Philippe Lissac / Godong |
Existem técnicas que nos permitem desprogramar conexão cerebral que garantiu a sobrevivência da espécie humana; rezar e meditar nos ajudam a atingir o equilíbrio.
Não bastassem as contas a pagar, a crise econômica, as responsabilidades e as batalhas travadas no dia a dia, ainda chegou um vírus que nos fez, ainda que em uma esfera inconsciente, temer pelas nossas vidas. A depressão e a ansiedade, que já eram previstas como “O Mal do Século” pela Organização Mundial de Saúde, anos antes da chegada do novo coronavírus, foram alavancadas pela crise sanitária, assim como burnout, entre outros distúrbios do humor.
O cérebro humano, talvez a mais complexa criação divina, com bilhões de neurônios, opera por meio de frequências e circuitos que tendem a estabelecer padrões arraigados. É o que em neurociências costuma se chamar default mode network, ou rede do modo padrão, em português. E o clima de instabilidade atual reforçaria uma rede de funcionamento cerebral que acabamos aceitando como padrão, mas que na verdade nos traz prejuízos psicológicos. E é possível funcionar além dela.
Sobrevivência
É a rede do modo ameaça, que garantiu a sobrevivência de nossos antepassados em períodos arcaicos e condições insalubres e nos trouxeram até aqui enquanto espécie. Uma herança de nossos ancestrais que atravessaram e sobreviveram a cenários ainda mais desafiadores do que o atual.
O modo ameaça é aquele em que estamos sempre prontos para lutar ou fugir, o que garantiu a sobrevivência do homem da floresta. Mas, como noticiamos anteriormente, um estudo do departamento de psicologia da Universidade da Pensilvânia demonstrou que 91,4% das nossas preocupações nunca se materializam. O que significa que passamos a maior parte do tempo combatendo inimigos imaginários, ansiosos mediante a necessidade de lutar ou correr, porém no momento histórico atual, tais ameaças dificilmente se fazem reais. É como se tivéssemos empacado no modo ameaça.
Equilíbrio
Mas, como expõe um artigo da revista norte-americana Fast Company publicado na última semana, existem modos mais saudáveis e eficientes de se operar e encontrar o equilíbrio cabe apenas a cada um de nós. Como explica a psicóloga Nelisha Wickremasinghe, autora do livro Beyond Threat e fellow da Universidade de Oxford, nosso sistema nervoso parassimpático foi evolutivamente moldado para funcionar no modo ameaça.
O que gera reações pouco eficazes no dia a dia, como confusão mental, incerteza, negação e o excesso de pensamentos invasivos. Mas existem maneiras mais saudáveis para funcionar, como o modo drive, que é quando estamos motivados, e o modo seguro, o que é muito dificilmente estimulado na nossa sociedade, mas nos permite entrar em um estado mais reflexivo, de cuidado e bem estar, que é aquele em que tomamos decisões com mais clareza.
Pensamentos
A especialista explica que a única maneira de nos sobrepor ao modo ameaça é estando cientes dos nossos pensamentos e atentos ao seu reflexo deles no nosso corpo. A autora sugere colocar esses pensamentos em uma folha de papel, como método para materializá-los, e trabalhar com técnicas de respiração para acalmar.
Também são conhecidos os efeitos terapêuticos de meditação, técnicas de respiração, ou métodos de meditação ativa como yoga ou artes marciais. E a oração do Terço é uma excelente forma de colocar seu cérebro em um estado meditativo e contemplativo. Essas atividades têm o poder de nos centrar no presente, de nos acalmar a mente e nos ocupar do que é real. O que, por si, tem o efeito de nos fazer olhar para dentro, onde podemos observar nossos pensamentos e entender como direcioná-los. Muitas vezes, é só uma questão de observar aquele pensamento conflituoso chegar e ir embora com a mesma facilidade.
Espiritualidade
Basicamente, cabe a cada um encontrar o equilíbrio dentro de si, para o que também se faz necessário o contato com a espiritualidade. A fé nos ajuda a encontrar um centro, e a segurança que precisamos sentir para levar uma vida feliz. Mateus 11, 28: “Venham a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados e eu darei descanso a vocês”.
Fonte: https://pt.aleteia.org/
Nenhum comentário:
Postar um comentário