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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

O que são as “lágrimas de São Lourenço” que surgem no céu em agosto?

Shutterstock | Belish
Por Francisco Vêneto

Há um elemento poético na associação da chuva de meteoros de agosto com as "lágrimas luminosas" do mártir São Lourenço.

As “lágrimas de São Lourenço” que surgem no céu em agosto são uma chuva de meteoros provocada pelo cometa Swift-Tuttle, que, na sua órbita de 133 anos ao redor do sol, libera poeira e detritos na órbita terrestre. Esses detritos acabam sendo queimados ao entrar em contato com atmosfera da Terra, motivo pelo qual não representam um perigo relevante para as pessoas.

É na queda e na queima desses detritos que consistem as “lágrimas de São Lourenço”, que receberam esse nome em referência ao santo cuja festa litúrgica celebramos no dia 10 de agosto: é por volta dessa data que costuma ocorrer o pico dessa chuva de meteoros, mais visível no hemisfério norte entre o final de julho e a metade de agosto. Durante o pico, podem chegar a ser vistos mais de sessenta meteoros por hora.

Jay Huang | CC BY 2.0
As “lágrimas de São Lourenço” também recebem outro nome: as Perseidas, termo que se refere ao aparente ponto de origem dos meteoros na constelação de Perseu, que, por sua vez, traz esse nome em referência a um célebre personagem da mitologia grega.

Lágrimas de São Lourenço

Falando em referências, há um elemento poético na associação da chuva de meteoros com as “lágrimas luminosas” de São Lourenço, um dos mais conhecidos mártires da história do cristianismo primitivo. O santo era um de sete diáconos condenados à morte sob uma cruel perseguição promovida pelo imperador romano Valentino contra os cristãos e, particularmente, contra os sacerdotes cristãos de Roma.

O próprio Papa, que era Sisto II, havia sido martirizado no dia 6 de agosto de 258, situação em que Lourenço acabou se tornando provisoriamente a principal autoridade da Igreja em Roma porque participava da administração da comunidade. Ele próprio seria martirizado apenas quatro dias depois do Papa, em 10 de agosto.

E o seu martírio foi chocantemente cruel: São Lourenço foi queimado vivo sobre uma grelha.

Jacobello del Fiore – Domínio Público
Pouco antes, os seus carrascos lhe haviam ordenado que apresentasse todas as riquezas da Igreja, da qual era o administrador. Lourenço levou até as autoridades um grupo de pessoas deficientes, doentes e pobres, afirmando que eles eram “a verdadeira riqueza da Igreja”.

Famoso pelo bom humor, o diácono deu outro testemunho extraordinário de serenidade e entrega pessoal nas mãos de Deus quando já sofria a tortura do martírio do fogo: entre suas últimas palavras, conta a tradição popular que ele disse aos seus carrascos: “Virem-me, porque já estou bem assado deste lado”.

Vem do martírio de São Lourenço, por mais brutal que tenha sido, o “elemento poético” da associação entre ele e a chuva de meteoros desta época do ano: o povo cristão contava que os detritos em chamas que rasgavam os céus simbolizavam as brasas que martirizaram São Lourenço, cujas lágrimas no martírio eram de dor, sim, mas também de esperança em Deus e na vida eterna.

Shutterstock | Benjamin Schaefer
Fonte: Aleteia

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF