Em 2021, foram mortos no mundo 22 missionários, em 20 anos o número subiu para 536. |
Segundo dados da Agência Fides, a África infelizmente
lidera no mundo em termos do número de missionários mortos. A seguir, América,
Ásia e Europa. De 2000 a 2020, foram assassinados 536 missionários em todo o
mundo.
Isabella Piro/Mariangela
Jaguraba – Vatican News
São amargas as últimas páginas
de 2021, um ano que se encerra com o triste balanço de 22 missionários mortos
em todo o mundo. Trata-se de 13 sacerdotes, 1 religioso, 2 religiosas e 6
leigos, segundo o dossiê divulgado, nesta quinta-feira (30/12), pela Agência
Fides. O maior número de assassinatos ocorreu na África, onde 11 missionários
(7 sacerdotes, 2 religiosas e 2 leigos) foram assassinados. Segue a América,
com 7 missionários mortos (4 sacerdotes, 1 religioso e 2 leigos), depois a
Ásia, onde foram assassinados 3 missionários (1 sacerdote, 2 leigos), e a
Europa, onde foi morto 1 sacerdote. Como nos últimos anos, África e América se
confirmam no topo deste dramático ranking que, de 2000 a 2020, contou 536
missionários mortos em todo o mundo.
Testemunhas de
fé em contextos de violência e degradação
Os evangelizadores mortos não
eram engajados em obras extraordinárias, mas estavam simplesmente dando
testemunho de sua fé em contextos de violência, desigualdade social,
exploração, degradação moral e ambiental. Talvez eram simples párocos e foram
sequestrados, torturados e mortos por criminosos sem escrúpulos, gananciosos
por dinheiro, ou silenciados porque suas vozes incomodavam os poderosos.
Sacerdotes engajados nos trabalhos sociais e mortos por roubo, como no Haiti,
ou mortos por aqueles que estavam ajudando, como na Venezuela, onde um
religioso foi assassinado por ladrões na escola onde ensinava os jovens a
construírem um futuro; religiosas perseguidas e mortas a sangue frio por bandidos
no Sudão do Sul, como a irmã Mary Daniel Abut e irmã Regina Roba, da
Congregação do Sagrado Coração de Jesus.
Aumento de
assassinatos de leigos
Entre os missionários mortos
estão também os católicos engajados de alguma forma no trabalho pastoral, que
morreram de forma violenta, não expressamente "por ódio à fé". Está
aumentando o número de leigos, catequistas e outros agentes assassinados em
confrontos armados entre as comunidades. Aconteceu no Sudão do Sul, onde a
Diocese de Tombura-Yambo foi ensanguentada por uma guerra civil que vem
assolando todo o país há anos. Aconteceu no México, onde o italiano Michele
Colosio, 42 anos, coordenador de projetos para a educação de crianças nas áreas
rurais mais pobres, foi morto a tiros. "Temos que doar, temos que ajudar.
Temos que nos unir como um povo de irmãos, sem distinção de língua, fronteiras
ou cor da pele", dizia ele. Houve também a trágica morte no Peru de Nadia
De Munari, uma missionária leiga italiana da Operação Mato Grosso, agredida com
um facão durante um roubo, morta em 24 de abril.
O assassinato do
padre Olivier Maire
Violento o cenário em Mianmar,
onde o conflito civil tomou a forma de uma "atrocidade horrível e
desoladora", como o cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Yangon e
presidente da Conferência Episcopal, o definiu. Pelo menos 35 civis católicos
foram mortos no dia 24 de dezembro na aldeia de Mo So, incluindo mulheres e
crianças. Eles estavam fugindo de uma ofensiva do Exército e seus corpos foram
queimados. Na Europa, é difícil esquecer o assassinato na França do padre
Olivier Maire, superior provincial da Companhia de Maria (Monfortinos), morto
em 9 de agosto por um cidadão ruandês de quem ele cuidava há algum tempo.
"Os
cristãos não podem guardar o Senhor para si mesmos"
"Como cristãos, não podemos guardar o Senhor para
nós mesmos", escreveu o Papa Francisco em sua mensagem para o Dia Mundial
das Missões deste ano. "A missão evangelizadora da Igreja expressa seu
valor integral e público na transformação do mundo e no cuidado da criação. Um
mandato que os missionários mortos cumpriram até o fim, conscientes de que não
podiam deixar de testemunhar o Evangelho com a força de suas vidas doadas por
amor, lutando todos os dias, pacificamente, contra a prepotência, a violência e
a guerra.
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