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terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Carta aos esposos, Gambino: magistério de um pai afetuoso

O Papa com um casal de esposos durante a Audiência Geral na
Sala Paulo VI   (Vatican Media)

As famílias, um bem para a Igreja, e o matrimônio, um lugar da Graça de Deus a ser transmitido aos jovens. A subsecretária do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Gabriella Gambino, nos leva a rever o Ano da Família Amoris laetitia e a marcar o percurso para o Encontro Mundial de Roma, em 2022.

Gabriella Ceraso e Alessandro De Carolis – Vatican News

"Um presente de Natal para vocês esposos, um incentivo, um sinal de proximidade e uma ocasião para meditar." Foi assim que o Papa Francisco apresentou, no domingo (26/12), Festa da Sagrada Família de Nazaré, sua Carta aos Esposos, um texto divulgado um ano após 27 de dezembro de 2020, quando no Angelus o Pontífice anunciou o Ano dedicado à "Família Amoris laetitia". Um percurso rico de frutos e marcado pela "ternura de um pai" que se renova num "texto do magistério", segundo a subsecretária do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Gabriella Gambino.

Em sua carta aos esposos, que ele enviou de presente, o Papa Francisco revê, como um pai, aspectos e etapas da vida familiar, sem esquecer os jovens casais que se preparam para o casamento. O que lhe chama a atenção nesta mensagem?

Gambino: A ternura de seu tom, o carinho que ele quis expressar às famílias num momento tão complexo, ainda dominado pela pandemia. Hoje, existem muitas famílias passando por crises e dificuldades de todo tipo, para as quais o Papa dirige seu olhar de pai. Mas, estou particularmente comovida com a atenção que ele dedica ao Sacramento do Matrimônio. A beleza deste dom, tão difícil de ser compreendido pelos jovens de hoje, está na presença de Cristo, que mora nas famílias, no meio de nossa vida diária. Com extraordinária delicadeza, o Papa entra em nossa vida cotidiana, nas dinâmicas da família, quase nos levando pela mão para nos encorajar e não nos fazer sentir sozinhos neste caminho. Ele exorta os jovens a se casarem, a confiarem na graça que investe os esposos, que os sustenta ao longo de suas vidas na aventura do matrimônio, mesmo em meio a tempestades. O Papa nos lembra que "como cristãos, não podemos renunciar de apresentar aos jovens o ideal do matrimônio, ou seja, o projeto de Deus em toda sua grandeza. Não o fazer seria uma falta de amor da Igreja para com os jovens. Compreender as situações excepcionais não implica jamais esconder a luz do ideal mais pleno, nem propor menos de quanto Jesus oferece ao ser humano". O Santo Padre nos lembra disso na Amoris laetitia. (AL 307)

A Carta aos esposos chega exatamente um ano após 27 de dezembro de 2020, quando o Papa anunciou no Angelus o Ano dedicado à "Família Amoris laetitia", cinco anos após a publicação da Exortação Apostólica. Na sua opinião o que foi colocado em movimento com esse anúncio?

Gambino: Foi posto em marcha o cuidado pastoral das famílias de todo o mundo. Após cinco anos de reflexão e confrontos doutrinais, passou-se para a ação e o nosso Dicastério, incentivado pelo Santo Padre, elaborou muitos instrumentos pastorais para ajudar as dioceses e as conferências episcopais a traduzirem a exortação em ação e criatividade pastoral. Também em vista do Encontro Mundial, que se realizará daqui a seis meses, esta Carta do Papa aos esposos é um texto de magistério muito importante sobre a família, que as paróquias e dioceses poderão utilizar para preparar as famílias para o Encontro, para refletir com as famílias sobre o que é a família e como hoje, em meio a tantas dificuldades, como disse São João Paulo II, ela pode se tornar ela mesma! Convido as comunidades e paróquias a lê-la e meditá-la nas casas, sugerindo-a e distribuindo-a aos casais em todo o mundo.

Na sua opinião, quais foram os frutos mais bonitos deste ano?

Gambino: Sem dúvida, em geral, eu diria as muitas iniciativas que o mundo está dando a conhecer ao nosso Dicastério, e todas aquelas que não chegam até nós, desde que o Papa nos deu esse impulso. Tantas paróquias, dioceses, conferências episcopais, até mesmo escolas e universidades nos escrevem para nos dizer o que estão fazendo em resposta ao apelo do Santo Padre para acompanhar as famílias, os casais, as situações mais frágeis, as novas uniões, nas quais se buscam o Senhor. Um processo de criatividade pastoral foi posto em marcha, que também está levando a uma maior comunhão, em muitos contextos, entre pastores e famílias, a fim de aprender a ouvir reciprocamente, valorizando o papel das famílias e dos esposos na Igreja. Não é fácil, mas em todos os lugares se vê o desejo de tentar entender como caminhar junto e também de acompanhar as situações mais difíceis, aquelas que antes eram deixadas um pouco de lado. As famílias são realmente um bem para a Igreja, mas esta afirmação em muitos contextos ainda precisamos entender como colocá-la em prática.

O ano dedicado à família se concluirá em junho próximo, quando o Encontro Mundial das Famílias será celebrado em Roma. Neste domingo, o Papa convidou a todos a prepará-lo bem para vivê-lo bem. Como a preparação deste evento e o encontro se entrelaçam com o caminho sinodal aberto por Francisco na Igreja?

Gambino: Amoris laetitia, o fio condutor que nos leva ao Encontro Mundial, nos pede para fazer um discernimento sobre o estilo e a maneira como se realiza o nosso serviço pastoral, que o Santo Padre agora nos convida a enquadrar neste caminho sinodal da Igreja através da comunhão, da participação e da missão de cada componente do Povo de Deus, incluindo as famílias. Pastores e famílias juntos, sob a orientação do Espírito. Mas como fazer isso? Seria interessante, por exemplo, neste tempo de caminho sinodal e ao mesmo tempo de preparação para o Encontro Mundial, tentar combinar o processo de discernimento eclesial a partir da relação Igreja-família, fazendo-nos perguntas um pouco diferentes daquelas a que estamos acostumados. Por exemplo, como a família pode ajudar a Igreja a ser mais sinodal? O que a Igreja pode aprender do modo "familiar" de discernir, ouvir e acolher? O que a Igreja pode aprender da maneira como pais, filhos e irmãos procuram se amar com suas fragilidades, vulnerabilidades, conflitos e pontos de vista diferentes? Estas e outras perguntas poderiam abrir um novo modo de pensar a pastoral, um estilo diferente, uma comunhão mais concreta entre as famílias e a Igreja. Não só isso, mas iniciariam um novo processo de discernimento que, depois da conclusão do Ano da Família com o Encontro Mundial, poderia continuar pelo menos até o Sínodo, continuando a estimular a pastoral familiar em todo o mundo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF