Mamerto Esquiú, da Ordem dos Frades Menores, bispo de Córdoba (Argentina) |
Frei Mamerto Esquiú se
distinguiu em dois aspectos principais que caracterizam a espiritualidade
franciscana: no primeiro, porque foi um protagonista ativo da restauração da
vida comunitária dos franciscanos de seu tempo; na minoridade, porque quando a
fama o fez correr o risco de ficar 'confortável' na sociedade de seu tempo,
fugiu e preferiu uma vida de oração, estudo e missão em Tarija, na Bolívia, por
cinco anos.
Isabella Piro – Vatican
News
Um homem que "sabia
como responder aos desafios de seu tempo". Com estas palavras o ministro
da Província franciscana da Assunção da Bem-aventurada Virgem do Rio da Prata,
na Argentina, Fr. Emilio Andrada, define a principal característica de seu
confrade, Fr. Mamerto Esquiú (1826- 1883), que será beatificado neste sábado, 4
de setembro. A cerimônia terá lugar na esplanada da Igreja de “San José de
Piedra Blanca”, em Catamarca.
“A fraternidade e
minoridade são traços distintivos da espiritualidade franciscana - explica o
ministro provincial -. Frei Mamerto Esquiú se distinguiu em ambos os aspectos:
no primeiro, porque foi um protagonista ativo da restauração da vida
comunitária dos franciscanos de seu tempo; na minoridade, porque quando a fama
o fez correr o risco de ficar 'confortável' na sociedade de seu tempo, fugiu e
preferiu uma vida de oração, estudo e missão em Tarija, na Bolívia, por cinco
anos”.
Ao mesmo tempo,
acrescenta frei Emilio, Fr. Mamerto sabia enfrentar os desafios de sua época e
não tinha o temor de "dizer aos dirigentes do país o que era mais
apropriado fazer", em um período histórico em que a Argentina havia
conquistado recentemente sua independência.
“Foi obediente à Ordem e
filho fiel da Igreja”, continua o ministro provincial, falando de alguns
pormenores da beatificação: “Na nossa igreja de 'San Francisco de Catamarca',
onde será abençoado um altar em honra a Fra 'Esquiú, também será colocada uma
relíquia formada por uma partícula de seu coração."
Trata-se de um fragmento
particularmente precioso, porque a relíquia inteira do coração foi roubada e
nunca mais encontrada. Aquilo que resta, portanto, é somente esta pequena
partícula. Por fim, Frei Andrada reitera desde já o compromisso da Ordem
Franciscana de trabalhar pela canonização do falecido confrade, que foi
"um de nós e nos mostrou um caminho válido para alcançar a
santidade".
Nascido em 11 de maio de
1826 em San José de Piedra Blanca, Mamerto de la Ascensión Esquiú recebeu a fé
e a devoção a São Francisco de Assis desde os 5 anos, graças aos ensinamentos
maternos. Ingressou na Ordem dos Frades Menores e em 31 de maio de 1836 iniciou
os estudos e o noviciado no convento franciscano de Catamarca. Em 1842 emitiu a
profissão solene na Ordem, sendo ordenado sacerdote em 18 de outubro de 1848.
Após uma breve
experiência no mundo da escola, trabalhou no âmbito da concórdia social e da
unidade do povo argentino nos difíceis anos da guerra que, em pleno ano de
1800, levou à formação do país moderno. É famoso seu sermão proferido durante a
celebração do "Juramento da Constituição" em 9 de julho de 1853,
centrado na oração pela união de todo o povo argentino, que o presidente Justo
José de Urquizalodò mandou imprimir e distribuir em todo o país.
Em seu ministério, o
religioso se destacou por sua doutrina e autoridade, propondo a santidade como
coração da vida sacerdotal e do compromisso cristão. Fundamento de sua
extraordinária atividade pastoral é a intensa vida de oração e união com
Cristo.
Nomeado bispo de Córdoba
em 1880, faleceu em 10 de janeiro de 1883, provado pelo desgaste e fadiga. Foi
declarado Venerável em 2006, enquanto em 19 de junho de 2020 o Papa Francisco
autorizou a Congregação para as Causas dos Santos a promulgar o
decreto sobre um milagre atribuído à sua intercessão, dando assim o nulla
osta para sua futura beatificação. O milagre ocorreu na Diocese de
Tucumán, Argentina, em 2016, em uma menina com grave osteomielite do fêmur.
E será o arcebispo
emérito de Tucumán, cardeal Luis Héctor Villalba, a presidir a cerimônia de
beatificação. Para o domingo, estão previstas duas Missas de Ação de Graças: a
primeira na Basílica de Catamarca, presidida pelo bispo local, Dom Luis Urbanc,
enquanto a segunda será na Catedral de Córdoba.
A recordar que no dia 10
de janeiro a Diocese de Catamarca inaugurou um ano especial dedicado a frei
Mamerto. A data foi escolhida para comemorar o 138º aniversário da morte do
religioso.
Fonte: Vatican News Service - IP
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