"Amor e autodoação de Cristo caracterizam o processo salvífico proclamado pela fé tradicional da Igreja" (AFP or licensors) |
“A
união entre Cristo e a Igreja supera em muito a união conjugal em intimidade,
força e duração. A união entre homem e mulher é uma imagem da união entre
Cristo e a Igreja”. O amor de Cristo pela Igreja, como modelo para o amor dos
esposos, é único no Novo Testamento.
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
“A imagem ideal da noiva-esposa sugere a linguagem
simbólica: a Igreja é uma esposa maravilhosa, cheia de brilho, sem mancha, como
a noiva do Livro do Cântico dos Cânticos 4,7, uma jovem, portanto sem rugas nem
defeitos.” Padre Gerson Schmidt* tem nos apresentado uma série
de programas sobre a esponsalidade de Cristo com a Igreja, usando para
fundamentar suas reflexões diversas passagens das Sagradas Escrituras. Nos
últimos programas, o sacerdote gaúcho falou sobre a esponsalidade de
Cristo nos Sinóticos, no Evangelho de São
João, no Apocalipse de
São João e na Carta aos
Efésios. No programa de hoje, o tema é “A esponsalidade de Cristo
nas outras cartas paulinas”:
"Segundo Paulo, o relacionamento entre homem e
mulher, como se descreve em Gênesis, é um esboço prévio do relacionamento entre
Cristo e a Igreja. Ele ampliou a imagem do Antigo Testamento do Deus-Esposo,
aplicando-a a Jesus Cristo. “O projeto do amor esponsal que remonta à primeira
criação é uma parábola da aliança salvífica manifestada agora na nova criação”.
São João Paulo II, numa das audiências sobre a Teologia do Corpo, dizia assim:
“É óbvio que a analogia do amor terrestre, humano, do marido para com a mulher,
do amor humano esponsal, não pode oferecer compreensão adequada e completa
daquela Realidade absolutamente transcendente, que é o mistério divino, tanto
no seu ocultar-se há séculos em Deus, como na sua realização
"histórica" no tempo, quando "Cristo amou a Igreja e se deu a si
mesmo por ela" (Ef 5, 25)[1]. “A união entre Cristo e a Igreja supera em
muito a união conjugal em intimidade, força e duração. A união entre homem e
mulher é uma imagem da união entre Cristo e a Igreja” [2]. O amor de Cristo
pela Igreja, como modelo para o amor dos esposos, é único no Novo Testamento.
Já comentamos aqui a esponsalidade de Cristo na
carta aos Efésios. Também ela se expressa nas outras cartas, como em
Colossenses 1, 22 e Gálatas 2, 20 para delinear a ideia de Cristo que se
entrega pelos demais. Também, conforme a segunda carta aos Coríntios 11, 2,
Paulo apresenta a imagem de Igreja como casta esposa de Cristo.
“O amor de Cristo pela Igreja se manifesta e se
realiza em sua autodoação por ela. Amor e autodoação de Cristo caracterizam o
processo salvífico proclamado pela fé tradicional da Igreja (cf. 5, 2). O
efeito histórico desse amor pela Igreja é expresso por duas proposições: para
torná-la santa... fez aparecer diante de si uma Igreja plena de esplendor...” [3]
A entrega de Cristo levou-o à morte na cruz. Em
Paulo, a Igreja é apresentada como a esposa de Cristo. Cristo, por sua morte,
elevou-a à dignidade de noiva e esposa (cf. Ef 5, 2; Gl 1, 4; 2, 20; 1Tm 2, 6;
Tt 2,14; At 12, 28). A doação de Jesus Cristo à sua esposa no sacrifício da
cruz, na ressurreição e na vinda do Espírito Santo, não foi um ato acontecido
uma única vez, um ato transitório. Tal doação jamais termina, visto que seu
amor jamais se cansa. Ele vive sempre para sua esposa; Ele cuida carinhosamente
dela como seu próprio “eu”; Ele a alimenta com a força de sua palavra. Mas,
principalmente pela sua própria carne e sangue na Eucaristia. Dando-lhe seu
corpo e seu sangue, torna-se realmente um corpo com ela.
Lê-se: “... a fim de purificá-la com o banho da
água e santificá-la pela Palavra...” (v. 26). Ora, esse texto torna-se
fundamental para a compreensão do sacramento do batismo, onde somos
purificados, santificados pela Palavra e nascemos para Cristo como um povo da
Nova Aliança que se dá na Igreja, sua esposa. A terminologia mostra influência
do ambiente cultural e litúrgico, com reminiscência de antigas práticas ou
ritos nupciais. Em todo o caso, essas imagens tornam-se símbolo de outra coisa,
no contexto parabólico, que transfigura todos os detalhes a partir de uma visão
religiosa. O banho de purificação é o batismo, mediante o qual a Igreja foi não
só lavada e purificada, mas também santificada, ou seja, eleita e consagrada e,
portanto, escolhida como parceira da aliança com o Cristo Senhor.
