Capa: Fragmento de um ícone de meados de século XVII atribuída a Emanuel lombardos |
Um Monge da Igreja do Oriente
AMOR SEM LIMITES
Tradução para o português:
Pe. André Sperandio
Ecclesia |
3. Mas, eu sei que te conheço
Meu filho, tu não sabes quem és. Tu não te conheces ainda.
Quero dizer: não te conheceste, verdadeiramente, como o objeto de meu amor que és. Por conseguuinte, não conheceste o que tu és em mim, e todas as possibilidades que há em ti.
Desperta-te deste sonho, deste pesadelo. Em certos momentos de sinceridade tú só enxergas em ti mesmo os fracassos e as faltas, as quedas e as manchas, quem sabe, os crimes. Mas, tu não és nada disso. Este não é o teu "eu" verdadeiro, o teu "eu" mais profundo.
Sob tudo isso, por detrás de tudo isso, sob o teu pecado, por detrás de todas as tuas transgressões e de todos os teus defeitos e faltas, eu vejo a ti, verdadeiramente.
Vejo-te e te amo. É a ti mesmo que eu amo. Não ao mal que tu fazes. Esse mal que não se pode ignorar nem negar ou atenuar. Pode ser branco ou negro?
Mas, por debaixo, há uma profundidade maior, vejo outra coisa que ainda vive.
As máscaras que usas, os disfarces que vestes, podem dissimular-te aos olhos de outros, inclusive aos teus próprios olhos, mas não podem esconder-te diante de mim. Sigo-te até mesmo lá onde jamais alguém ousou te seguir.
Esse olhar ... teu olhar que não é límpido, e essa tua avidez febril, cheia de desejos pelo que te parece intenso, e todas as tuas precárias convulsões, a dureza e a avareza do teu coração... tudo isso eu percebo como estando separado de ti... eu separo tudo isso de ti e lanço todas essas coisas para bem longe de ti.
Escuta bem... ninguém te compreeende verdadeiramente. Eu, porém, te compreeendo. Poderia dizer de ti coisas tão grandiosas e tão belas! poderia dize-las de ti: não desse "tu" que o poder das trevas frequentemente descarrilha, mas do "tu", tal como desejarias que fosses, do "tu" que permanece em meu pensamento e intenção de amor; do "tu" que pode ainda fazer-se visível.
Torna-te visível o que tu és em meu pensamento. Sê a última realidade de ti mesmo. Torna ativa toda a potência que depositei em ti.
Não há em nenhum homem, em nenhuma mulher, qualquer possibilidade de beleza interior e de bondade que não esteja também em ti. Não há nenhum dom divino ao que não possas aspirar. E tu os receberás todos juntos se amas comigo e em mim.
Seja o que for que tenhas feito em teu passado, sou eu o que rompe as ataduras. E se quebro os grilhões, o que ou quem pode te impedir de te levantar e andar?
4. Uma nova criação
Meu filho, não esperes por uma nova revelação. Não te falarei mais que das coisas que desde o princípio tem sido ditas. O que poderia ser novo é uma especial atenção a certos aspectos da verdade eterna.
Tempos virão em que a profundeza do amor fará um chamado que será irresistível à piedade de muitos. Descobrirão o amor, o Senhor-amor, o amor universal, sem limites. Não será uma mensagem nova, uma nova revelação. Mas aqueles que se abrirem a esta visão, colocando nela todo o seu coração, irão me ajudar a formar os novos céus e a nova terra pelos quais não me canso de trabalhar.
Assim, a descoberta do amor, a recepção em nós do amor infinito, vai ser uma nova criação. O amor, em cada instante, quer em vocês mais amor.
® NARCEA, S.A. EDIÇÕES
Dr. Federico Rubio e Galí, 9. 28039 - Madrid
® EDITIONS ET LIBRAIRIE DE CHEVETOGNE Bélgica
Título original: Amour sans limite
Tradução (para o espanhol): CARLOS CASTRO CUBELLS
Tradução para o português: Pe. André Sperandio
Capa: Fragmento de um ícone de meados de século XVII atribuída a Emanuel lombardos
ISBN: 84-277-0758-4
Depósito Legal: M-26455-1987
Impressão: Notigraf, S. A. San Dalmácio, 8. 28021 - Madrid
Fonte: https://www.ecclesia.org.br/
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