Antoine Mekary | ALETEIA | I.Media |
Quando as valas foram descobertas, Francisco condenou com veemência o "modelo colonizador" adotado no país.
O Papa Francisco está disposto a visitar comunidades indígenas no Canadá como gesto de reconciliação após o escândalo das recentes descobertas de valas comuns em escolas criadas pelo governo do país para, supostamente, integrar crianças nativas à sociedade canadense. O modelo de “integração”, porém, envolvia graves abusos ao forçar as crianças a se distanciarem bruscamente da sua cultura, tradições e idiomas.
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Embora as escolas pertencessem ao governo canadense, a sua gestão era confiada, na maioria dos casos, a congregações religiosas, muitas delas católicas. Por esta razão, a Igreja foi acusada de conivência ou omissão diante dos abusos e atos de violência, física e psicológica, infligidos às crianças nativas naquelas instituições.
Tais escolas existiram durante décadas no Canadá. As valas comuns que foram achadas contêm restos mortais de crianças falecidas principalmente nos primeiros anos do século XX, na grande maioria dos casos por causas naturais. O que causou profunda indignação não foram as mortes em si, mas a maneira como as crianças eram separadas da família tanto em vida quanto no próprio sepultamento.
Caminho de reconciliação proposto pela Igreja
Ainda que a responsabilidade final pelas escolas e pela sua metodologia era do governo canadense, os bispos católicos do país fizeram publicamente um pedido de desculpas pelas graves falhas cometidas por membros da Igreja na sua gestão.
Além das palavras, a Igreja assumiu compromissos concretos com as comunidades nativas canadenses. Segundo o Vatican News, foram disponibilizados 30 milhões de dólares, em todo o Canadá, durante cinco anos, para financiar programas a serem definidos conjuntamente entre as lideranças indígenas e as dioceses, paróquias e órgãos da Igreja no país. Dom Donald Bolen, arcebispo de Regina, disse que será “um longo caminho” e que “é importante percorrê-lo: precisamos continuar com ações concretas por justiça e reconciliação”.
Representantes das comunidades indígenas manifestaram à Santa Sé o desejo de um encontro pessoal com o Papa, a fim de ouvir diretamente dele um pedido de desculpas.
Francisco se declarou disposto a aceitar.
Papa quer visitar indígenas no Canadá após escândalo das valas comuns em escolas
O boletim diário da Santa Sé publicado na manhã desta quarta-feira, 27, informa que “a Conferência Episcopal do Canadá convidou o Santo Padre a fazer uma viagem apostólica ao Canadá, também no contexto do longo processo pastoral de reconciliação com os povos indígenas. Sua Santidade indicou a sua disponibilidade para visitar o país, numa data a combinar”.
Quando as valas foram descobertas na metade deste ano, o Papa Francisco condenou com veemência o que descreveu como “modelo colonizador” adotado no Canadá.
A viagem de Francisco ao Canadá seria a sua primeira visita ao país. Ele já esteve nos Estados Unidos em 2015 e no México em 2016.
Reações violentas
Em contraposição à postura de responsabilização e reconciliação apresentada pela Igreja Católica, manifestantes radicais reagiram com violência no Canadá, promovendo uma onda de ataques contra igrejas em todo o país.
Fonte: Aleteia (https://pt.aleteia.org/)
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