A imagem ideal da noiva-esposa sugere a linguagem
simbólica: a Igreja é uma esposa maravilhosa, cheia de brilho, sem mancha, como
a noiva do Livro do Cântico dos Cânticos 4,7, uma jovem, portanto sem rugas nem
defeitos.
Segundo Paulo, o relacionamento entre homem e
mulher, como se descreve em Gênesis, é um esboço prévio do relacionamento entre
Cristo e a Igreja. Ele ampliou a imagem do Antigo Testamento do Deus-Esposo,
aplicando-a a Jesus Cristo. “O projeto do amor esponsal que remonta à primeira
criação é uma parábola da aliança salvífica manifestada agora na nova criação”.
São João Paulo II, numa das audiências sobre a Teologia do Corpo, dizia assim:
“É óbvio que a analogia do amor terrestre, humano, do marido para com a mulher,
do amor humano esponsal, não pode oferecer compreensão adequada e completa
daquela Realidade absolutamente transcendente, que é o mistério divino, tanto
no seu ocultar-se há séculos em Deus, como na sua realização
"histórica" no tempo, quando "Cristo amou a Igreja e se deu a si
mesmo por ela" (Ef 5, 25) [1]. “A união entre Cristo e a Igreja supera em
muito a união conjugal em intimidade, força e duração. A união entre homem e
mulher é uma imagem da união entre Cristo e a Igreja” [2]. O amor de Cristo
pela Igreja, como modelo para o amor dos esposos, é único no Novo Testamento.
Já comentamos aqui a esponsalidade de Cristo na
carta aos Efésios. Também ela se expressa nas outras cartas, como em
Colossenses 1, 22 e Gálatas 2, 20 para delinear a ideia de Cristo que se
entrega pelos demais. Também, conforme a segunda carta aos Coríntios 11, 2,
Paulo apresenta a imagem de Igreja como casta esposa de Cristo.
“O amor de Cristo pela Igreja se manifesta e se
realiza em sua autodoação por ela. Amor e autodoação de Cristo caracterizam o
processo salvífico proclamado pela fé tradicional da Igreja (cf. 5, 2). O
efeito histórico desse amor pela Igreja é expresso por duas proposições: para
torná-la santa... fez aparecer diante de si uma Igreja plena de esplendor...” [3]
A entrega de Cristo levou-o à morte na cruz. Em
Paulo, a Igreja é apresentada como a esposa de Cristo. Cristo, por sua morte,
elevou-a à dignidade de noiva e esposa (cf. Ef 5, 2; Gl 1, 4; 2, 20; 1Tm 2, 6;
Tt 2,14; At 12, 28). A doação de Jesus Cristo à sua esposa no sacrifício da
cruz, na ressurreição e na vinda do Espírito Santo, não foi um ato acontecido
uma única vez, um ato transitório. Tal doação jamais termina, visto que seu
amor jamais se cansa. Ele vive sempre para sua esposa; Ele cuida carinhosamente
dela como seu próprio “eu”; Ele a alimenta com a força de sua palavra. Mas,
principalmente pela sua própria carne e sangue na Eucaristia. Dando-lhe seu
corpo e seu sangue, torna-se realmente um corpo com ela.
Lê-se: “... a fim de purificá-la com o banho da
água e santificá-la pela Palavra...” (v. 26). Ora, esse texto torna-se
fundamental para a compreensão do sacramento do batismo, onde somos
purificados, santificados pela Palavra e nascemos para Cristo como um povo da
Nova Aliança que se dá na Igreja, sua esposa. A terminologia mostra influência
do ambiente cultural e litúrgico, com reminiscência de antigas práticas ou
ritos nupciais. Em todo o caso, essas imagens tornam-se símbolo de outra coisa,
no contexto parabólico, que transfigura todos os detalhes a partir de uma visão
religiosa. O banho de purificação é o batismo, mediante o qual a Igreja foi não
só lavada e purificada, mas também santificada, ou seja, eleita e consagrada e,
portanto, escolhida como parceira da aliança com o Cristo Senhor.
A imagem ideal da noiva-esposa sugere a linguagem
simbólica: a Igreja é uma esposa maravilhosa, cheia de brilho, sem mancha, como
a noiva do Livro do Cântico dos Cânticos 4,7, uma jovem, portanto sem rugas nem
defeitos."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de
janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é
graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
________________________
[1] JOÃO PAULO II, AUDIÊNCIA GERAL, Quarta-feira,
29 de Setembro de 1982.
[2] SCHMAUS, Michael. A fé na Igreja, Vol. IV,
Petrópolis, 1983, p.62-63.
[3] R. FABRIS. As cartas de Paulo III: Tradução e
comentários. São Paulo: Loyola, 1992, p. 196.
Fonte: Vatican News
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