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Certa vez, uma garotinha escreveu ao ilustre autor com uma pergunta difícil. Mas a resposta é sensacional.
Em 1969, J.R.R. Tolkien recebeu uma carta de uma garotinha chamada Camilla. As crianças, como aprendi ao longo de muitos anos dando aulas de catecismo, farão perguntas desconcertantemente difíceis se um adulto for imprudente o suficiente para permitir isso. Esta carta em particular não é exceção. Camilla tinha uma pergunta simples e incrivelmente difícil de responder para o autor de “O Senhor dos Anéis”: “Qual é o propósito da vida?”
Às vezes, quando uma criança me faz uma pergunta capciosa durante a aula de catecismo (“quando Deus morreu, os animais choraram?”, por exemplo), eu tenho que ter um momento de silêncio para recompor meu juízo antes de responder.
Tolkien claramente também precisou de algum tempo para pensar, já que começou sua resposta à Camilla assim: “Lamento que minha resposta tenha demorado”.
Depois de se maravilhar com a pergunta difícil que ela fez, ele se esforça ao máximo para respondê-la com seriedade.
Qual é o propósito da vida?
Ele começa devagar e vai construindo uma longa e lógica cadeia de pensamentos. A pergunta é complexa, portanto, a resposta deve abranger toda a nossa experiência. Em outras palavras, não se pode ser puramente teórico. Deve-se fazer sentido, ser prático e aceitável para a lógica implacável de uma criança. Só assim podemos começar a compreender o propósito oculto de nossa existência, que tanto nos incomoda.
Tolkien começa com seres humanos. Isso faz sentido. Afinal, a questão é sobre o propósito humano. Ele escreve: “Eu acho que as perguntas sobre ‘propósito da vida’ só são realmente úteis quando se referem aos propósitos conscientes ou objetos de seres humanos.”
Em outras palavras, essa é uma questão sobre nós e sobre como interagimos com o mundo, por que estamos aqui e como devemos interagir com tudo o mais.
Os seres humanos são peculiares pelo fato de até mesmo fazermos essa pergunta. Nosso desejo de saber nosso propósito de vida revela que temos uma mente que funciona de maneira diferente de qualquer outra criatura. Afinal, formigas, borboletas e lobos nunca questionam o significado de sua existência. Eles simplesmente se enterram, voam e caçam.
Na verdade, segundo Tolkien, nosso intelecto revela seu propósito. Somos nós que ficamos tão fascinados com o que significa ser uma formiga e o que separa uma formiga de uma aranha. Nós as observamos e estudamos suas ações. Nós as classificamos e escrevemos poemas e contos morais sobre elas. Sem nós, a flora e a fauna apenas existem. Conosco, têm uma dignidade que lhes é própria.
Deus e o propósito da existência
O próximo passo, Tolkien diz a Camilla, é buscar uma mente que seja semelhante à nossa, uma mente reconhecível por nós como a fonte de nosso intelecto. E esta é Deus. Da mesma forma que nosso intelecto confere dignidade aos animais, a mente de Deus concede dignidade e propósito a nós.
Assim que começarmos a levar a sério a ideia de Deus, também levaremos a sério a religião e a moralidade. Ambas são guias para o conhecimento do nosso propósito, pois são guias para conhecer melhor a Deus. Quanto melhor conhecermos a Deus, que nos concede propósito, mais floresceremos. A religião e a moralidade também fortalecem nosso vínculo com outras pessoas. Esses laços revelam nossos talentos, autodesenvolvimento e, o mais importante, abnegação e amor.
Além desta vida
Tolkien expande a questão. Qual é o propósito de nossas vidas além desta? Por que fomos criados, para onde vamos e como chegaremos lá?
A única coisa que ele sabe é que, para até mesmo fazer a pergunta e acreditar que há uma resposta em algum lugar, Deus deve existir. Então, no final, ele recai na ideia de contemplar o mundo ao nosso redor. Se Deus detém a chave para responder à pergunta sobre qual é o propósito da vida, então é lógico que nosso propósito é aprender mais e mais sobre Deus a cada dia.
Quanto mais soubermos sobre ele, mais perto estaremos de responder à pergunta. Escreve ele: “Portanto, pode-se dizer que o propósito principal da vida para qualquer um de nós é aumentar – de acordo com nossa capacidade – nosso conhecimento de Deus por todos os meios que temos”.
Uma resposta maravilhosa! Nosso propósito é conhecer a Deus, amá-lo e viver todos os dias com gratidão e louvor.
Fonte: https://pt.aleteia.org/
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