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Quando a lei nº 9.315, de 20/11/1996, inscrevia o nome de Zumbi dos Palmares no Livro dos Heróis da Pátria, que se encontra no Panteão da Liberdade e Democracia, nossa história reconhecia a emergência da justiça racial e da legitimidade da luta por direitos iguais. O sonho do Quilombo de Palmares continua acalentando sonhos de esperança de dignidade e equidade social para os 54% da população brasileira.
As seqüelas da escravidão se perpetuam no que o filósofo Silvio Almeida tem chamado de racismo estrutural, mentalidade discriminatória velada, que sustenta as injustiças sociais e culturais que continuam marginalizando o povo negro. “Sou pessoa humana e nada do que humano me é alheio” afirmava o poeta Terêncio, na antiguidade.
Posso dizer, e afirmar na mesma linha, que sou cristão e repúdio com total determinação toda tentativa de desprezar ou inferiorizar qualquer ser humano em razão de cor de pele, raça, etnia, credo ou filosofia. Mas, não basta a indignação ou o protesto silencioso, torna-se necessário o testemunho inequívoco que desaprovamos e não permitimos comportamentos racistas, uma vez que ofendem a toda humanidade.
Mais, como Igreja apresentamos a Boa Nova da Pastoral Afro-Brasileira, como espaço de evangelização, espiritualidade, e promoção humana integral, formando agentes de pastoral conscientes e lúcidos da importância de servirem ao seu povo na libertação e comunhão plenas. Entendemos que toda cultura chega, como afirma o documento de Santo Domingo, ao seu Pentecostes quando pode expressar a sua fé, suas práticas de espiritualidade, de convivência social e artística a partir das suas raízes e do seu próprio poço.
A pandemia, que uniu a humanidade inteira no sofrimento e na fragilidade, deveria ensinar-nos a deixar para trás toda ideologia absurda como o racismo, que envilece e degrada a nobreza da humanidade. Com Cristo anunciamos um Reino Universal de fraternidade sem exclusão e discriminações odiosas, assumindo a justiça restauradora para todas as pessoas e criaturas. Louvado seja Deus!
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