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quarta-feira, 3 de novembro de 2021

G20: Save the Children, ainda há um longo caminho a percorrer para um mundo mais justo, saudável e verde para as crianças

Crianças do lado de fora de uma cabana em um
acampamento para deslocados internos (DIs) nos arredores da
cidade de Marib, Iêmen, 20 de outubro de 2021.
REUTERS / Nabil al-Awzari 

Segundo a organização, apesar de alguns avanços, os resultados não estão à altura dos grandes desafios globais: crises climáticas, conflitos e pandemias. Das palavras, é preciso passar urgentemente às ações.

A Cúpula do G20 deu alguns passos em direção a um mundo mais justo, saudável e verde para as gerações atuais e futuras, mas os resultados não corresponderam às grandes expectativas de um mundo onde milhões de crianças ainda precisam enfrentar uma crise tripla: a Covid, a crise climática e conflitos, que ameaça reverter décadas de progresso na luta contra a pobreza e a desigualdade.  Muito pouco progresso tangível em um G20 que deveria ter tratado das questões financeiras mais urgentes e onde o apoio para garantir que as economias nacionais em dificuldade tenham recursos suficientes para investir no futuro das próximas gerações ficou limitado a palavras.

A avaliação sobre a Cúpula do G20 concluída no domingo, 31, em Roma, é da organização internacional Save the Children, que há mais de 100 anos luta para salvar crianças em risco e garantir-lhes um futuro.

O compromisso global para a contribuição voluntária de 100 bilhões de dólares para os países mais necessitados é certamente um ponto de partida - sublinha Save the Children - mas é necessário que o G20 responda à urgência da situação, alcançando o resultado em 2021 e anunciando uma nova alocação de fundos para 2022.

No que diz respeito ao tema do financiamento ao desenvolvimento, os resultados do G20 refletem compromissos gerais e já acordados, enquanto permanecem pendentes ações concretas para acelerar e aprofundar o cancelamento da dívida para os países que se encontrarem diante de uma decisão impossível entre quitar dívidas e investir em setores cruciais para as crianças, como saúde, nutrição, educação e proteção social.

Saudamos os compromissos do G20 para contribuir ao avanço em direção às metas globais de vacinar pelo menos 40% da população mundial até o final de 2021 e 70% até meados de 2022, conforme recomendado pela OMS, e para apoiar a capacidade de produção nos países de renda média-baixa. No entanto, não foi fornecido um cronograma claro para a entrega das doses.

Os países do G20 também não se comprometeram com nenhum novo compartilhamento de doses de vacina ou novo financiamento para o ACT-Accelerator, demonstrando mais uma vez que sua promessa de solidariedade global permanece uma promessa.

É importante lembrar que, atualmente, apenas 14% das doses prometidas chegaram a países de baixa e média renda. Ninguém está seguro até que todos o estivermos, e sem uma forte vontade política que leve a ações concretas sobre o compartilhamento de vacinas, financiamento justo e um aumento em seu fornecimento, o mundo não conseguirá acabar com esta pandemia e proteger o futuro.

Deve ser destacada, por outro lado, o apoio do G20 para fortalecer o papel de liderança e coordenação da OMS. O estabelecimento de uma força-tarefa conjunta de finanças-saúde para fortalecer as relações saúde-finanças e melhorar a capacidade de mobilização de recursos é uma boa notícia, no entanto, a organização enfatiza que qualquer instituição adicional precisará cumprir seu mandato dentro da arquitetura sanitária global.

Sobre o tema da educação, é importante o reconhecimento por parte do G20 da educação como ferramenta fundamental para uma recuperação econômica inclusiva e sustentável e os compromissos de garantir o acesso a uma educação de qualidade para todos, com particular atenção às mulheres, às jovens e aos estudantes mais vulneráveis ​​e de tornar os sistemas educativos inclusivo, flexível e resilientes. No entanto, também neste caso, essas reivindicações devem ser apoiadas com compromissos financeiros e ações concretas para que o direito à educação seja efetivamente garantido a todas as crianças.

Save the Children destaca ainda o compromisso com a igualdade de gênero, o papel fundamental reconhecido da emancipação das jovens e o compromisso do G20 em garantir a igualdade de acesso à educação e às oportunidades, inclusive no setor STEM, bem como o combate aos estereótipos de gênero.

Sobre a crise climática, apesar das posições divergentes dos países do G20 sobre como lidar com ela, o importante acordo foi alcançado para dar continuidade aos esforços para limitar o aquecimento global a 1,5° C acima do nível pré-industrial e ademais foi reafirmado o compromisso assumido pelos países desenvolvidos para atingir a meta de mobilizar US$ 100 bilhões a cada ano em apoio aos países em desenvolvimento.

Esta é uma mensagem encorajadora dos países do G20, responsáveis ​​por quase 80% das emissões globais, especialmente tendo em vista a COP26 que iniciou no domingo, 31. Ações rápidas, ambiciosas e concretas terão de ser tomadas em Glasgow para atingir esse objetivo e aumentar o financiamento climático para apoiar os países mais pobres. Vamos esperar que essas palavras se tornem realidade concreta.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF