Papa Francisco no Ângelus | Vatican News |
"Não
nos surpreendamos se Jesus Cristo nos coloca em crise. Aliás, nos preocupemos
se não nos coloca em crise, porque talvez tenhamos diluído sua mensagem! E
peçamos a graça de nos deixar provocar e converter por suas ‘palavras de vida
eterna’", disse Francisco no Angelus deste domingo, 22 de agosto, XXI
Domingo do Tempo Comum. "Que Maria Santíssima, que carregou seu Filho
Jesus na carne e se uniu a seu sacrifício, nos ajude a dar sempre testemunho de
nossa fé com a vida concreta", rezou o Papa.
Raimundo de Lima - Vatican News
“Não devemos buscar Deus em sonhos e imagens de
grandeza e poder, mas devemos reconhecê-lo na humanidade de Jesus e,
consequentemente, na dos irmãos e irmãs que encontramos no caminho da vida.”
Foi o que disse o Papa na alocução que precedeu o
Angelus, ao meio-dia deste XXI Domingo do Tempo Comum, este 22 de agosto,
rezando a oração mariana com os fiéis e peregrinos presentes na Praça são
Pedro.
Jesus, o verdadeiro pão descido do
céu, o pão da vida
Explicando a Liturgia do dia, Francisco destacou
que o Evangelho (Jo 6, 60-69) nos mostra a reação da multidão e dos discípulos
ao discurso de Jesus após o milagre dos pães. Jesus convidou a interpretar esse
sinal e a acreditar n’Ele, que é o verdadeiro pão descido do céu, o pão da
vida; e revelou que o pão que Ele dará é sua a carne e o seu sangue.
Estas palavras, disse o Santo Padre, soam duras e
incompreensíveis aos ouvidos do povo, tanto que, a partir daquele momento,
muitos de seus discípulos voltam atrás, ou seja, deixam de seguir o Mestre.
Então Jesus pergunta aos Doze: "Não quereis também vós partir?", e
Pedro, em nome de todo o grupo, confirma a decisão de ficar com Ele:
"Senhor, a quem iremos? Tens palavras de vida eterna e nós cremos e reconhecemos
que tu és o Santo de Deus".
O Pontífice deteve-se brevemente na atitude
daqueles que se retiram e voltam para trás, decidindo não seguir mais Jesus. De
onde nasce essa descrença? Qual é o motivo desta recusa? – perguntou Francisco.
O escândalo da encarnação de Deus
“As palavras de Jesus causam grande escândalo: Ele
está dizendo que Deus escolheu manifestar-se e trazer a salvação na fraqueza da
carne humana. A encarnação de Deus é o que suscita escândalo e que representa
para estas pessoas - mas muitas vezes também para nós - um obstáculo. De fato,
Jesus afirma que o verdadeiro pão da salvação, que transmite a vida eterna, é
sua própria carne; que para entrar em comunhão com Deus, antes de observar as
leis ou cumprir os preceitos religiosos, é preciso viver uma relação real e
concreta com Ele.”
O Santo Padre prosseguiu ressaltando que Deus se
fez carne e sangue: abaixou-se ao ponto se tornar homem como nós, humilhou-se a
ponto de assumir nosso sofrimento e nosso pecado, e nos pede para procurá-lo, portanto,
não fora da vida e da história, mas no relacionamento com Cristo e com os
irmãos e irmãs.
"Loucura" do Evangelho
Ainda hoje, a revelação de Deus na humanidade de
Jesus pode causar escândalo e não é fácil de aceitar. É o que São Paulo chama
de "loucura" do Evangelho diante daqueles que buscam os milagres ou a
sabedoria do mundo (cf. 1 Cor 1, 18-25).
E este "escândalo" é bem representado
pelo sacramento da Eucaristia: que sentido pode haver, aos olhos do mundo,
ajoelhar-se diante de um pedaço de pão? Por qual motivo se alimentar
assiduamente deste pão?
“Diante do gesto prodigioso de Jesus que alimenta
milhares de pessoas com cinco pães e dois peixes, todos o aclamam e querem
levá-lo em triunfo. Mas quando Ele mesmo explica que esse gesto é sinal de seu
sacrifício, ou seja, do dom de sua vida, de sua carne e de seu sangue, e que
aqueles que querem segui-lo devem assimilá-lo, sua humanidade dada por Deus e
pelos outros, então não, esse Jesus não agrada mais”, observou o Papa.
Deixemo-nos colocar em crise
"Não nos surpreendamos se Jesus Cristo nos
coloca em crise. Aliás, nos preocupemos se não nos coloca em crise, porque
talvez tenhamos diluído sua mensagem! E peçamos a graça de nos deixar provocar
e converter por suas 'palavras de vida eterna'", frisou Francisco.
Após
a oração mariana, o Pontífice saudou os fiéis presentes na praça provenientes
de vários países e de diferentes regiões da Itália. Havia também numerosos
grupos de jovens aos quais o Papa dirigiu seu encorajamento para trilhar no
caminho do Evangelho.
Fonte: Vatican News
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