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sábado, 4 de setembro de 2021

Comportamento: Será que você é uma pessoa tóxica?

E+ Estadão

POR LUCIANA KOTAKA

29/08/2021

É interessante nos olharmos com mais critério e avaliarmos se estamos nos comportando de forma tóxica.

Conviver com pessoas tóxicas é uma tarefa desafiadora pois não conseguimos prever as suas reações, e quando menos esperamos algo acontece. Um comentário, um grito e a agressividade são demonstrados e atravessam a nossa alma. No começo nem sempre se mostram, principalmente em ambientes em que estão desprotegidos, mas aos poucos vão cometendo deslizes e revelando ao mundo as dores que carregam dentro de si mesmas.

Conseguimos enxergar o mundo interno da pessoa tóxica em situações em que os gatilhos são ativados e ela não se contêm, coloca para fora toda a raiva que sente, mágoas, traumas e frustrações que estavam controlando e direcionando em outra pessoa, no primeiro alvo fácil que cruzar a sua frente.

Normalmente são pessoas controladoras, não sabem relaxar, aquietar o coração, ouvir o que vem de dentro. Usam da comida, da bebida, do sexo, do cigarro, do trabalhar demais como mecanismos de defesa com intuito de amortecer todas as dores que estão contidas em seu sistema, precisam explodir para relaxarem. Algo aí precisa ser trabalhado e curado, é preciso tomar consciência do comportamento tóxico e então buscar ajuda profissional.

Infelizmente essa é uma realidade que raramente se concretiza, quem é tóxico foge da terapia, não tem tempo para essas frescuras como eles mesmo dizem, se acham bem resolvidos. Esse é o maior desafio, porque não tem como dialogar sem causar mais fricções, até a nossa tentativa de ajuda pode ser motivo de mais brigas e perdas de controle.

Por trás de todo comportamento agressivo há uma pessoa que foi muito ferida, que sentiu na pele as dores da agressão, os seus machucados estão à flor da pele, qualquer movimento não calculado, um esbarrão, o irá fazê-lo pular de dor. Pode ter sido uma infância difícil, adolescência, vida adulta, mas com certeza há um sistema cheio de muita dor e medo. Foram desrespeitadas em sua essência, podadas, controladas, usadas e manipuladas.

Muitas podem ser as situações que deixaram cicatrizes profundas e não podemos jamais julgá-las de acordo com os nossos crivos, pois cada um sabe o quanto foi machucado, qual o impacto que essas experiências deixaram em suas vidas. Essas pessoas vão desenvolvendo ferramentas internas para saírem do conflito, usam máscaras para enfrentarem a dor diariamente, e uma dessas máscaras é a agressividade querendo dizer para você não chegar muito perto.

Cada situação deve ser olhada com muito cuidado, é muito fácil para quem está de fora achar que sabe como resolver a situação, mas para a pessoa tóxica não é, pois se vê engolida pelos traumas, há uma forma negativa de enxergar a vida. A esperança, a alegria, os sonhos foram minados em algum momento, então é preciso que ela busque ajuda, ela faça esse movimento de cura. Às vezes o orgulho fala mais alto e a pessoa morre em sua dor, vai somente sobrevivendo dia após dia, mas é uma escolha.

Para quem está de fora olhando e sendo exposto a essas situações não é fácil manter o equilíbrio, também vamos nos intoxicando, nos sentimos acuados e agredidos. Pessoas que têm baixa autoestima são altamente impactadas e acabam sendo os principais alvos, assumem erros que não são seus, desistem de seus sonhos pois são frequentemente minados em suas ações, começam a morrer em vida por não terem força de cortarem essas relações tão destrutivas.

Todas as pessoas envolvidas com a pessoa tóxica podem precisar de ajuda, é saudável que procurem profissionais especializados em comportamento humano para ressignificarem as suas feridas, e assim se fortalecerem para seguirem em frente aprendendo a darem limites e serem respeitadas.

Fonte: https://emais.estadao.com.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF