O Beato Bispo Scalabrini, o anúncio do Ano Extraordinário Scalabriniano |
No domingo, 7 de novembro iniciou o Ano Scalabriniano que
terá sua conclusão no dia 9 de novembro de 2022, dia do 25º aniversário da
beatificação de João Batista Scalabrini. O tema principal das iniciativas nos
diferentes continentes será: "Fazer do mundo a pátria do homem". A
vice-postuladora, Ir. Lina Guzzo explica o significado da celebração que
pretende chamar a atenção aos migrantes vivida pelo fundador e hoje
testemunhada por toda a Família Scalabriniana.
Adriana Masotti – Vatican News
João Batista Scalabrini foi
proclamado Beato por São João Paulo II em 9 de novembro de 1997. Nasceu em 8 de
julho de 1839 e faleceu em 1º de junho de 1905. Foi bispo da diocese de
Piacenza-Bobbio e fundador de duas Congregações: os Missionários e as Irmãs
Missionárias de São Carlos Borromeu, mais conhecidas como Scalabrinianos e
Scalabrinianas, também foi inspirado nele o Instituto das Missionárias
Seculares Scalabrinianas, lançado em 1961. Toda a Família Scalabriniana se
empenhará a partir de hoje em um Ano de iniciativas especiais para celebrar os
25 anos de sua beatificação, mas ainda mais para difundir seu pensamento e sua
obra especialmente em favor dos migrantes, segundo as palavras de Jesus:
"Era forasteiro e me recolhestes".
Scalabrini
tornou-se tudo em todos
São significativas as palavras
com as quais o Papa Wojtyła apresentou o novo beato aos fiéis: "
“Profundamente atraído por Deus e de modo extraordinário devoto da Eucaristia,
soube transformar a contemplação de Deus e do seu mistério numa intensa ação
apostólica e missionária, tornando- se tudo em todos para anunciar o Evangelho.
Esta sua fervorosa paixão pelo Reino de Deus tornou-o zeloso na catequese, nas
atividades pastorais e na ação caritativa, sobretudo em benefício dos mais
necessitados”. O Ano que se abre hoje é para sua Família sobretudo um convite
para seguir seus passos, para contar sua paixão pelos migrantes, para que
outros possam sentir a mesma paixão e intervir, em todos os níveis, na Igreja e
na sociedade, para encorajar o acolhimento daqueles que estão longe de sua
pátria.
Irmã Lina Guzzo:
todos têm direito a uma vida melhor
A Irmã Scalabriniana Lina
Guzzo, de origem vêneta, é vice-postuladora da Congregação das Irmãs
Missionárias para a causa de canonização do Beato Scalabrini. Na entrevista
Irmã Lina falou-nos sobre o significado deste Ano, o carisma do Beato
Scalabrini, sua atenção especial pelos migrantes que continua através da
Família Scalabriniana:
Irmã Lina, João Batista
Scalabrini é reconhecido como uma testemunha exemplar do amor a Deus e a seus
irmãos. A senhora poderia nos falar sobre o coração de seu carisma?
Scalabrini é o homem da paz, o
homem que observa a realidade das pessoas no presente; um homem da Igreja, um
homem de questões sociais, muito sensível. Dele recebemos este carisma que é o
de dar atenção à pessoa, desde o nascimento até a morte. Inicialmente era bispo
da diocese de Piacenza, mas um bispo universal porque abraçou o mundo, estava
interessado em vários aspectos: das trabalhadoras rurais, dos surdos-mudos, dos
migrantes e da fé destas pessoas. Em uma palavra, este homem era
"poliédrico", ou seja, aberto a tudo, mas acima de tudo a todos.
Celebrar um ano dedicado a um
fundador não se trata apenas de recordar. Como vocês pretendem vivê-lo?
Como Scalabrinanas, pensamos
que Scalabrini é uma figura que deveria ser mais conhecida no mundo, ele se
dirigiu em particular aos migrantes e refugiados, mas o mundo deve sentir que
este homem é um pai atento destas pessoas. Assim, este ano, através de vários
eventos, queremos recordar o cristão, o bispo, o homem que estava atento às
questões sociais, aquele que não esperava que outros fizessem algo, que
denunciou uma situação, mas depois arregaçou as mangas. Queremos que ele seja
reconhecido como pastor, pai dos migrantes e apóstolo do catecismo, e por isso
estamos desenvolvendo diversas atividades não só na Itália, mas em todos os
cinco continentes onde vivemos, envolvendo sobretudo as Igrejas locais, as
paróquias, as missões e todos aqueles que vivem a situação dos movimentos
migratórios, mas que devem senti-los com aquela força que Scalabrini tinha no
final do século XIX e início do século XX. Assim, gostaríamos de testemunhar e
proclamar tudo isso e levar à sua devoção, de fato, gostaríamos que ele fosse
reconhecido como santo, que fosse canonizado em um momento tão particular de
migrações como o atual.
O tema deste ano especial é:
"Fazer do mundo a pátria do homem", sabemos quantas pessoas estão à
procura de uma nova pátria. O Beato Scalabrini tinha tentado dar uma resposta a
este problema....
Sim, é um tema muito forte. Em outros momentos ele disse
que para o pobre "a pátria é a terra que lhe dá o pão". Nós nos
perguntamos: quando as pessoas vão pensar que, para comer, para não morrer de
fome, as fronteiras devem cair? Quando chegaremos a dizer: eu tenho o direito
de me mudar para viver uma vida pacífica, uma vida melhor e dizer que onde eu
encontrar pão, posso ser sereno e livre para rezar, livre para encontrar o que
minha família precisa e para viver em sociedade com um emprego? Este é o forte
sentido de "Fazer do mundo a pátria do homem", que é uma liberdade
que é um sonho para aqueles que partem da África distante ou da Ásia distante
para chegar à Europa arriscando-se: arriscando-se no deserto, arriscando-se nas
prisões, atravessando o mar, arriscando-se depois para chegar aos países ricos
e não para encontrar uma acolhida humana, onde a pessoa possa se sentir livre
para expressar o que vive sempre respeitando as leis, é claro.
Fonte: https://www.vaticannews.va/
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