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domingo, 31 de outubro de 2021

A Bíblia aprova o culto dos santos

Editora Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

As bases bíblicas do culto aos Santos estão desde o Antigo Testamento.

Até o século II a.C. os judeus acreditavam na existência do Hades ou Cheol e no adormecimento da consciência dos defuntos num lugar subterrâneo, incapazes de serem punidos ou contemplados. Mas a partir do século II a.C. esta concepção foi abandonada pelo povo de Israel, passando a crer que a consciência dos irmãos falecidos continuava lúcida e que eles vivem como membros do seu povo, e solidários com os fiéis peregrinos na terra, e intercedendo por eles.

Pode-se ver isto claramente, por exemplo, no texto de Macabeus (II Mac 15, 7-17). Vemos nele que Jeremias, o profeta falecido no século VI a.C., aparece a judas Macabeu no século II a.C., juntamente com o Sumo Sacerdote Onias (também já falecido), como “o amigo de seus irmãos, aquele que muito ora pelo povo, pela cidade santa, Jeremias, o profeta de Deus”.

Diz a “Bíblia de Jerusalém” em nota de rodapé a 2Mc 15, 14: “Esse papel conferido a Jeremias e a Onias é a primeira atestação da crença numa oração dos justos falecidos em favor dos vivos”.

No Novo Testamento esta consciência da intercessão dos santos é fortalecida. Na epístola aos Hebreus, o autor recorda os justos do Antigo Testamento, e mostra a sua solidariedade com os ainda vivos na terra. Ele imagina esses justos colocados num estádio como que a torcer pelos irmãos ainda existentes neste mundo; constituem uma densa nuvem de torcedores interessados. São testemunhas que nos acompanham nesta luta de hoje:

“Portanto também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto” (Hb 12,1).

Os mortos não estão dormindo Os protestantes em sua maioria ensinam que os mortos estão “dormindo” e que somente na volta de Jesus haverá a ressurreição de todos; portanto, para eles, não há ninguém no Céu ainda, mesmo que seja apenas com a alma, como ensina a Igreja Católica. Ora, desde os primórdios da Igreja ela acredita na imortalidade da alma, e que cada pessoa é julgada por Deus, imediatamente após a morte, recebendo já o seu destino eterno. E isto é muito claro nas Sagradas

A Carta aos Hebreus diz claramente, “como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo” (Hb 9,27).

Isto foi definido como dogma de fé pelo Papa Bento XII em sua Constituição “Benedictus Deus” no ano de 1336, e o Concílio universal de Florença, na Itália, as reafirmou em 1439, na seguinte declaração:

“As almas daqueles que, depois do Batismo, não se tiverem manchado em absoluto com alguma mancha de pecado, assim como as almas que, depois de contraída alguma mancha de pecado, tiverem sido purificadas ou no corpo ou fora do corpo., essas almas todas são recebidas no céu e vêem claramente o próprio Deus em sua Unidade e Trindade, como Ele é; umas, porém, vêem mais perfeitamente do que outras, conforme a diversidade de méritos de cada qual. Quanto às almas daqueles que morrem com pecado atual e mortal. sem demora são punidas no inferno por penas que variam para cada qual” (Denzinger, Enquiridio 693).

O Concílio Vaticano II pela Constituição dogmática “Lumen Gentium” confirmou esta doutrina:

“Até que o Senhor venha na sua majestade e todos os anjos com ele (cf Mt 25,31), e até que lhe sejam submetidas, com a destruição da morte, todas as coisas (cf. 1Cor 15,26-27), alguns dos seus discípulos peregrinam na terra, outros, já passados desta vida, estão se purificando, e outros vivem já glorificados, contemplando “claramente o próprio Deus, uno e trino, tal qual é”; todos, porém, ainda que em grau e de modo diversos, comungamos na mesma caridade para com Deus e para com o próximo, e cantamos o mesmo hino de glória ao nosso Deus.

Em virtude da sua união mais íntima com Cristo, os bem-aventurados confirmam mais solidamente toda a Igreja na santidade, enobrecem o culto que ela presta a Deus na terra e muito contribuem para que ela se edifique em maior amplitude (cf. 1Cor 12,12-27). Porque foram já recebidos na Pátria e estão na presença do Senhor, (cf 2Cor 5,8) – por ele, com ele e nele – não cessam de interceder em nosso favor junto do Pai, apresentando os méritos que – por meio do único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, (cf. l Tm 2,5). Na verdade, a solicitude fraterna dos bem-aventurados ajuda imenso a nossa fraqueza” (LG, 49). Em Mateus 10,28 Jesus diz: “não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma (‘psyché’); temei, antes, aquele que pode fazer perecer na geena o corpo e a alma”.

A palavra grega “psychè” significa alma; então, o texto afirma a sobrevivência da alma após a destruição do corpo da pessoa. Em Lucas 16,19-51, na parábola do rico e do pobre Lázaro, Jesus apresenta a sobrevivência consciente tanto dos justos como dos injustos. O rico após a morte vai para um lugar de tormento; e o pobre para um lugar de gozo. Isto enquanto a vida continua na terra, quer dizer, antes da volta de Jesus. O rico tinha cinco irmãos que poderiam também se perder também; e mostra que os defuntos sobrevivem após a morte e recebem já o prêmio ou o castigo.

Não se pode dizer que esta parábola é apenas mera ornamentação; ao contrário, traz um ensinamento religioso e doutrinário fundamental.

A ressurreição da carne no último dia, na consumação da História com a volta de Jesus, darão algo mais à felicidade dos justos cujas almas já estão no gozo da presença de Deus. Essas almas se unirão a seus corpos ressuscitados e viverão na plenitude de suas pessoas. A ressurreição da carne completará a ordem e a harmonia que a alma santa já desfruta após a morte.

Vemos em Ap 6, 9-11 que as almas do justos martirizados aspiram, na presença de Deus, à plena restauração da ordem e da justiça violadas pelo pecado; e assim, esperam algo que ainda não aconteceu, e que vai acontecer só na Parusia. Embora elas já estejam revestidas de vestes brancas, que é símbolo da vitória final e da bem-aventurança, continuam a acompanhar a nossa história, aguardando com expectativa o julgamento do Senhor.

“Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra? Foi então dada a cada um deles uma veste branca, e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que estavam com eles para ser mortos” (Ap 6,9-11).

Retirado do livro: “A Intercessão e o Culto dos Santos – Imagens e Relíquias”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.

Fonte: https://cleofas.com.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF