O Papa na Pontifícia Universidade Lateranense com o Patriarca Bartolomeu e a diretora da UNESCO Azoulay (Vatican Media) |
Educação à sustentabilidade: é a temática do encontro na
Universidade Lateranense de Roma realizado nesta quinta-feira (07). Na ocasião
o Papa disse: “A ideia de um ciclo especial de estudos, serve para transformar
mesmo entre os crentes o mero interesse pelo meio ambiente em uma missão
realizada por pessoas formadas, fruto de uma experiência educacional adequada”.
Jane Nogara – Vatican News
Na manhã desta quinta-feira
(07/10) o Papa Francisco participou de um Ato Acadêmico para a Instituição de
um ciclo de estudos sobre o “Cuidado da nossa Casa Comum e a Proteção da
Criação” e da Cátedra UNESCO "Um futuro de educação à sustentabilidade”. O
Papa iniciou seu discurso agradecendo a presença de todos e principalmente do
Patriarca Bartolomeu de Constantinopla “com quem compartilhamos o dever de
proclamar o amor à criação e o compromisso por sua preservação”.
Francisco recordou em seguida
a mensagem em vista da COP26 em Glasgow escrita juntamente com o Patriarca
Bartolomeu e o arcebispo Justin Welby , Primaz da Igreja Anglicana.
“Penso que todos nós estamos conscientes: o mal que
estamos fazendo ao planeta não se limita mais aos danos ao clima, à água e ao
solo, mas agora ameaça a própria vida na Terra. Diante disso, não basta repetir
declarações de princípio que nos fazem sentir bem porque, entre outras coisas,
também estamos interessados no meio ambiente. A complexidade da crise ecológica
exige responsabilidade, concretude e competência.”
A atividade
acadêmica
O Papa ponderou que estas
escolhas recordam a missão original das Universidades onde diversas áreas do
saber se encontram, onde estudantes e professores se reúnem para refletir e
desenvolver criativamente novos caminhos para o futuro: "A atividade
acadêmica - disse ainda o Papa - é chamada a promover uma conversão ecológica
integral a fim de preservar o esplendor da natureza, antes de tudo
reconstruindo a unidade necessária entre as ciências naturais e sociais com o
que é oferecido pela reflexão teológica, filosófica e ética, a fim de inspirar
a norma jurídica e uma saudável visão econômica".
Papa Francisco na Universidade Lateranense |
Em seguida Francisco falou
sobre a presença da mais alta representação da UNESCO no encontro agradecendo
“o objetivo pela atenção ativa que prestou a esta iniciativa ao lançar o
caminho para uma cátedra sobre o Futuro da Educação à Sustentabilidade”. Ao falar sobre
o novo ciclo de estudos em ecologia e meio ambiente lançado na Universidade
Francisco recordou: “Deve ser um ponto de encontro para a reflexão sobre
ecologia integral, capaz de reunir diferentes experiências e pensamentos,
combinando-os através do método de pesquisa científica.
“Desta forma, a Universidade não é apenas uma expressão
da unidade do conhecimento, mas também a depositária de um imperativo que não
tem fronteiras religiosas, ideológicas ou culturais: salvaguardar nossa casa
comum, preservá-la de ações perversas, talvez inspiradas pela política,
economia e educação ligadas ao resultado imediato, em benefício de poucos.”
Interesse deve
se tornar missão
Para uma ecologia integral,
recordou Francisco devemos vincular os objetivos de desenvolvimento sustentável
com uma relação de causa e efeito sem esquecer que “não há ecologia sem uma
antropologia adequada" (Laudato si', 118). Sem uma verdadeira
ecologia integral teremos "um novo desequilíbrio, que não só deixará de
resolver problemas, mas acrescentará novos" (ibidem)”
Portanto:
“A ideia de um ciclo especial de estudos, serve para
transformar até mesmo entre os crentes o mero interesse pelo meio ambiente em
uma missão realizada por pessoas formadas, fruto de uma experiência educacional
adequada.”
Por fim o Papa adverte aos
presentes: “Esta é a maior responsabilidade diante daqueles que, por causa da
degradação ambiental, são excluídos, abandonados e esquecidos. Um trabalho para
o qual as Igrejas, por vocação, e toda pessoa de boa vontade são chamadas a dar
toda a contribuição necessária, fazendo-se a voz daqueles que não têm voz, que
se eleva acima dos interesses partidários e não fica apenas reclamando”.
E concluindo disse: “Abandonemos definitivamente o
‘sempre foi feito assim’, o que não nos torna confiáveis porque gera
superficialidade e respostas que só aparentemente são válidas”. Pelo contrário,
somos chamados a um trabalho qualificado, que exige generosidade e gratuidade
de todos para responder a um contexto cultural cujos desafios exigem concretude,
precisão e capacidade de enfrentá-los”.
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