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sábado, 4 de setembro de 2021

PAIS DA IGREJA: São Gregório Magno (Parte 2/7)

S. Gregório Magno | ECCLESIA

São Gregório Magno

«Antologia»

«Dou-lhes a vida eterna»

Homilia 14 sobre o Evangelho

Aquele que é bom, não por um dom recebido mas por natureza, diz-nos: "Eu sou o bom Pastor". E continua, para que imitemos o modelo que nos deu da sua bondade: "O bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas" (Jo 10.11). No seu caso, Ele realizou o que tinha ensinado; mostrou o que tinha ordenado. Bom Pastor, Ele deu a vida pelas suas ovelhas, para mudar o seu corpo e sangue em nosso sacramento e saciar com o alimento da sua carne as ovelhas que tinha resgatado. Mostrou o caminho a seguir: desprezou a morte. Eis diante de nós o modelo a que temos de nos conformar. Em primeiro lugar, gastar-nos exteriormente com ternura pelas suas ovelhas; em seguida, se for necessário, oferecer-lhes a nossa morte.

Ele acrescenta: "Eu conheço - quer dizer, amo - as minhas ovelhas e elas conhecem-me". É como se dissesse de uma forma mais clara: "Quem me ama, siga-me!", porque quem não ama a verdade é porque ainda a não conhece. Vede, irmãos caríssimos, se sois verdadeiramente as ovelhas do bom Pastor, vede se O conheceis, vede se vos apropriais da luz da verdade. Não falo da apropriação pela fé mas pelo amor; vede se vos apropriais não pela vossa fé mas pelo vosso comportamento. Porque o mesmo evangelista João, que nos transmitiu esta palavra, afirma ainda: "Quem diz que conhece Deus e não guarda os seus mandamentos, é um mentiroso" (1 Jo 2,4) É por isso que, no nosso texto, Jesus acrecenta logo a seguir: "Assim como o Pai me conhece, Eu conheço o Pai e dou a vida pelas minhas ovelhas", o que equivale a dizer claramente: o facto de que Eu conheço o meu Pai e sou conhecido por Ele consiste em que Eu dê a vida pelas minhas ovelhas. Por outras palavras: este amor que me leva a morrer pelas minhas ovelhas mostra até que ponto Eu amo o Pai.

«O Reino dos céus está em nós»

Homilia 14 sobre o Evangelho

Jesus disse no Evangelho: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu conheço-as, elas seguem-me e eu dou-lhes a vida eterna” (Jo 10,27). Um pouco acima, ele tinha dito: “Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem” (v. 9). Porque entra-se pela fé, mas sai-se da fé pela visão face a face; passando da crença à contemplação, encontraremos pastagens para um repouso eterno.

São pois as ovelhas do Senhor quem tem acesso às pastagens, porque aquele que sai na simplicidade de coração recebe em alimento uma erva sempre verde. O que são estas pastagens das ovelhas senão as alegrias profundas de um paraíso sempre verdejante? A pastagem dos eleitos é o rosto de Deus presente, contemplado numa visão sem sombra; a alma sacia-se sem fim deste alimento de vida.

Nestas pastagens os que escaparam à rede dos desejos deste mundo são cumulados eternamente. Lá, canta o coro dos anjos, lá são reunidos os habitantes dos céus. Lá, é uma festa bem doce para os que regressam depois dos seus trabalhos numa triste estadia no estrangeiro. Lá se encontram o coro dos profetas de olhos penetrantes, os doze apóstolos juízes, a armada vitoriosa dos inumeráveis mártires tanto mais felizes quanto foram aqui em baixo rudemente afligidos. Nesse lugar, a constança dos confessores da fé é consolada recebendo a sua recompensa. Lá se encontram os homens fieis a quem os prazeres deste mundo não puderam amolecer a força de alma, as santas mulheres que venceram toda a fragilidade ao mesmo tempo que a este mundo; lá estão as crianças que pela sua maneira de viver se elevaram acima dos seus anos, os anciãos que a idade não pôde enfraquecer aqui em baixo e que a força para trabalhar não abandonou. Irmãos bem amados, ponhamo-nos em busca dessas pastagens onde seremos felizes em companhia de tantos santos.

FONTE:

Evangelho Cotidiano

Fonte: https://www.ecclesia.org.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF