem juntas. “A crença - seja qual for o sistema de crença com o qual você
se associa - não pode ignorar o fato de que a ciência está falando alto, nos
dizendo que temos que mudar nossos hábitos, a maneira como estamos consumindo
os recursos da terra e mudar o estresse que colocamos nos ecossistemas, na
biodiversidade, e o clima.”
Ele
defende que a humanidade deve "assumir a responsabilidade pelo que nos foi
dado - esta terra - e cuidar dela."
Fonte: Aleteia
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