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Redação (30/10/2021 15:32, Gaudium Press) A presença de símbolos permeia o dia-a-dia de qualquer um de nós; sejam eles de conveniência, organização, cultura ou religião, sempre estão a nos acompanhar.
Por exemplo, no cerimonial litúrgico da Igreja Católica todos os gestos e atitudes parecem ter mais que uma ‘dimensão’ – alfaias que variam em coloração de acordo com o tempo litúrgico ou celebração, introdução de incenso para as Missas mais solenes, inclinações e gestos feitos pelos Sacerdotes, entre outros.
Espíritos pragmáticos poderiam objetar contra o uso destes elementos simbólicos; afinal de contas, qual é a utilidade do que não tem função prática? Ademais, todos esses símbolos não obscurecem o significado real das coisas atrás de seu véu tamisado?
Elemento de grande valia e utilidade
O sinal, conforme nos ensina Santo Agostinho, é uma coisa que leva ao conhecimento de outra diferente de si – aliud videtur et aliud intelligitur.[1] Ele nos ajuda a entender as realidades nebulosas e/ou escondidas através da relação e analogia que possui com estas. Assim, vendo o rastro de um animal, sabemos ter ele passado por determinado lugar; ao vermos fumaça, imediatamente a correlacionamos ao fogo.
E a simbologia torna-se um elemento de grande valia e utilidade na vida do ser humano quando ele sabe se utilizar bem dela. Destarte, os símbolos contidos na Liturgia são um agente utilizado pela Igreja para nos fazer atentar às coisas mais altas, elevando nossas almas a Deus.
Em seu agir, Deus não contraria as leis que foram postas por Ele mesmo em nós. Dessa maneira, não faz senão tratar o homem a modo de homem: constituído de corpo e alma, é necessário aperfeiçoar seu conhecimento espiritual por meio das coisas sensíveis e materiais. O uso constante de metáforas em nossa linguagem prova isso. Com efeito, todos nós já experimentamos o quanto, muitas vezes, uma realidade difícil de compreender torna-se muito mais acessível quando acompanhada de uma metáfora que a ilustre.
Portanto, afirma São Tomás de Aquino que a Sabedoria divina provê a cada um segundo seu modo de ser, quanto ao homem é facultado chegar às realidades sobrenaturais mediante as sensíveis, notadamente através dos símbolos.[2]
Por Jerome Sequeira Vaz
[1] Do latim: Vê-se uma coisa e entende-se outra.
[2] Cf. S. Th. III, q.60, a.7, co.
Fonte: https://gaudiumpress.org/
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