S. Gregório Magno | ECCLESIA |
São Gregório Magno
«Antologia»
«Não se pode servir a dois senhores»
Escritos morais sobre Job, 34
Querer pôr a esperança e a confiança em bens passageiros é querer fazer fundações em água corrente. Tudo passa ; Deus permanece. Agarrarmo-nos ao que é transitório é desligarmo-nos do que é permanente. Quem, portanto, levado no turbilhão agitado de um rápido, consegue manter-se firme em seu lugar, nessa torrente fragorosa? Se quisermos recusar-nos a ser levados pela corrente, temos de nos afastar de tudo o que corre ; senão o objecto do nosso amor constranger-nos-á a chegar ao que precisamente queremos evitar. Aquele que se agarra aos bens transitórios será certamente arrastado até onde vão ter, à deriva, essas coisas a que se apega.
A primeira coisa a fazer é pois abstermo-nos de amar os bens materiais ; a segunda, não pormos total confiança naqueles bens que nos são confiados para ser usados e não para ser desfrutados. A alma que se prende a bens perecíveis, apenas, depressa perde a sua própria estabilidade. O turbilhão da vida actual arrasta quem nele se deixa ir, e é uma tonta ilusão, para aquele que é levado nesta corrente, nela querer manter-se de pé.
«As nossas candeias apagam-se»
Homilias sobre os Evangelhos, 12
"As cinco virgens loucas, ao tomarem as suas candeias, não levaram azeite consigo; as prudentes, com as suas candeias, levaram azeite nas almotolias". O azeite designa aqui o esplendor da glória; as almotolias são os nossos corações, onde guardamos todos os nossos pensamentos. As virgens prudentes levam azeite nas almotolias, porque guardam na sua consciência todo o esplendor da sua glória, tal como diz S. Saulo: "O que faz a nossa glória, é o testemunho da nossa consciência" (2 Co 1,12). As virgens loucas, pelo contrário, não levam azeite consigo, porque não guardam a sua glória no segredo do coração, isto é, pedem-na aos louvores dos outros.
"Mas, no meio da noite, ouviu-se um brado: 'Eis o esposo que vem, ide ao seu encontro!'" Então todas as virgens se levantam. Mas as candeias das virgens loucas apagam-se porque as suas obras, que, de fora, pareciam resplandecentes aos olhos dos homens, por dentro não são mais que trevas à chegada do Juiz; e não recebem de Deus nenhum a recompensa, considerando que já receberam dos homens os louvores de que gostavam.
«Jesus começou a fazer censuras
às cidades que não se tinham convertido»
Exposição sobre os sete salmos da penitência
Gritemos com David; ouçamo-lo chorar e vertamos lágrimas com ele. Vejamos como se corrige e alegremo-nos com ele: “Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa misericórdia” (Ps 50, 3).
Coloquemos diante dos olhos da nossa alma um homem gravemente ferido, quase prestes a exalar o seu último suspiro, que jaz nu sobre o pó do caminho. No seu desejo de ver chegar um médico, geme e pede àquele que compreende o estado em que se encontra que tenha piedade dele. Ora, o pecado é um ferimento da alma. Tu, que és esse ferido, compreende que o teu médico se encontra dentro de ti, e descobre-lhe as chagas dos teus pecados. Que Ele oiça os gemidos do teu coração, Ele que conhece todos os pensamentos secretos. Que as tuas lágrimas o comovam e, se for preciso procurá-Lo com uma certa insistência, do fundo do teu coração, faz subir até Ele suspiros profundos. Que a tua dor chegue até Ele e que também a ti te digam, como a David: “O Senhor apagou o teu pecado”.
“Tende piedade d e mim, Senhor, segundo a vossa misericórdia”. É pouca a misericórdia que atraem sobre si aqueles que fazem diminuir a sua falta porque não conhecem esta grande misericórdia. Por mim, caí pesadamente, pequei com conhecimento de causa. Mas Tu, médico todo-poderoso, Tu corriges aqueles que Te desprezam, instruis aqueles que ignoram a sua falta e perdoas àqueles que Ta confessam.
FONTE:
Evangelho Cotidiano
Fonte: https://www.ecclesia.org.br/
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