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sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Os ensinamentos de São Josemaría sobre o sacerdócio (Parte 2/5)

Presbíteros
Os Ensinamentos de São Josemaría sobre o sacerdócio: uma resposta aos desafios de um mundo secularizado

1. «Todos os sacerdotes somos Cristo».

Eucaristia e identificação com Cristo.

Certamente são os leigos que, de modo capilar, fazem presente a Cristo nas encruzilhadas do mundo. Ao mesmo tempo, a vida de Cristo que se inicia no Batismo necessita do ministério sacerdotal para desenvolver-se. A grandeza do sacerdote consiste em que se lhe foi concedido o poder de vivificar, de cristificar. O sacerdote é “instrumento imediato e diário dessa graça salvadora que Cristo ganhou-nos”. O sacerdote traz a Cristo “a nossa terra, a nosso corpo e a nossa alma, todos os dias: Cristo vem para alimentar-nos, para vivificar-nos” (São Josemaría, Homilia Sacerdote para a eternidade, 13.IV.1973).

Como pastor de almas e como dispensador dos mistérios de Deus (cf. 1Co 4, 1), o sacerdote, especialmente num mundo indiferente à fé, deve alentar a todos para que progridam em direção à santidade, sem rebaixar – por covardia ou por falta de fé – o horizonte do mandato divino: sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito (Mt 5, 48). O sacerdote orientará a outros nesse caminho à santidade se ele mesmo reconhece esse imperativo, e se é consciente de que Deus colocou em suas mãos os meios para alcança-lo. O grande desafio para o sacerdote consiste em identificar-se com Cristo no exercício do seu ministério sacerdotal, para que muitos outros também busquem esta configuração com o Senhor, no desempenho das suas tarefas habituais.

A identificação com Cristo sacerdote fundamenta-se no dom do sacramento da Ordem, e se desenvolve na medida em que o sacerdote põe nas mãos de Cristo tudo o que ele é. Isso acontece de modo paradigmático e excelente durante a celebração da Eucaristia. Na Missa, o sacerdote empresta seu ser a Cristo para trazer a Cristo. São Josemaría expressava esta verdade com uma força singular:

“Ao chegar ao altar a primeira coisa que pensa é: Josemaría, tu não é Josemaría Escrivá de Balaguer (…): és Cristo (…). É Ele quem diz: isto é o meu Corpo, isto é o meu Sangue, é Ele que consagra. Se não, eu não poderia fazê-lo. Ali se renova de modo incruento o divino Sacrifício do Calvário. De maneira que estou ali inpersona Christi, fazendo as vezes de Cristo” (São Josemaría, Anotações tomadas…, cit.).

Esta identificação com o Senhor é uma característica essencial da vida espiritual do sacerdote. Como dizia São Gregório Magno, “nós que celebramos os mistérios da paixão do Senhor, temos que imitar o que fazemos. E então a hóstia ocupará nosso lugar diante de Deus, se nos fazemos hóstias nós mesmos” (São Gregório Magno, Lib. Dialogorum, 4, 59, citado em São Josemaría Escrivá de Balaguer, Carta 8-VIII-1956, n. 17).

A inteira existência sacerdotal se orienta ao que o próprio eu diminua, para que cresça Cristo no presbítero: ocultar-se, sem buscar protagonismo, para que apareça somente a eficácia salvadora do Senhor; desparecer, para que Cristo se faça presente através do exercício abnegado e humilde do ministério. Ocultar-se e desaparecer (São Josemaría, Camino, edición crítico-histórica preparada por P. Rodríguez, 3ª edición, Rialp, Madrid 2004, p. 945) é uma fórmula que São Josemaría gostava muito. Convida especialmente ao sacerdotes a preferir o sacrifício escondido e silencioso (São Josemaría, Caminho, n. 185.) às manifestações ostentosas ou chamativas.

Paradoxalmente, para contrarrastar a ausência de Deus num mundo secularizado, São Josemaría propõe aos sacerdotes, não tanto uma forte atividade pública, com a sua correspondente ressonância mediática, senão, simplesmente, ocultar-se e desaparecer. Deste modo, ao desaparecer o “eu” do sacerdote, se propagará a presença de Cristo no mundo, segundo a lógica divina que se manifesta na celebração da Eucaristia.

“Parece-me que aos sacerdotes se nos pede a humildade de aprender a não estar de moda, de ser realmente servos dos servos de Deus – lembrando-nos daquele grito de João Batista: illum oportet crescere, me autem minui (Jn 3, 30); convém que Cristo cresça e que eu diminua –, para que os cristãos correntes, os leigos, façam presente, em todos os ambientes da sociedade, a Cristo (…). Quem pensa que, para que a voz de Cristo faça-se ouvir no mundo de hoje, é necessário que o clero fale ou se faça sempre presente, não entendeu muito bem a dignidade da vocação divina de todos e de cada um dos fiéis cristãos” (São Josemaría, Conversaciones, n. 59).

A existência sacerdotal consiste em colocar tudo o que é próprio a mercê de Deus: emprestar a voz ao Senhor, para que Ele fale; emprestar-lhe as mãos, para que Ele atue; emprestar-lhe o corpo e a alma, para que Ele cresça no sacerdote e, através do seu ministério, em cada um dos fiéis cristãos. Diante dos desafios do nosso mundo, São Josemaría, ensina aos sacerdotes humildade e abnegação: colocar inteiramente a disposição do Senhor o próprio eu.

+ Javier Echevarría / Prelado do Opus Dei

Fonte: https://www.presbiteros.org.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF