Crianças do lado de fora de uma cabana em um acampamento para deslocados internos (DIs) nos arredores da cidade de Marib, Iêmen, 20 de outubro de 2021. REUTERS / Nabil al-Awzari |
Segundo a organização, apesar de alguns avanços, os
resultados não estão à altura dos grandes desafios globais: crises climáticas,
conflitos e pandemias. Das palavras, é preciso passar urgentemente às ações.
A Cúpula do G20 deu alguns
passos em direção a um mundo mais justo, saudável e verde para as gerações
atuais e futuras, mas os resultados não corresponderam às grandes expectativas
de um mundo onde milhões de crianças ainda precisam enfrentar uma crise tripla:
a Covid, a crise climática e conflitos, que ameaça reverter décadas de
progresso na luta contra a pobreza e a desigualdade. Muito pouco
progresso tangível em um G20 que deveria ter tratado das questões financeiras
mais urgentes e onde o apoio para garantir que as economias nacionais em dificuldade
tenham recursos suficientes para investir no futuro das próximas gerações ficou
limitado a palavras.
A avaliação sobre a Cúpula do
G20 concluída no domingo, 31, em Roma, é da organização internacional Save
the Children, que há mais de 100 anos luta para salvar crianças em risco e
garantir-lhes um futuro.
O compromisso global para a
contribuição voluntária de 100 bilhões de dólares para os países mais
necessitados é certamente um ponto de partida - sublinha Save the Children -
mas é necessário que o G20 responda à urgência da situação, alcançando o
resultado em 2021 e anunciando uma nova alocação de fundos para 2022.
No que diz respeito ao tema do
financiamento ao desenvolvimento, os resultados do G20 refletem compromissos
gerais e já acordados, enquanto permanecem pendentes ações concretas para
acelerar e aprofundar o cancelamento da dívida para os países que se
encontrarem diante de uma decisão impossível entre quitar dívidas e investir em
setores cruciais para as crianças, como saúde, nutrição, educação e proteção
social.
Saudamos os compromissos do
G20 para contribuir ao avanço em direção às metas globais de vacinar pelo menos
40% da população mundial até o final de 2021 e 70% até meados de 2022, conforme
recomendado pela OMS, e para apoiar a capacidade de produção nos países de
renda média-baixa. No entanto, não foi fornecido um cronograma claro para a
entrega das doses.
Os países do G20 também não se
comprometeram com nenhum novo compartilhamento de doses de vacina ou novo
financiamento para o ACT-Accelerator, demonstrando mais uma vez que sua
promessa de solidariedade global permanece uma promessa.
É importante lembrar que,
atualmente, apenas 14% das doses prometidas chegaram a países de baixa e média
renda. Ninguém está seguro até que todos o estivermos, e sem uma forte vontade
política que leve a ações concretas sobre o compartilhamento de vacinas,
financiamento justo e um aumento em seu fornecimento, o mundo não conseguirá
acabar com esta pandemia e proteger o futuro.
Deve ser destacada, por outro
lado, o apoio do G20 para fortalecer o papel de liderança e coordenação da OMS.
O estabelecimento de uma força-tarefa conjunta de finanças-saúde para
fortalecer as relações saúde-finanças e melhorar a capacidade de mobilização de
recursos é uma boa notícia, no entanto, a organização enfatiza que qualquer
instituição adicional precisará cumprir seu mandato dentro da arquitetura
sanitária global.
Sobre o tema da educação, é
importante o reconhecimento por parte do G20 da educação como ferramenta
fundamental para uma recuperação econômica inclusiva e sustentável e os
compromissos de garantir o acesso a uma educação de qualidade para todos, com
particular atenção às mulheres, às jovens e aos estudantes mais vulneráveis e de tornar os
sistemas educativos inclusivo, flexível e resilientes. No entanto, também neste
caso, essas reivindicações devem ser apoiadas com compromissos financeiros e
ações concretas para que o direito à educação seja efetivamente garantido a
todas as crianças.
A Save the Children destaca
ainda o compromisso com a igualdade de gênero, o papel fundamental reconhecido
da emancipação das jovens e o compromisso do G20 em garantir a igualdade de
acesso à educação e às oportunidades, inclusive no setor STEM, bem como o
combate aos estereótipos de gênero.
Sobre a crise climática,
apesar das posições divergentes dos países do G20 sobre como lidar com ela, o
importante acordo foi alcançado para dar continuidade aos esforços para limitar
o aquecimento global a 1,5° C acima do nível pré-industrial e ademais foi
reafirmado o compromisso assumido pelos países desenvolvidos para atingir a
meta de mobilizar US$ 100 bilhões a cada ano em apoio aos países em
desenvolvimento.
Esta é uma mensagem encorajadora dos países do G20,
responsáveis por quase 80% das emissões globais, especialmente
tendo em vista a COP26 que iniciou no domingo, 31. Ações rápidas, ambiciosas e
concretas terão de ser tomadas em Glasgow para atingir esse objetivo e aumentar
o financiamento climático para apoiar os países mais pobres. Vamos esperar que
essas palavras se tornem realidade concreta.
Fonte: https://www.vaticannews.va/
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