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Em sua fala no Dia Mundial das Comunicações Sociais, pontífice valorizou o jornalismo de qualidade e criticou a distorção intencional de informação na internet.
São muitos os problemas que a humanidade enfrenta nos dias de hoje, boa parte deles novos, com os quais, historicamente, não aprendemos a lidar, advindos da tecnologia, do crescimento populacional e dos desafios geopolíticos dos novos tempos. Entre eles, três podem ser destacados como os principais e com estreita relação entre si: a crise do novo coronavírus, a polarização política e, acirrando ainda mais os dois primeiros, o fenômeno da desinformação.
Foi a este último que o Papa Francisco se dirigiu no Dia Mundial das Comunicações Sociais, por ocasião da 54ª Jornada Mundial das Comunicações Sociais, que teve como tema “Vinde ver”: Comunicar encontrando as pessoas como e onde estão, tirado do livro João 1, versículo 46.
Novas mídias
Atualmente, em meio à avalanche de desinformação que o mundo atravessa, o que contribui diretamente com a polarização política, o que, por sua vez, prejudica a divulgação de informações verdadeiras sobre as medidas e os protocolos de contenção do novo coronavírus, redes sociais como Facebook e Twitter e ferramentas como WhatsApp são apontados como principais responsáveis. Em sua mensagem, o papa alertou quanto a este problema:
“Se é verdade que a internet constitui uma possibilidade extraordinária de acesso ao saber, verdade é também que se revelou como um dos locais mais expostos à desinformação e à distorção consciente e pilotada dos fatos e relações interpessoais, a ponto de muitas vezes cair no descrédito”.
Agradecimento aos jornalistas
O pontífice ainda reconheceu a importância do jornalismo de qualidade no sentido de levar informação a respeito da situação dos menos favorecidos e mais suscetíveis aos problemas socioeconômicos trazidos pela pandemia. Ele agradeceu aos profissionais de comunicação pela coragem e determinação ao retratar realidades tão distintas em todos os cantos do planeta:
“O próprio jornalismo, como exposição da realidade, requer a capacidade de ir aonde mais ninguém vai: mover-se com desejo de ver. Uma curiosidade, uma abertura, uma paixão. Temos que agradecer à coragem e determinação de tantos profissionais (jornalistas, operadores de câmara, editores, cineastas que trabalham muitas vezes sob grandes riscos), se hoje conhecemos, por exemplo, a difícil condição das minorias perseguidas em várias partes do mundo, se muitos abusos e injustiças contra os pobres e contra a criação foram denunciados, se muitas guerras esquecidas foram noticiadas. Seria uma perda não só para a informação, mas também para toda a sociedade e para a democracia, se faltassem estas vozes: um empobrecimento para a nossa humanidade”, afirmou.
Gastar sola
Ao mesmo tempo em que enalteceu a categoria, Papa Francisco criticou o modo preguiçoso como muitas empresas de comunicação divulgam informações nos dias de hoje, baseada em pesquisas na internet, com cada vez menos apuração em campo:
“A crise do setor editorial pode levar a informações construídas nas redações, na frente do computador, nos terminais das agências, nas redes sociais, sem nunca sair para a rua, sem gastar as solas dos sapatos, sem encontrar as pessoas para encontrar histórias”, afirmou.
Responsabilidade coletiva
Além de nos informarmos pelos veículos reconhecidos de imprensa, temos papel importante e uma responsabilidade coletiva no controle da disseminação desenfreada de fake news. Antes de compartilhar uma notícia ou qualquer conteúdo nas redes sociais ou pelo WhatsApp, sempre dê um Google para checar se aquela informação foi veiculada nas plataformas tradicionais, cruze os dados e veja se ela ainda se sustenta. Na dúvida, não compartilhe.
Fonte: Aleteia
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