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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

A imagem da Igreja como a nova Eva

"Depois que Cristo, elevado e pregado na cruz, expirou, um
dos soldados golpeou-lhe o lado com a lança e dali
imediatamente brotou sangue e água: daquela água e 
daquele sangue nasce a Igreja toda"

"Muitos santos Padres e Doutores da Igreja veem na mulher, anunciada no proto-Evangelho, a Mãe de Cristo, Maria, como «nova Eva». Os antigos notaram que a saudação de Gabriel, Ave, era o contrário de Eva, nome latino da esposa perfeita que Deus criou para Adão. Mas, essa imagem de Nova Eva, é também atribuída à Igreja, nascida na cruz de Cristo."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

"No termo desta missão do Espírito, Maria torna-se a «Mulher», a nova Eva «mãe dos vivos», Mãe do «Cristo total». É como tal que Ela está presente com os Doze, «num só coração, assíduos na oração», no alvorecer dos «últimos tempos», que o Espírito vai inaugurar na manhã do Pentecostes, com a manifestação da Igreja." (CIC 726).

A Igreja como Esposa de Cristo, como Mãe, como Povo de Deus: estes foram alguns temas aprofundados neste nosso espaço pelo Pe. Gerson Schmidt*, que no último programa nos propôs a reflexão Maria, Mãe da Igreja. Seguindo este percurso de aprofundamento dos conhecimentos sobre a nossa Igreja e os documentos conciliares, vamos ouvir hoje a explanação do sacerdote gaúcho sobre "A imagem da Igreja como a nova Eva":

"A Lumen Gentium nos aponta a fundação da Igreja do lado aberto de Jesus na cruz. Diz assim o número 3 da Constituição Dogmática sobre a Igreja: “A Igreja, ou seja, o Reino de Cristo já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus. Tal começo e crescimento exprimem-nos o sangue e a água que manaram do lado aberto de Jesus crucificado (cfr. Jo. 19,34), e preanunciam-nos as palavras do Senhor acerca da Sua morte na cruz: «Quando Eu for elevado acima da terra, atrairei todos a mim» (Jo. 12,32 gr.). Sempre que no altar se celebra o sacrifício da cruz, na qual «Cristo, nossa Páscoa, foi imolado» (1 Cor. 5,7), realiza-se também a obra da nossa redenção” (LG, 3).

Muitos santos Padres e Doutores da Igreja veem na mulher, anunciada no proto-Evangelho, a Mãe de Cristo, Maria, como «nova Eva» (Catecismo da Igreja Católica, 411; 511;726; 975). Os antigos notaram que a saudação de Gabriel, Ave, era o contrário de Eva, nome latino da esposa perfeita que Deus criou para Adão. Mas, essa imagem de Nova Eva, é também atribuída à Igreja, nascida na cruz de Cristo. Como diz o Catecismo: “A Igreja nasceu primeiramente do dom total de Cristo para nossa salvação, antecipado na Eucaristia e realizado na cruz” (CIC, 766).

São João Crisóstomo, nas “homilias sobre algumas passagens do Novo Testamento”, traduz de forma bem clara essa realidade, dizendo que “assim como Eva saiu do lado de Adão, também nós saímos do lado de Cristo. É isto que quer dizer a expressão “carne da minha carne e osso dos meus ossos” (Gn 2,23). Todos sabemos que Eva foi modelada do lado de Adão, e na Escritura se lê claramente que Deus fez cair sobre Adão um torpor, tirou-lhe uma costela e com ela formou a mulher.

De onde, pois, podemos nós apreender que a Igreja nasceu do lado de Cristo? É ainda a Escritura que nos revela. Depois que Cristo, elevado e pregado na cruz, expirou, um dos soldados golpeou-lhe o lado com a lança e dali imediatamente brotou sangue e água (Jo 19,34): daquela água e daquele sangue nasce a Igreja toda. Ele mesmo nos testemunha isso dizendo: Se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus (Jo 3,5); e aqui chama de Espírito o sangue. Na realidade, nós viemos à luz graças à água do batismo, e depois somos sustentados vivos pelo sangue. Vê, portanto, de que maneira somos carne da sua carne e osso dos seus ossos, a partir do momento em que daquele sangue e daquela água fomos gerados e mantidos em vida?

Como a mulher foi modelada enquanto Adão estava imerso num profundo torpor, num sono pesado, assim a Igreja nasce do lado de Cristo imerso na morte. Mas a mulher não deve ser amada somente pelo fato de ser membro do nosso corpo, e que de nós deriva a sua origem, mas sim e ainda mais porque Deus nos deu um mandamento explícito dizendo: Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe; e se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne (Gn 2,24). Também Paulo nos recorda esta lei para levar-nos de todos os modos a tal amor.

E continua o Bispo São João Crisóstomo nessa comparativa: “depois de ter confirmado esta lei, o apóstolo exclama: Este mistério é grande (Ef 5,32). Dize-me tu, por que é grande? Porque se refere a Cristo e à Igreja. Como o esposo, depois de ter deixado o pai, se apressa a ir ao encontro da esposa, assim Cristo, depois de ter deixado a casa paterna se pôs a caminho do encontro com a sua esposa: não nos chamou a subir às alturas sublimes dos céus, mas ele próprio desceu até nós. Quando então ouves falar da sua vinda, não penses numa mudança de lugar, mas sim numa adequação: ou seja, mesmo estando conosco permanecia com o Pai. Por isso o Apóstolo diz: Este mistério é grande (Ef 5,32). É grande também no que se refere aos homens; no entanto, quando o considero com referência a Cristo e à sua Igreja, então, verdadeiramente, a grandeza do mistério me enche de grande encanto e admiração. Por isso, depois de ter dito: Este mistério é grande (o apóstolo) acrescenta em seguida: refiro-me a Cristo é à Igreja (Ef 5,32)”. "

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Fonte: Vatican News (https://www.vaticannews.va/)

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF