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sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Tertuliano de Cartago: Tratado sobre a Oração (Parte 2/11)

Tertuliano de Cartago | Veritatis Splendor
Tratado sobre a Oração

II

“Pai que estais no céu”

1. Começamos por um testemunho sobre Deus e pelo efeito da fé, quando dizemos: “Pai, que estás no céu”. De fato, aí não só oramos a Deus, mas também mostramos a nossa fé, que tem por consequência chamá-lo de Pai. Como está escrito, “Àqueles que creem em Deus, foi-lhes dado o poder de ser chamados filhos de Deus” (Jo 1,12).

2. Aliás, o Senhor, muitas vezes, nos faz saber que Deus é Pai. Até mesmo ordenou que a ninguém chamemos de Pai sobre a terra (cf. Mt 23,9), mas só Àquele que temos no céu. Portanto, ao orar desta forma, cumprimos também um preceito.

3. Felizes aqueles que reconhecem o Pai. Eis o que Deus censura a Israel, eis o que afirma, chamando por testemunhas o céu e a terra: “Gerei filhos, e eles não me reconheceram” (Is 1,2).

4. Dizendo, pois, Pai, damos a Deus o seu nome, termo que significa atitude filial e autoridade.

5. Dizendo Pai, invocamos também o Filho. O Senhor disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30).

6. Nem mesmo a Mãe Igreja é preterida, pois no Filho e no Pai reconhecemos também a Mãe, que nos atesta o nome do Pai e do Filho.

7. Assim, por esta única relação de afinidade, adoramos a Deus, cumprimos o preceito e condenamos os que esquecem seu Pai.

III

Cristo nos revela o Pai

1. O nome de Deus como Pai, antes, a ninguém fora revelado. Mesmo a Moisés, que perguntara a Deus seu nome, um outro nome foi dito. Quem no-lo revelou foi o Filho. É preciso que haja o nome do Filho, para de novo termos o nome do Pai. O Senhor disse: “Eu vim em nome de meu Pai” (Jo 5,43). E ainda: “Pai, glorifica o teu nome” (Jo 12,28). E ainda mais claramente: “Eu manifestei o teu nome aos homens” (Jo 17,6).

“Santificado seja o teu nome”

2. Pedimos, pois, que esse nome seja santificado. Não que caiba aos homens desejar o bem a Deus, como se alguém lhe possa dar qualquer coisa. Ou que Deus passe necessidade, sem os nossos votos. Mas é muito conveniente que Deus seja bendito em todo tempo e lugar pelo homem. Com efeito, todos os homens devem se lembrar, sem cessar, dos benefícios divinos. Este pedido tem a função de bendizer a Deus.

3. Quando, aliás, deixa o nome de Deus de ser santo e santificado por si mesmo? Não é, acaso, por meio dele, que os outros são santificados? Os anjos em torno de Deus não cessam de dizer: Santo, Santo, Santo! Da mesma forma, também nós, destinados a viver em companhia dos anjos, se o merecermos, aprendemos desde já na terra, este louvor a Deus, assim como aprendemos o que faremos no futuro, na glória.

4. Eis o que se refere à glória de Deus. Mas, o que é que pedimos para nós, ao dizer: “Santificado seja o teu nome”? Pedimos, na realidade, que ele seja santificado em nós, que o ouvimos, e também naqueles que Deus ainda aguarda com a sua graça. Assim, orando por todos, observamos igualmente um outro preceito evangélico, que é de rezar por todos, mesmo os nossos inimigos (cf. Mt 5,44). Não dizendo que o nome de Deus seja santificado em nós, estamos dizendo que ele seja santificado em todos.

Fonte: https://www.veritatis.com.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF